Sem categoria › 31/12/2023

SAGRADA FAMÍLIA Antes o tu e depois o eu

Na ocasião do dia 26 de dezembro de 2021, em que a Igreja festejava a Sagrada Família de Nazaré, o Papa Francisco fez uma mediação na Praça de São Pedro sobre a nossa relação com Maria, José e Jesus.

 

Conhecer e preservar as raízes de onde viemos

Jesus – começou explicando – “é filho de uma história familiar”. Viajou para Jerusalém junto com seus pais. Era Páscoa e seu sumiço provocou grande preocupação em Maria e José: “É belo ver Jesus inserido no laço dos afetos familiares, que nasce e cresce no abraço e na preocupação dos pais. Isso também é importante para nós: viemos de uma história entrelaçada por laços de amor e a pessoa que somos hoje não nasce tanto dos bens materiais que desfrutamos, mas do amor que recebemos, do amor no seio da família. Talvez não tenhamos nascido em uma família excepcional e sem problemas, mas é a nossa história – cada um deve pensar: é a minha história –, são as nossas raízes: se as cortarmos, a vida torna-se árida. E devemos pensar nisso, na própria história!”

 

“Ser família” envolve aprendizado diário

Deus – disse o Santo Padre – não nos criou para sermos comandantes solitários, mas para caminharmos juntos, e devemos agradecer a Ele e rezar por nossas famílias:“Deus pensa em nós e nos quer juntos: agradecidos, unidos, capazes de preservar as raízes”.

O Papa destaca então um segundo aspecto concreto para nossas famílias: “aprende-se a ser família a cada dia”. E volta seu olhar novamente à realidade da Sagrada Família onde nem tudo é perfeito, “existem problemas inesperados, angústias, sofrimentos”:“Maria e José perdem Jesus e angustiados o procuram, para encontrá-lo três dias mais tarde. E quando, sentado entre os mestres do Templo, ele responde que deve cuidar das coisas de seu Pai, eles não entendem. Eles têm necessidade de tempo para aprender a conhecer seu filho. O mesmo vale para nós: a cada dia, em família, é preciso aprender a ouvir e a compreender-se, a caminhar juntos, a enfrentar os conflitos e as dificuldades.

É o desafio diário, que é superado com a atitude correta, com as pequenas atenções, com gestos simples, cuidando os detalhes das nossas relações.

E isso também nos ajuda muito a conversar em família, conversar à mesa, o diálogo entre pais e filhos, o diálogo entre os irmãos, nos ajuda a viver essa raiz familiar que vem dos avós, o diálogo com os avós”.

 

Antes o “tu”, depois o “eu”

E como então se faz isto? – pergunta Francisco – convidando a olhar para Maria que no Evangelho de hoje diz a Jesus: “Teu pai e eu estávamos a tua procura”:“Teu pai e eu, não diz eu e teu pai: antes do eu existe o tu (…). Na Sagrada Família, antes o tu e depois o eu. Para preservar a harmonia na família, é preciso combater a ditadura do eu. Quando o eu se infla. É perigoso quando, em vez de nos ouvirmos, jogamos os erros na cara; quando, em vez de termos gestos de cuidado para com os outros, nos fixamos em nossas necessidades; quando, em vez de dialogar, nos isolamos com o celular – é triste ver no almoço uma família, cada um com o seu celular, sem se falar, cada um fala ao celular -; quando nos acusamos mutuamente, sempre repetindo as mesmas frases e no final impera um silêncio frio”.

 

Família, nosso tesouro

Por fim, o Santo Padre aconselha: nunca ir dormir sem antes ter feito as pazes, caso contrário, no dia seguinte haverá uma “guerra fria”, e esta é perigosa; porque dará início a uma história de repreensões, de ressentimentos: “Quantas vezes, infelizmente, entre as paredes de casa, dos silêncios muito longos e de egoísmos não tratados, nascem e crescem conflitos! Às vezes, chega-se até mesmo a violências físicas e morais. Isso dilacera a harmonia e mata a família. Convertamo-nos do eu ao tu. O que deve ser mais importante na família é o tu. E a cada dia, por favor, rezem um pouco juntos, se puderem façam um esforço, para pedir a Deus o dom da paz em família. E vamos todos nos comprometer – pais, filhos, Igreja, sociedade civil – a apoiar, defender e proteger a família, que é o nosso tesouro!”

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