Reveillon O recomeçar de cada Ano Novo
Reveillon
O recomeçar de cada Ano Novo
Uma reflexão sobre a tradição de comemorar um novo ciclo e seus significados no imaginário coletivo
“Como é que se escreve Reveillon?” Já dizia a música “Oito anos” do Kid Abelha no final dos anos 90.
É bem comum seguirmos muitas tradições, muitas vezes sem sequer entender o que ela realmente significa, muitas delas são importadas, tem nomes estrangeiros e mesmo assim, estão tão arraigadas que nem sabemos como começaram e para que servem. Daí, de repente, nos questionamos qual razão a seguimos. E a reflexão de sentido faz sentido. Vamos começar entendendo a origem dessa festa que marca o início do novo ano civil?
A celebração do Ano-Novo, também conhecida em alguns países como ano-bom, é sempre cheia de expectativas positivas para novas possibilidades e representa uma nova etapa que vai começar fazendo desse momento uma grande celebração praticamente no mundo todo. Mesmo sabendo que essa mudança de ciclo é algo simbólico, a instituição de uma data para comemorar a virada do ano levou em consideração diversos aspectos, desde o formato do calendário, crenças religiosas até a localização geográfica. Por causa disso, o Ano-Novo é celebrado em períodos diferentes em alguns países.
O ano-novo gregoriano começa em 1º de janeiro da mesma forma que ocorria no calendário romano. Existem inúmeros calendários que permanecem em uso em certas regiões do planeta e que calculam a data do ano-novo de forma diferente. A comemoração ocidental tem origem num decreto do líder romano Júlio César, que fixou o 1º de janeiro como o primeiro dia do ano-novo em 46 a.C.
Nesta tradição da antiguidade clássica, os romanos dedicavam a ocasião a Jano, o deus dos portões. Logo, o mês de janeiro deriva do nome de Jano, que tinha duas faces, sendo, portanto, bifronte. Uma face voltada para frente, visualizando o futuro e a outra para trás, voltada a contemplar o passado.
Outra curiosidade é que só recentemente que o dia 1º de janeiro voltou a ser o primeiro dia do ano na cultura ocidental. Até 1751, a exemplo, na Inglaterra, País de Gales e em todos os domínios britânicos, o ano-novo começava em 25 de março. Desde então, o 1º de janeiro tornou-se o primeiro dia do ano. Mas na Idade Média, outras datas foram convencionadas como o início do ano civil: 1º de março, 25 de março, 1º de setembro, 25 de dezembro. Atualmente, muitos países, como Brasil, Espanha, Portugal, Itália e Reino Unido, o dia 1º de janeiro é um feriado nacional. E com a expansão da cultura ocidental para muitos outros lugares do mundo o calendário gregoriano foi adotado por muitos outros países como o oficial e a data de
1º de janeiro tornou-se global.
Em contraponto a tradição ocidental, o Ano-Novo Chinês é uma referência de comemoração adotada por diversas nações do oriente que seguem o calendário chinês. As diferenças de contagem dos dois calendários fazem que, todos os anos, a data de início de cada Ano-Novo Chinês caia em uma data diferente do calendário ocidental. Este é lunissolar, leva em consideração tanto as fases da lua como a posição do sol.
O interessante é perceber que cada cultura, por mais distinta que seja, elege um dia para marcar uma passagem, o final de um ciclo, um marco de reflexão, de planejamento, de seguir tradições, como vestir branco e comer lentilha, fazer promessas, como uma renovação da esperança.
E a palavra “Réveillon”? O que significa?
Na França do século XVII, o termo réveillon designava festas da nobreza que duravam a noite toda. Essa palavra tem origem no termo réveiller, que quer dizer despertar, acordar, ou ainda reanimar. Este termo também tem origem no verbo latino velare, que representa “fazer vigília”, velar, cuidar. Dessa admiração pela festa no formato francês que se inspirou o Réveillon Contemporâneo, de fazer uma festa que inicia na véspera, aonde nos arrumamos e procuramos confraternizar com familiares e amigos, partilhar de uma refeição e realizar brindes com champanhe, símbolo de abundância e fartura. Diante deste cenário todo, pensamos no que tivemos de bom no ano que finda e fazemos planos para o que se inicia.
Penso que seja também um momento de profunda autoavaliação, e se puxarmos para o lado espiritual, podemos reservar um tempo para reflexão da nossa caminhada com Jesus Cristo, como temos vivido a palavra do evangelho e se estamos contribuindo para o Reino de Deus. Que tal um ano novo mais perto D’ele? Fica a dica!
O autor, Henrique Alonso, é colaborador desta Revista, fotógrafo, relações públicas e atua com comunicação organizacional.
Texto publicado na edição de janeiro de 2022