Artigos › 18/09/2024

O perdão como premissa da paz

Um gesto que para muitos está fora de moda, mas que para Deus é a base do amor e da redenção.

É pouco provável que um católico, com um mínimo de formação espiritual, desconheça a importância do perdão como prática cristã. Já na oração do Pai Nosso, somos chamados a praticá-lo. E, de pronto, vou afirmar que não há amor sem perdão. Mas para que possamos realizar uma reflexão mais profunda, vou discorrer sobre o assunto.
O perdão é um processo mental e espiritual, que consiste em reverter o ressentimento ou a raiva contra outrem ou contra si mesmo, proveniente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou falhas. Também pode resultar no cessar a exigência de castigo ou restituição. É, normalmente, concedido sem qualquer expectativa de compensação, e pode ocorrer sem que o perdoado tome conhecimento.
O perdão é o ato de renúncia sentimental. É como uma purificação da alma. É um alívio pois deixamos de carregar mágoas. É sim importante para o ofensor, mas muito mais importante para quem perdoa. Vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor próprio daquele que ofende. Não impõe condições humilhantes, tampouco é motivado por orgulho ou vaidade. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras. Sem aplicar essa atitude diariamente, a sociedade se tornaria uma guerra que só findaria com a destruição da humanidade.

Exemplo de Jesus
Analisando por outro aspecto, perdoar os outros, quando eles nos fazem mal, faz parte da nossa gratidão a Deus por ter perdoado os nossos pecados através da morte de Jesus na cruz. Jesus, como Filho de Deus, dá a prova e exemplo de generosidade perdoando àqueles que o mataram. O perdão divino baseia-se, exclusivamente, no seu amor e na sua graça incondicional. Não é sobre merecimento, porque se fosse, não o teríamos. Somos convidados a imitar a Jesus, é um caminho para conhecer o seu amor. E ainda que não seja nada fácil, é de suma importância para o crescimento espiritual. Mas quero destacar que perdoar não significa se deixar continuar a ser ofendido ou agredido, devemos, sim, nos preservar nesse sentido também. Mas ao não “dar o troco” estamos contribuindo com o cessar do conflito, estamos dando nossa colaboração para a construção da paz.
Não podemos ser hipócritas esperando o perdão divino se não estamos oferecendo perdão àqueles que nos ofenderam. Estamos mergulhados na imperfeição do mundo. Estamos errando sempre, só nos resta buscar a evolução espiritual através desta prática. Também, para seguir em frente, precisamos ser perdoados por aqueles que falhamos, e que muitas vezes não percebemos o mal que estamos fazendo.

Pecado do orgulho
São Paulo escreve aos Colossenses 3,12-15, que perdoar as pessoas é uma demonstração poderosa de que as amamos. Como Deus é o Pai que nos ama, Ele quer perdoar os nossos pecados para restaurar as nossas relações com Ele. Assim como Deus nos oferece seu amor em forma de perdão, quer que amemos o nosso próximo, da mesma maneira. Buscando a reconciliação em que ambas as partes devem estar abertas para que isso aconteça.
Sem perdão, não há paz genuína. Como todos nós fazemos mal e nos magoamos uns aos outros, precisamos pedir perdão tanto quanto perdoar. Dizer que sentimos muito e pedir o perdão a quem ofendemos, às vezes, é mais difícil do que perdoar os que nos causaram mal porque somos tentados a cair no pecado do orgulho. Porém, se decidirmos fazer do perdão a nossa forma de vida, poderemos recorrer à ajuda de Deus Pai neste processo, e isto nos levará à paz. E Ele quer que todos usufruam.
Finalmente, perdoar os outros pelo que nos fizeram é um teste infalível da nossa fé. Deus é real e poderoso, então, Ele proverá nas pessoas que nele confiam a capacidade para viver o seu amor e o seu perdão.

HENRIQUE ALONSO
O autor, colaborador desta Revista, é fotógrafo, relações públicas e atua com comunicação organizacional
jh.alonso@hotmail.com

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