Artigos › 16/02/2024

A CURVA DA FELICIDADE EM TODAS AS IDADES

A felicidade é um estado que descreve os sentimentos de prazer e alegria das pessoas que gozam de boa saúde física e psicológica.

 

 

Originária do latim, a palavra felicidade significa ser fértil, frutuosa, aquilo que dá frutos, portanto alguém fecundo. Para Sócrates e os filósofos gregos, envolve o segredo de tudo, de quem está com “bons espíritos”.

Em todas as épocas, essa expressão também classifica o modelo de uma sociedade. As comunidades felizes apresentam baixos índices de doenças e criminalidade, são econômica e politicamente prósperas e, social e culturalmente avançadas.

Segundo alguns estudos, nas diferentes etapas da vida de uma pessoa, esse sentimento aparece em proporções diferentes. Em algumas num padrão alto e constante, enquanto que em outras, em níveis mais baixos, devido à insatisfação.

A antropóloga Mirian Goldenberg, pesquisou a população brasileira e descreveu a existência de uma “curva de felicidade”, com um padrão constante na infância e após os 60 anos, considerado os melhores momentos do ciclo vital. Para ela, ao contrário, na adultez e na meia idade a tendência das pessoas é de sentirem-se mais infelizes, insatisfeitas, deprimidas e sem tempo para si.

 

Pesquisas sobre a felicidade

O economista David Blanchflower, professor da universidade Dartmouth College, nos EUA, igualmente descreve uma “curva da felicidade” após os 50 anos, conforme pesquisa realizada em 134 países, inclusive no Brasil.

Suas conclusões apontam que a felicidade é mais presente próximo aos 20 anos, quando tudo é novidade. Ele considera que na meia idade as preocupações da vida adulta e as frustrações se reduzem, diferentemente da idade madura 50, 60 ou mais anos, quando a felicidade aumenta e é mais completa. Entretanto, no Brasil, segundo esse autor, a felicidade chega mais cedo, por volta dos 40 anos, abaixo da média mundial.

A justificativa encontrada pelos especialistas de diferentes disciplinas se deve às mudanças que o cérebro passa, quando a idade aumenta e as ambições diminuem e a necessidade de conexões pessoais cresce.

Porém, o autor não deixa de considerar que a “curva da felicidade” é o resultado de um padrão médio e não de uma regra fixa, porque é na individualidade de cada um que está a capacidade de promover a própria felicidade.

Na experiência com a clínica psicológica, percebe-se que essa lógica é verdadeira, uma vez que a felicidade pode estar presente ou ausente em qualquer fase do desenvolvimento de uma pessoa.

Aqueles que gozam de otimismo são felizes, apresentam indicadores altos de esperança e acreditam em novos tempos; manifestam amor nos envolvimentos com amigos, com a família e com o próximo; compartilham o seu melhor, expressam empatia, compaixão e fé; falam da saudade, mas também de boas recordações e acima de tudo se comprometem com o que fazem pelo seu futuro.

Por outro lado, a infelicidade tem sido um estado percebido nas crianças, adolescentes, adultos jovens e até nos que estão na meia idade e ou na maturidade.

 

Medicação

Nunca se medicou tanto, como na atualidade, não importa a idade. Os diferentes transtornos, como ansiedade, angústia, depressão, traumas, insônia, medo, fobias, síndrome do pânico, entre outros, contrariam a lógica de que existe uma curva da felicidade no início e no final da vida.

Entretanto, independentemente de existir essa curva ou não, o importante é acreditar que: cada um deve lutar para manter o máximo de otimismo; que elaborar a dor das perdas permite os recomeços; que evitar o isolamento auxilia a compreender de que somos humanos, porque são formas de caminhar para ser feliz, tanto em curvas com altos e baixos como, também, em linha reta.

O amor se aprende ao ser praticado em qualquer momento da vida, assim como reparar as limitações que os anos impõem. Lutar pela própria felicidade, buscando o melhor para si, sem esquecer-se dos demais, pode ser a maior batalha da existência.

E, aprender com a própria história evita a repetição dos mesmos erros.

Segundo o conde Leon de Tolstoi: “Quem está feliz, está certo”.

 

HELENA FINIMUNDI BALBINOTTI

A autora, colaboradora desta Revista, é Psicóloga
clínica, psicogerontóloga em Porto Alegre (RS)
balb@terra.com.br

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