Notícias › 24/06/2019

As quedas na vida são sinônimo de graça e lição

No capítulo nove de Atos dos Apóstolos, Lucas escreve sobre a conversão do perseguidor dos cristãos, chamado Saulo. Enquanto viajava para Damasco, tinha recomendação para aprisionar os seguidores no caminho: “Viu-se cercado por uma luz que vinha do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ Saulo perguntou: ‘Quem és tu, Senhor?’ A voz respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo’” (At 9, 3-5). Este en

contro pessoal com Jesus mudou até o nome dele, pois de Saulo passou a ser chamado de Paulo. De perseguidor, tornou-se um dos mais importantes missionários de todos os tempos. Mas não é sobre a história de Paulo que vou contar. É da experiência de José Carlos Ananias dos Santos, 51 anos, agricultor, residente em Longuinópolis, interior do município de Braganey (PR).

Em 1996, José Carlos era empregado em uma fazenda de criação bovina e uma de suas tarefas diárias consistia em conferir o rebanho, montado num cavalo. Certo dia, distante uns 3 km da sede da fazenda, o cavalo se assustou com algo e caiu sobre o cavaleiro. José permaneceu por alguns instantes com todo o peso do animal sobre seu corpo. Quando o cavalo se levantou, ele percebeu que não sentia mais suas pernas e ficou ali deitado, em meio ao matagal, por horas. Gritou muitas vezes por socorro, mas ninguém ouviu sua voz. Até que gritou para Deus: “Se o Senhor existe venha ao meu socorro”. Em um instante, levantou-se do lugar e foi caminhando até as proximidades da sede da fazenda. Ali caiu e não conseguiu mais se mexer. A funcionária da propriedade o encontrou caído e procurou ajuda. Ele foi levado para o hospital, onde constatou fratura na bacia.

TEMPO DE GRAÇA

Ele ficou cerca de seis meses em repouso em cima de uma cama. Sua esposa tinha a tarefa de alimentá-lo e cuidar da higiene pessoal. Com o passar do tempo, ela se revoltou com a situação e decidiu voltar para sua cidade natal, levando consigo o casal de filhos pequenos. “Esse foi um período em que me senti abandonado e ao mesmo tempo envolto em graça. Meus pais, irmãos e amigos se aproximaram de mim e me cuidaram. Recebi visitas de membros do grupo de jovens da comunidade. Senti a força da Palavra de Deus para superar tudo com paciência e voltar meu coração para Deus”.

Apesar de seus pais e familiares serem conhecedores da Palavra, através da Igreja Assembleia de Deus, José Carlos ainda não era ligado a nenhuma religiosidade. Com o acidente e todo o processo de recuperação, cuidados e visitas que recebeu, resolveu ingressar no grupo de jovens da comunidade católica. Com o tempo, recebeu a catequese para adultos e os sacramentos. Também ali no grupo encontrou uma jovem, Jandislene, e se casaram. Dessa união nasceram dois filhos, Junior e Maria. Um dos filhos do primeiro casamento se chama Paulo e, após a recuperação da saúde do pai, foi morar com ele. Recentemente, Paulo também casou com uma moça pertencente ao grupo de jovens da mesma comunidade.

Em 2002, José Carlos fez todas as etapas de preparação para ser Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão e, desde então, coloca à disposição da comunidade os dons que Deus lhe deu. “Sinto-me muito feliz nesse ministério. Faço o que gosto por amor a Deus e aos irmãos de comunidade. Sinto-me realizado por tudo o que tenho recebido. Hoje, vejo que tudo é graça de Deus”.

Na vida há muitas quedas que não se entende no momento, mas com o passar do tempo, à luz da fé, compreende-se que tudo é graça ou lição. Por isso, não desanime em suas fragilidades, dores e angústias. Pois Deus, na sua bondade e com a colaboração humana, é capaz de realizar um grande bem, inclusive a partir das quedas humanas. E a vida continua!

 

ERRATA. No mês passado publicamos o texto do José Carlos com fotos de outra família. Pedimos nossas mais sinceras desculpas pelo ocorrido. Segue o texto com as fotos corretas.

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