A amizade verdadeira acolhe, ensina e transforma vida
Jovem testemunha que se converteu ao catolicismo com ajuda de amigas
“Eu vos tenho chamado amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai Eu compartilhei convosco”. As palavras de Jesus encontradas no Evangelho de João (15,15) mostram que até Deus, em sua humanidade, quis ter amigos. Uma das grandes necessidades para quem trilha esta estrada terrena é ter com quem contar nas diversas ocasiões da vida, inclusive para fortalecer a fé em Deus.
João Filipe dos Santos Araújo, aos 19 anos, já sabe a importância de uma amizade que tem Deus como centro. O jovem mora no bairro Novo Mundo, em Maceió (AL) e recorda que aos onze anos conheceu Mycaelly Jeniffer na escola. Ele à época protestante e ela católica, moradores do mesmo bairro. O acolhimento de Mycaelly foi essencial para o surgimento de uma nova amizade.
Aos poucos eles se conheciam mais. João revela que a partir das primeiras impressões que “Myca” lhe passava, ele a questionou se era evangélica para convidá-la a um culto, mas ela respondeu que era católica. Mesmo assim, a amizade foi se fortalecendo.
João passou a observar a empolgação com que a amiga falava da Igreja, das experiências e da preparação para o sacramento da Crisma. “Foi despertando em mim um desejo de conhecer a Igreja, de ir a águas mais profundas, porque a Myca era quem eu tinha como referência de quem frequentava e vivia o que a Igreja pregava. Conversávamos muito no caminho para casa sobre a fé, então ela foi esse sinal da Igreja Católica e de Deus na minha vida”, afirma João, que só tinha participado uma vez da Missa na infância com a avó.
Paralelo a esta convivência de amigos, João também conheceu a catequista Roseli Ferreira de Lima, mãe da sua colega de turma, a Sarah Lima, que lhe ajudou a aprender tocar saxofone em sala de aula. “Eu a conheci no ponto de ônibus e depois a gente passou a conversar muito, ela sobre a fé católica e eu a protestante. Rose me apresentou muita coisa, principalmente catequética, com muito carinho, zelo, cuidado e amor, e com isso fui me sentindo acolhido”, detalha o jovem.
Hoje João Filipe é acólito, agente da Pastoral da Comunicação e sacristão da Comunidade São Francisco de Assis, Paróquia Imaculado Coração de Maria. Vive uma realidade bem diferente de quando estava prestes a entrar na adolescência. Ele só começou a enxergar a Missa como um encontro pessoal com Cristo na Eucaristia a partir da convivência com as amigas e foi por meio de um retiro que a conversão ao catolicismo se concretizou.
Ao ser perguntado sobre a importância destas amizades, ele é incisivo ao dizer que foram fundamentais para chegar ao João de hoje. “Eu defino que a minha relação com a Myca é uma amizade regada por Deus, porque ela me ajudou desde o início da minha conversão, me apoiou, foi quem me ensinou a servir no altar como coroinha e continua me auxiliando. É um animando o outro a permanecer na fé. E Rose também foi primordial, porque ela foi minha catequista. Elas me mostraram a Igreja no meu cotidiano e eu me apaixonei cada vez mais”, detalha o jovem.
Mycaelle, que é ancila, lembra os momentos difíceis, mas celebra com alegria o amadurecimento da amizade: “Ele enfrentou várias dificuldades com a mãe que é protestante e não aceitava, na época, a mudança de vida dele. Ajudei no que foi necessário e hoje estamos felizes porque vencemos vários obstáculos juntos. Somos o par de jarros do altar do Senhor”. Já Roseli, apesar de morar atualmente distante do João, nunca esquece os momentos dos dois e mantém a amizade. “João é um jovem de Deus e não desistiu da sua fé, aprendi muito com ele. Sou grata à Deus por ter esta amizade pura e sincera”.
Santos amigos
Vários santos da Igreja também se encontraram, rendendo muitos frutos. A amizade dos franceses São Vicente de Paulo e Santa Luiza de Marillac, por exemplo, tinha o chamado a servir aos pobres em comum e juntos fundaram a Companhia das Filhas da Caridade. Os italianos São Francisco de Assis e Santa Clara também se tornaram amigos por meio dos votos de pobreza, castidade e obediência.
Entre tantos outros santos de várias épocas, São João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá são santos amigos que viveram já em nossa geração. Um fato marcante é que Teresa foi proclamada beata pelo “amigo Papa” em 2003, dois anos antes da morte do pontífice. Os dois foram canonizados pelo Papa Francisco.