Artigos › 28/07/2021

Dúvidas frequentes sobre a audição na infância

A audição é um dos principais sentidos do ser humano. É através dela que se estabelecem os mais importantes elos da comunicação e, por este motivo, as dificuldades auditivas geram importante impacto social. Neste artigo buscaremos abordar algumas dúvidas frequentes sobre a audição na infância.

É comum crianças nascerem com dificuldade de audição?

Segundo a (OMS) Organização Mundial da Saúde, 5% da população mundial apresenta algum grau de surdez. Isso representa cerca de 466 milhões de pessoas no mundo todo e, dentre elas, cerca de 34 milhões são crianças. Estima-se que de uma a três crianças a cada mil nascimentos apresentam algum grau de perda auditiva, o número aumenta para um a três em cada cem nascimentos quando existe algum fator de risco associado à surdez.

O que causa a perda auditiva na infância?

Existem indicadores de risco que aumentam as chances da criança apresentar surdez ao nascimento ou nos primeiros anos de vida. Alguns estão relacionados ao período gestacional, como as infecções congênitas (rubéola, toxoplasmose, herpes, sífilis, citomegalovírus e zika), outros relacionados ao período do nascimento (internação prolongada em UTI, uso de ventilação mecânica e antibióticos durante a internação, entre outras complicações).

Familiares próximos que apresentaram algum grau de surdez desde a infância também são indicadores de risco, assim como a presença de malformações na cabeça, síndromes associadas à surdez, traumatismo craniano, infecções virais ou bacterianas após o nascimento (sarampo, caxumba, meningite, varicela), quimioterapias e atraso no desenvolvimento da linguagem.

Como descobrir se meu filho nasceu escutando bem?

O Teste da Orelhinha é um recurso essencial para a detecção precoce das perdas auditivas na infância. Desde 2010, por lei, ele deve ser realizado em todos os recém-nascidos, preferencialmente na maternidade ou no primeiro mês de vida, a fim de que as perdas auditivas sejam identificadas o mais cedo possível. O Teste da Orelhinha é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas também pode ser realizado através de convênios ou particular.

Todos os tipos de perda auditiva são iguais?

Há diferentes tipos e graus de perda auditiva. Existem alterações transitórias e outras permanentes. As dificuldades auditivas causadas por otites, por exemplo, podem melhorar com tratamento médico, porém as perdas auditivas que afetam as estruturas da orelha, como a cóclea e o nervo auditivo, costumam ser permanentes.

As perdas auditivas são classificadas em graus: leve, moderada, moderadamente severa, severa e profunda. Quanto maior o grau da perda auditiva, maior o impacto no desenvolvimento da linguagem e nas habilidades de comunicação.

Quando suspeitar que meu filho não está escutando bem?

Existem alguns sinais de alerta que podem ser identificados na audição e na linguagem, conforme a faixa etária:

0 a 3 meses: Não reage para sons altos. Não se assusta ou não acorda com sons fortes. Não se acalma com a voz da mãe.

4 a 6 meses: Não demonstra ficar atento aos barulhos. Não procura os sons a sua volta. Não parece reconhecer mudanças de tonalidade na voz dos pais.

7 a 9 meses: Não localiza ou reconhece sons familiares. Não responde ao chamado do nome. Não entende palavras simples como “mamãe”, “papai”, “não”. Não entende pedidos como “manda beijo”, “dá tchau”.

1 ano: Não entende comandos simples e não reconhece palavras. Não produz nenhuma palavra.

1 ano e meio: Não entende frases simples. Não identifica partes do corpo.

2 anos: Não responde corretamente perguntas. Não se interessa por histórias ou música. Não forma frases de duas palavras.

3 a 4 anos: Não conhece cores e formas. Não gosta de cantar e brincar com palavras e sons. Não gosta de brincar com outras crianças.

4 a 5 anos: Não fala todos os sons corretamente. Não consegue manter uma conversa.

Por que as crianças surdas não falam?

O desenvolvimento da linguagem está diretamente relacionado à capacidade de escutar os sons da fala. A criança que não escuta, não aprende o significado das palavras. Todavia, como existem diferentes graus de perda auditiva, a linguagem da criança está relacionada ao quanto ela escuta.

Crianças com perda auditiva leve ou moderada têm mais chance de desenvolver a fala, porém não sem algum prejuízo. Crianças com surdez severa ou profunda apresentam maior dificuldade no acesso aos sons da fala e, consequentemente, mais dificuldade em desenvolvê-la.

O que fazer se meu filho não escuta bem?

O primeiro passo é procurar atendimento médico. O otorrinolaringologista é o profissional que avalia e solicita exames auditivos. O fonoaudiólogo é o profissional que realiza os exames auditivos e identifica o tipo e grau da perda auditiva. A partir daí o médico irá recomendar o tratamento adequado para cada situação: aparelho auditivo, implante coclear, fonoterapia, entre outros.

O principal objetivo é proporcionar o desenvolvimento da linguagem mais próximo do normal o mais precocemente possível, minimizando prejuízos sociais, emocionais e educacionais.

A autora, Luciane Pauletti, colaboradora desta Revista é fonoaudióloga em Porto Alegre (RS) – CRFa 7-7615

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