Artigos › 16/05/2023

SUSTENTABILIDADE E EMPATIA

Em 1º de março de 2023, enfim, foi aprovada a Lei no Brasil que impede o uso de animais em testes para cosméticos.

 

 

Nós, seres humanos, fomos criados à imagem e semelhança de nosso Deus. Criados, pelo amor e para o amor. Pelos dons que nos foram passados, somos a raça neste planeta com “mais” inteligência. Contudo, a história tem inúmeras passagens que demonstram que a inteligência e a compaixão nem sempre estiveram presentes quando se trata de humanos.

Em nosso âmago, temos o amor, a família, o cuidado com o próximo, a empatia em si… Isso deveria ser a regra, mas, infelizmente, para nós e, consequentemente, para os demais seres vivos que nos rodeiam, muitas vezes, é a exceção.

Com a industrialização em meados da década de 50 e 60, surgiram, entre outros, os produtos de higiene e limpeza, indispensáveis para o nosso dia a dia. Como todo produto, eles precisam ser testados para serem liberados para o uso. Aqui começa a parte onde pulamos da inteligência para a falta de empatia.

Começamos, literalmente, a usar cães, coelhos, macacos, enfim, uma série de animais para testar os novos produtos, das maneiras mais agressivas e invasivas possíveis. E isso ocorreu por décadas e décadas.

Já desde o século 19, pensadores como Voltaire e George Bernard Shaw já manifestavam publicamente seu repúdio pela experimentação animal, especificamente a vivissecção (abrir um animal vivo).

No Brasil, há dez anos, em 2013, 178 cães e sete coelhos usados em pesquisas foram retirados, por ativistas e moradores de São Roque (SP), de uma das sedes do Instituto Royal que, depois de revelada a crueldade a que eram submetidos os animais, fechou suas portas.

A partir de então, defensores da causa animal seguiram pressionando o legislativo pelo fim dos testes em animais. Ao longo desse período, houve adesão de parlamentares em prol dos animais e reconhecimento por boa parte da classe científica do quão desnecessário, custoso e cruel são os testes, e que as novas tecnologias permitem o uso de métodos alternativos.

Com a promulgação da lei, animais vertebrados, como cachorros, ratos e coelhos, não poderão mais ser usados em pesquisa científica nem no desenvolvimento e controle de qualidade de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

A resolução foi publicada na edição de março do DOU (Diário Oficial da União).

A medida não afeta o desenvolvimento de vacinas e medicamentos, mas serve para regular testes de produtos que já têm em suas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia comprovadas cientificamente.

O texto diz que será obrigatório no Brasil o uso de métodos alternativos reconhecidos pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Fica proibido no país o uso de animais vertebrados em pesquisa científica e no desenvolvimento e controle da qualidade de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que utilizem em suas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia já comprovadas cientificamente.

 

Até então, animais em laboratórios foram usados para testes

  • Para avaliação do potencial de irritação e corrosão da pele;
  • Para avaliação da absorção cutânea;
  • Para avaliação do potencial de sensibilização cutânea;
  • Para avaliação do potencial de fototoxicidade.

 

Em todos esses casos, a pele dos animais é dilacerada para aplicação do produto para posterior observação e avaliação dos danos.

  • Para avaliação de toxicidade aguda;
  • Para avaliação de genotoxicidade;
  • Para tanto, animais são forçados a ingerir os reativos tóxicos para avaliar danos;
  • Para avaliação do potencial de irritação e corrosão ocular.

 

Nesse caso, os produtos são aplicados diretamente nos olhos, particularmente dos coelhos, para avaliação dos danos. Ou seja, todos esses métodos são cruéis e expõe os animais a extremo sofrimento, dor e até à morte.

Segundo prevê o projeto de lei aprovado no Congresso no ano passado, as empresas têm dois anos para atualizar suas políticas e adotar um plano de métodos alternativos.

Os testes em animais já são proibidos nos 27 países da União Europeia e, também, na Coreia do Sul, Israel, Nova Zelândia, Índia, dentre outros.

Vale ressaltar que sustentabilidade vai além de pensar no verde, plantar uma árvore ou recolher o seu lixo, mas é, também, ter empatia com a natureza ao nosso redor, em todas as suas formas. Somos todos criaturas criadas por Deus. Por isso, hoje, mesmo sabendo que ainda temos muitos passos a serem dados, comemoro a data de 1º de março de 2023 como um marco, com um recomeço, como uma semente do bem que foi plantada.

 

Juarez Rodolpho dos Santos e Dizy Ayala

A autora, colaboradora desta Revista,
é revisora e escritora
@dizyayala

O autor, colaborador desta Revista,
é designer gráfi co em Porto Alegre (RS)
@juarezrodolpho

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