Artigos › 05/12/2023

CONSCIÊNCIA ESTRATÉGICA no comprometimento nas decisões

As pessoas de diferentes idades, em algum momento da vida, precisam enfrentar decisões que exigem determinada consciência sobre qual é a razão dessa necessidade; qual é o sentido existencial encontrado no momento; e aonde pretendem chegar.

 

 

Ao ingressar em uma nova etapa da vida ou em mais um ano, assim como ter que elaborar um projeto ou fazer uma escolha para o futuro, um dos passos importantes para alcançar o sucesso é procurar desenvolver uma consciência estratégica que traduza os desejos e a compatibilidade dessa necessidade com a realidade de cada um.

Mesmo na infância ou na maturidade é importante estar claro que, ao planejar algo, existe a necessidade de analisar o que pretende fazer e avaliar constantemente as possíveis consequências das decisões adotadas.

Geralmente, o que se percebe na atualidade, no caso das crianças e adolescentes, é que muitos projetos e desejos surgem de influências da mídia ou atrativos copiados de colegas, sem a consciência se isso realmente traduz o que gostariam de ter ou fazer. As suas necessidades não surgem internamente – subjetivamente, são originárias de outros, de marqueteiros, cuja consciência estratégica está em alcançar esse público para retornos financeiros.

No caso dos idosos, muitos renunciam ao desejo próprio ou às decisões do que é melhor para si e se submetem ao que foi estrategicamente planejado por outros.

 

Não perder a liberdade

Em alguns casos, o contrário também acontece, quando o idoso, sem uma consciência estratégica sobre como planejar seu futuro, quer financeiro ou de habitação e outras necessidades, assume decisões descomprometidas sem planejamento e sem examinar as consequências possíveis. Os familiares, nesses casos, pensam que interditar o idoso é um recurso para protegê-lo de si mesmo. Mas quem perde o bem mais precioso – a liberdade,  é o próprio idoso.

Nesses casos, algumas perguntas fundamentais devem ser respondidas para avaliar a sintonia do nível de consciência estratégica entre o adulto maduro e os familiares, a fim de que todos remem de maneira sincronizada, conjunta e, o mais importante, para o mesmo lado.

Por isso cabe, em determinado momento da vida, a cada um formulam-se perguntas fundamentais tais como: essa escolha poderá atender a essência da minha vida, ou seja, o que fazer, por que fazer, aonde quero chegar e quais princípios, valores e desejos usarei para nortear minhas decisões ?

Desta forma, planejar-se através de uma consciência estratégica, possibilitará ter um ponto de partida e outro de chegada para um novo momento da vida. E, entre esses dois pontos estão os caminhos que poderão ser escolhidos para atingir os objetivos desejados.

Novamente, estamos falando de escolhas. Isso mesmo, de importantes decisões, cuja complexidade pode variar em função do risco que elas envolvem, desde o nível de incerteza, do acesso e da qualidade das informações que as apoiam, das pessoas envolvidas e até do nível de recursos empenhados. E mais: as decisões estratégicas sofrerão também o impacto de fatores que surgirão em função do momento em que a família se encontra, pois novas e diferentes variáveis, ao longo da jornada de amadurecimento, deverão ser levadas em consideração, o que reforça ainda mais a importância da consciência sobre as ações futuras.

 

Importantes decisões

Um exemplo muito presente na vida de muitas pessoas é quando a aposentadoria acontece, os filhos partem para seus destinos e as residências se tornam vazias e grandes. Decisões como: onde morar? Vender a casa? O que fazer para se ocupar? Enfim, que planos devem ocorrer para garantir financeiramente e emocionalmente a nova etapa da vida?

São questões que exigem uma parada para reflexão e a partir de uma consciência estratégica bem definida e compreendida por si mesmo e pelos familiares e desta forma partir para as decisões.

É muito possível que isso requeira novos aprendizados: como em quem confiar para delegar tarefas; quem são as pessoas que acredita; buscar informações confiáveis; desapegar-se, aprender a viver mais despojado, ajustando os gastos e o que fazer com o tempo livre, entre outras.

Porém, o importante é confiar na sua força interior e na sabedoria obtida durante a vida. Se o que está fazendo já não desperta mais seu interesse, a questão está em pensar em alternativas que permitam viver uma longevidade tranquila e de paz.

Muitas vezes, existe certa resistência em parar e planejar através de uma consciência estratégica e comprometimento dessas decisões, como uma defesa, uma negação à passagem do tempo e consequentemente que o envelhecimento chegou. Entretanto, esse transcorreu, com ou sem sua consciência.

Como afirma Susan Sontag: “O medo de reconhecer o envelhecimento nasce da constatação de não estar vivendo a vida que deseja. É equivalente a sensação de estar usando mal o presente”.

 

Helena Finimundi Balbinotti

A autora, colaboradora desta Revista, é Psicóloga
clínica, psicogerontóloga em Porto Alegre (RS)
balb@terra.com.br

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