Artigos › 02/12/2021

VOCÊ CUIDA DA SUA SAÚDE MENTAL?

VOCÊ CUIDA DA SUA SAÚDE MENTAL?

Se tem algo que a pandemia nos permitiu entender, é o quanto a nossasaúde mental merece cuidado e atenção.

 

 

Vivemos em um mundo frenético, que nos impulsiona a ser produtivos, acelerados e conectados e, muitas vezes, desacelerar não cabe em nosso modo de vida, há sempre algo por fazer. Anterior à pandemia, já vivenciávamos um processo de exaustão mental e esgotamento social.

Nos últimos 20 anos, conforme alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS), já vivenciávamos a “epidemia da depressão”, evidenciada pela procura e aumento significativo do uso de medicações. Essa necessidade de vivermos de forma “acelerada”, a chamada dessincronização do tempo, ou seja, o tempo que se esgota, as atividades que não cabem nas 24 horas, associado à sobrecarga de trabalho, excesso de informação, desgaste gerado por disputas narrativas e o apelo midiático, vêm levando à exaustão, adoecimento e esgotamento da população.

 

Patologia do Vazio

A sensação do vazio ou a “patologia do vazio” é um sentimento de não preenchimento, de não se sentir feliz, pleno, passa a ser substituído pelo consumo, em busca da satisfação momentânea, geralmente associado também a processos de medicalização com o intuito de “neutralizar” os sentimentos, pois a necessidade de se viver de forma acelerada, momentânea, não nos permite dar espaços aos sentimentos que a vida nos apresenta. Aliás, em tempos de redes sociais a vida passa a ser pautada por “stores” e laços de amizades se tornam likes e curtidas.

A realidade imposta pela pandemia da Covid-19 nos apresentou um cotidiano muito difícil. Lidar com milhares de perdas, vidas ceifadas pelo vírus, com as incertezas e medo pela contaminação. O isolamento e distanciamento, alteração da rotina de trabalho e estudo e as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, levaram a um agravo e esgotamento de nossa saúde mental. Por outro lado, o “ficar em casa”, a imposição de desacelerar a vida, em prol do cuidado e pelo alto risco de contaminação, nos primeiros meses da pandemia, nos permitiu perceber que nem sempre a vida frenética e acelerada imposta em nosso cotidiano caminham de mãos dadas com a felicidade e o bem-estar.

E desacelerar ou dosar esse cotidiano acelerado, pode representar o primeiro passo para contemplar uma vida mais leve, plena e cheia de sentido. Afinal, permitir-se viver os pequenos e bons momentos cotidianos, como um café da manhã e um almoço em família, ou um encontro com amigos nos possibilita reconectar com o real sentido da vida, fortalecendo laços familiares, de amizade e resiliência frente aos desafios impostos no cotidiano.

 

Cuidar da saúde mental

É necessário refletir sobre o que precisamos fazer para viver em harmonia com o planeta neste século, devemos superar a ilusão que a condição de bem estar na sociedade deve estar apenas relacionado ao crescimento econômico ilimitado, e que devemos nos atentar para a valorização e amadurecimento enquanto sociedade fortalecendo aspectos espirituais, de ética e respeito.

Trago essa reflexão, pois é inevitável pensar em pós-pandemia e na promoção de um cuidado em saúde mental sem pensar como estamos conduzindo as nossas relações sociais uns com os outros até o momento. É importante refletir que apesar de todo o aporte e avanço que a tecnologia nos permitiu evoluir, nos conectar, nos projetar para o mundo, ao mesmo tempo que facilita o cotidiano, nos sobrecarrega, interfere e altera a nossa forma de interação social e nosso modo de conduzir a vida.

E a partir do momento que passamos a ver o mundo exclusivamente através das “lentes” projetadas por redes sociais, mídias etc. há uma tendência em nos desconectar da realidade e projetar estilos de vida permeados pelo consumo, ou por um ideal jamais alcançável. É essa busca pelo “ideal”, o “perfeito” que nos leva ao esgotamento emocional, ao adoecimento, à negação de sentimentos. É importante compreender que o estar bem neste momento em que vivemos é relativo. Pois vivemos um período de anormalidade, a qual rotinas/cotidiano foram impactadas, transformadas, afetando as nossas relações sociais.

Cuidar da nossa saúde mental e preservar os estados emocionais de otimismo e esperança perante a vida nos possibilita projetar perspectivas futuras, o que nos auxilia a impulsionar diante dos desafios frente à vida. Porém é diferente de se esconder em um otimismo constante, a ponto de se negar a realidade vivenciada e os próprios sentimentos que a cada momento desencadeia em nós. Há uma relação diferente em estar bem verdadeiramente ou “parecer” estar bem, ter que “estar sempre bem”, pois quando essa busca ou necessidade incessante passa a ser constante, torna-se pressão, afetando nosso modo de vida de forma tóxica. Ao negar os aspectos negativos de nossas vidas, passamos a reprimir os sentimentos, e a repressão desses sentimentos pode agravar a condição de saúde mental.

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.