Beata Elizabetta Sanna
Quem julga ser mais por ter mais, sequer intui a satisfação de ser. Quem mede ainda não percebeu o infinito. São Vicente Pallotti sentiu-se amado por Deus Amor Infinito. Procurou corresponder a esse Amor fundando a União do Apostolado Católico. É aqui onde Vicente Pallotti e Elisabetta Sanna se encontraram.
Elisabetta Sanna cooperou com São Vicente Pallotti para reavivar a fé e reacender a caridade. Natural da Sardenha, já viúva, foi a Roma.
A deficiência física – adquirida na infância, provavelmente por varíola, em época que não havia vacina, deixou-a com os “braços bamboleando” – não a impedira, na Sardenha, de ser mãe de sete filhos, nem a impedirá, em Roma, de ser a mãe de tantos palotinos, homens e mulheres.
Ela faleceu no dia 17 de fevereiro de 1857, às vésperas de completar setenta anos, com fama de santidade. O seu processo de canonização está em curso. Recentemente, 17 de setembro de 2016, ela foi declarada beata. O milagre para sua beatificação ocorreu no dia 18 de maio de 2008, em Niterói, no Rio de Janeiro. Suzana Correia da Conceição foi curada de uma atrofia muscular do braço e da mão direita.
Ser declarada beata significa que a Igreja reconhece que aquela pessoa viveu as virtudes cristãs de modo heroico e pode ser venerada e invocada publicamente pelos devotos. Havendo mais milagres, uma beata pode vir a ser declarada santa.
Os santos são o Evangelho redivivo. Imitando Cristo, nas palavras e nas obras, eles o anunciam e conduzem seus ouvintes a ele. A luz de um santo é reflexo da Luz eterna. Uma biografia da beata Sanna é o livro “A venerável Elisabetta Sanna: cooperadora leiga de São Vicente Pallotti”.
Testemunho
Minha Alegria com Elisabetta Sanna
Cada vez mais me convenço de que Deus tem os seus caminhos para fazer com que nos aproximemos d’Ele cada dia mais.
Vivia uma vida de católica, mas sem algo dos católicos: uma amizade com os amigos de Deus. Sem essa amizade, sentia-me, algumas vezes, estar de fora. Faltava-me algo muito comum aos católicos: ter um santo de devoção. Confesso que, muitas vezes, aborrecia-me não ter, como intercessor, um amigo de Deus que lá do céu intercedesse por mim.
Pois é, tudo isso porque minha formação religiosa inicial é evangélica. Eu já tinha vencido a barreira que tinha com Nossa Senhora, pois foi ela quem, silenciosamente, foi me conduzindo nas verdades da fé católica. Mas faltava a dita amizade.
Enfim, certo dia, um sacerdote, Pe. Jair Giuliani, com muito entusiasmo, apresentou à comunidade Elisabetta Sanna que, na época, ainda era venerável. Posso dizer que foi amor à primeira vista. Todas as vezes que ele falava nela, meu coração se alegrava, como até hoje, o nome dela desperta em mim um sentimento de pertença.
Aos poucos fui me identificando e me alegrando com o que ela fazia e eu, sem saber, também fazia. Com ela, foi renascendo um sonho, muito antigo, de participar de um grupo, que fosse só de mulheres, sozinhas, com igual estado de vida e que tivessem o mesmo objetivo de viver e crescer na fé. Foi, então, que com outro sacerdote, que veio substituir ao Pe. Jair
e que, para a minha alegria, era igualmente entusiasmado com a agora beata, e com o dom de “provocar” em mim, próprio dos palotinos, a minha vontade, o meu desejo de pertencer a um grupo de mulheres que buscassem crescer na fé.
Então, tendo a beata como inspiradora e padroeira, em 2019, tomei coragem e convidei algumas mulheres e iniciamos, com a beata Elisabetta Sanna, o desejado grupo. Verdade que somos bem poucas mulheres, uma média de sete, mas com cinco, contando comigo, perseverantes. É muito gratificante poder, neste pouco tempo, viver o que sempre ouvira e admirava: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. Obrigada, Senhor.
Em 2018, estive em Roma, por graça de Deus e, igualmente por graça de Deus, fui visitar a casa dos palotinos. O Pe. Jacob Nampudakam, Reitor Geral, ao saber do meu encantamento com a beata disse que a visita dela, na relíquia, às comunidades iria reacender a fé nas pessoas. Só ouvi, e hoje percebo que o meu servir a Deus na Comunidade, intensificou o amor, a gratidão.
Voltando ao grupo, iniciávamos o encontro com o Evangelho, normalmente o do dia. Depois seguíamos com um tema, escolhido em oração, sobre a vida da beata, ou da doutrina católica, ou mesmo a partilha do nosso cotidiano, das coisas que tínhamos em comum. Muito lindo porque todos têm algo para dar, para partilhar e assim crescer.
Fomos fiéis durante todo o ano de 2019. Com a pandemia tivemos que parar, mas continuou a amizade entre nós, mulheres do grupo. Isso agora já faz parte de mim, da minha história de vida de fé. Espero, tão logo termine este tempo difícil, reiniciarmos, com mais ardor.
Deixo aqui minha gratidão a Deus pelo convívio que tivemos, com as bênçãos de São Vicente Pallotti e sua fiel cooperadora Beata Elisabetta Sanna, que me levou a São Vicente Pallotti e a outros santos que antes conhecia, mas não entendia como, verdadeiros, instrumentos de Deus”.
Solange Ávila – Paróquia São Vicente Pallotti – Porto Alegre (RS)
O autor, Padre Airton Dallazen, colaborador desta Revista, é sacerdote palotino em Roma, na Itália.
Texto publicado na edição de janeiro/fevereiro de 2021.
[…] região da Sardenha sofreu com a epidemia de varíola, que contaminou Elisabetta quando ela tinha três meses de idade. Apesar da falta da vacina, uma cirurgia nos braços livrou-a […]