Eu consumo, tu consomes, nós consumimos!
Eu consumo, tu consomes, nós consumimos!
Houve o dia em que nossa mãe soube que iríamos chegar neste mundo e, logo em seguida, começou a pensar nos preparativos, dos objetos e roupas que teria que comprar para nos receber.
A vida requer que o consumo exista antes mesmo do nosso nascimento e se estende ao longo de toda a existência. Afinal, somos seres espirituais vivendo uma experiência material na Terra.
No entanto, é pertinente avaliar nosso comportamento em relação ao consumo. Ao longo do dia, somos estimulados inúmeras vezes a consumir.
O apelo está no rádio, na TV, na internet, nos outdoors pelas ruas etc. O padrão instituído pela sociedade capitalista é de uma busca indisciplinada por mais. A princípio, podemos comprar tudo o que houver vontade se tivermos disponibilidade de dinheiro para pagar. No entanto, é válido saber as implicações que isto acarreta, pois todo o produto tem uma origem e uma trajetória até chegar à nossa casa.
Toda a produção, seja agrícola ou industrial, utiliza recursos naturais para que possa ser realizada.
E todo o recurso natural que não é infinito precisa ser conservado, a exemplo da água e do solo. No entanto, a maioria dos consumidores desconhece ou não leva em consideração estes impactos ambientais no momento em que opta por consumir determinado produto. Perceba que as milhares de pessoas que usam calças jeans ignoram a quantidade de insumos químicos e o complexo processo de lavagem que se fazem necessários para que as mesmas cheguem até nós em diferentes tonalidades de azul.
Menos é mais
Então, é válido que comecemos a nos questionar sobre os produtos que consumimos e reconhecer que os mesmos revelam nossa personalidade. À medida em que nos tornamos mais conscientes, passamos a consumir menos itens, porém melhores. Neste sentido, menos pode ser mais. À medida que você tem mais conhecimento sobre as questões ambientais, mais consciente você fica e mais entende que os hábitos de consumo precisam ser revistos se o objetivo for a preservação dos recursos.
É chegada a hora de nos libertarmos dos excessos e adquirirmos um padrão de consumo mais adequado para ser aplicado num momento em que as mudanças climáticas já são uma realidade. Você não precisa de muito para viver. Já percebeu que normalmente escolhe a mesma poltrona quando está em casa, usa sempre a mesma boca do fogão, toma vinho na mesma taça.
Vivemos em um momento em que os padrões de consumo estão se modificando. O que até há pouco era descartado, agora pode ser reciclado e customizado. A exuberância, o glamour e os excessos agora dão lugar ao minimalismo e ao básico. Até quem dita tendências tem se comportado desta forma, como é o caso de Meghan Markle, que casou em 2018 com o príncipe Harry, tornando-se a duquesa de Cambridge e surpreendeu o mundo com seu estilo minimalista.
Estilo de ser
Muito mais interessante do que as roupas e calçados que você veste ou calça é o seu estilo de ser. Se você tiver um estilo bem definido, poderá ficar longe das tendências da moda que induzem ao consumo e, ainda assim, estará sempre adequada para frequentar todos os lugares. Então, escolha somente o que agrega, o que combina, o que complementa o que já tem.
Dessa forma, sempre prime pelo essencial. Assim, podemos consumir menos produtos comestíveis e mais alimentos, menos produtos perecíveis e mais do que é duradouro, menos do que é supérfluo e mais do que é necessário. Segundo Lin Yutang, a sabedoria da vida consiste em eliminar o que não é essencial.
Quando a gente terminar nosso ciclo aqui na Terra, seremos mais valorizados pela qualidade daquilo que deixamos, do que pela quantidade. Tenha certeza de que você não precisa de muitas coisas materiais para ser feliz, pois o material é externo ao indivíduo, enquanto a felicidade é interna.
Então, reflita sobre o seu padrão de consumo e perceba as mudanças que estão ocorrendo no mundo. O convite é para que nos tornemos consumidores cada vez mais conscientes, menos endividados e mais felizes, vivendo cercado de menos, porém melhor.
A autora, Giovana Souza Freitas, é colaboradora desta Revista, professora universitária e Doutora em Economia
Texto publicado na edição de outubro de 2022