Artigos › 18/07/2022

Acolher, proteger, promover e integrar

Acolher, proteger, promover e integrar

 

Atualmente, não há nenhum país do mundo que não tenha alguns dos seus patriotas de uma região para outra dentro ou fora do país.

 

 

Muitos são os motivos que levam as pessoas a migrarem e todas carregam um desejo de uma vida melhor, desejo de esperança. O fenômeno da migração, portanto, é uma realidade latente ainda em pleno século XXI. E todos os dias ouvimos nos noticiários informações sobre a entrada de grupos de estrangeiros no Brasil, refugiados de guerras em muitos continentes, mas não somente vemos isso nos meios de comunicação e sim, nas ruas de nossas casas, nas praças e portas de nossas igrejas.

Para tanto, diante dessa realidade migratória, a Igreja, enquanto Mãe e Mestra, tem buscado oferecer um serviço pastoral em favor de nossos irmãos migrantes. Ademais, o Documento de Aparecida afirma que vê os migrantes como novos sofredores e pobres que clamam no mundo de hoje e que precisam de um acompanhamento eclesial e pastoral. E que diante desse fenômeno crescente da mobilidade humana, a Igreja deve se sentir como Igreja sem fronteira, atenta a esse fenômeno (cf. DA 411 e 412). À luz do Evangelho, portanto, esse é um compromisso para um mundo mais justo e solidário em prol da realidade migratória vigente em nossas comunidades cristãs.

 

Fluxo migratório paranaense

Segundo dom Geremias Steinmetz, presidente da CNBB Sul 2, no Estado do Paraná “há uma forte migração interna e registra também elevado número de cidadãos que emigram para outros países dos vários continentes e ao mesmo tempo está recebendo muitos migrantes de outros países, especialmente sócios do Mercosul e dos Países do Oriente”.

Historicamente, no Paraná existem quatro fluxos migratórios fortes, complexos e permanentes, a saber: o êxodo interno com três movimentos simultâneos (campo-cidade; capital-área metropolitana e da área Metropolitana para as cidades do interior); o êxodo de paranaenses para o Exterior (Japão, EUA, Europa, China…); o êxodo Regional (paranaenses para os Países da América do Sul e Sul-americanos, latino Americanos, vários países da África para o Paraná), entre os imigrantes muitos estudantes estrangeiros; brasileiros retornados do Paraguai, da Espanha, da Inglaterra, dos Estados Unidos, entre outros. E nos últimos tempos contamos com a presença de haitianos, venezuelanos etc.

Nos últimos anos o Paraná tem recebido estudantes estrangeiros, pessoas imigrantes e refugiados de diversas nacionalidades para viver, trabalhar, estudar no Estado e faz lembrar o grande expoente e Apóstolo dos migrantes, João Batista Scalabrini, que afirmou: “Para o migrante a Pátria é a Terra que lhe dá Pão, trabalho e dignidade para viver.” Ou ainda: “Aonde está o povo que trabalha e sofre, ali está a Igreja”.

 

Pastoral do Migrante

O objetivo da Pastoral do Migrante consiste em suscitar, articular e dinamizar a organização coletiva dos migrantes, imigrantes e das Instituições e agentes que atuam junto com estes em vista do Reino de Deus, capacitando as lideranças para uma ação efetiva junto aos migrantes à luz da proposta do Evangelho e das próprias orientações da Igreja. Isso implica um      trabalho que leva à comunhão e integração entre os migrantes, partilhando os valores da fé e das suas culturas. Incentivar o compromisso eclesial e social junto e com os migrantes, para que eles sejam respeitados e aceitos como seres humanos com toda dignidade, como sujeitos e protagonistas da sua história.

Enquanto Igreja, sensíveis à dor humana e atentos às causas injustas da migração forçada, ser uma presença acolhedora, profética e solidária num espaço de liberdade e de participação defendendo a vida dos migrantes, principalmente os mais vulneráveis e empobrecidos para juntos construirmos uma cultura de paz, de justiça e de dignidade para toda a família humana, pois como o próprio Cristo afirmou: “Eu era migrante, peregrino, estrangeiro e me acolheste” (Mt 25,35).

Além disso, o Papa Francisco no tocante à migração dedicou um capítulo inteiro na encíclica apostólica Fratelli Tutti (2020), tendo presente quatro verbos que se tornaram sementes para a mais recente Pastoral do Migrante de nossa Diocese de Palmas-Francisco Beltrão.  As palavras são: acolher, proteger, promover e integrar (cf. FT, n. 129).

 

 

 

 

 

A autora, Cleuza Giustti, é colaboradora desta revista e coordenadora diocesana da Pastoral do Migrante da Diocese de Palmas – Francisco Beltrão (PR)

Texto publicado na edição de julho de 2022

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