Métodos e arte de conduzir
Conhecido como o pai da didática moderna, João Amos Comenius foi um grande educador que defendeu o ensino humanizado e integral ainda no século XVII. A ousadia e a crença na educação moveram-no a propor uma forma de educação inovadora para a época. Trata-se da articulação e um vínculo harmônico entre o professor e o educando. Tal vínculo, se tornaria possível sobretudo, por meio de uma educação universal e humanizada. As ideias inovadoras de Comenius tem se tornado cada vez mais familiar para mim, isso porque recentemente comecei a dar aulas em um tradicional colégio na cidade de Santa Maria (RS). É o chamado estágio supervisionado, um período reservado aos acadêmicos dos cursos de licenciatura para que possam cumprir como sendo último degrau antes da tão sonhada formatura.
Uma das coisas que mais me despertava interesse durante as aulas da faculdade, eram as disciplinas sobre didática. Adorava estudar cada método, cada recurso no processo de ensino e aprendizagem. Lembro que o jargão mais repetido era: ‘Quando estiverem na sala de aula, estejam bem atentos, para que estas teorias sejam estruturadas com base em uma abordagem focada no aluno’. Ressaltando que o importante é evitar toda e qualquer forma de educação bancária.
Abordagens metodológicas
Diversas são as abordagens metodológicas, desde o método de trabalho em grupo, passando pelas metodologias ativas, método montessoriano, método construtivista, dentre outros. Mais do que a diversidade de estilos de ensino, uma coisa eu tinha certeza até então: quando me imaginava diante dos estudantes eu sempre era tomado de uma confiança gigante até porque, com tanto conteúdo e estratégias para condução das aulas, bastava aplicar uma delas e pronto. Essa era a forma como imaginava que acontecesse em um dia típico de professores pelo país, que sai de casa pela manhã com a tarefa de educar e transformar a vida de crianças e jovens em todo o país.
Aliás, que tarefa difícil! Pois, já em minha primeira experiência na sala de aula, tive a impressão de que talvez seja necessário deixar de lado esses métodos consideravelmente por um tempo. Isso porque um plano de aula abarrotado de técnicas, além de tirar o dinamismo natural das aulas, não consegue enxergar além do rigor acadêmico. Dessa maneira a pergunta que fica é: será que esses métodos serão realmente eficazes quando confrontados com a complexidade das realidades humanas? Essa questão surge especialmente quando reflito sobre o significado da educação. “Educar”, do latim educere, significa “conduzir para fora”, como se fosse um processo de guiar o indivíduo a superar a falta de conhecimento, promovendo uma transformação que eleva a condição humana.
Uma proposta
Ao que parece, os métodos, muitas vezes, não conseguem alcançar esta essência; perdem-se no dia a dia, entre o quadro, os livros didáticos e a rotina escolar. É aqui que a proposta de Comenius se concretiza, pois de que adianta utilizar os métodos ‘da moda’ se o ensino-aprendizagem priorizar as demandas e valores necessários para o ser humano. Contudo, diante das “exigências desumanas”, da virtualização das emoções, da vida e do próprio ensino, parece que esses inúmeros métodos precisam, de fato, ser revistos, pois bem nos ensina Comenius é preciso ensinar solidamente, não superficialmente e apenas com palavras e métodos.
Caique Jasley Rosa Nascimento
O autor, colaborador desta Revista, é noviço Palotino e cursa o 8º semestre de Filosofia na Faculdade Palotina – FAPAS