Artigos › 02/09/2024

Precisamos falar sobre suicídio

A resposta à pergunta do título é óbvia: sim, precisamos e devemos falar sobre suicídio. Por que devemos e precisamos falar sobre o tema? Para prevenir em primeiro lugar, pois este ato tornou-se um problema de saúde pública e não pode ser ignorado ou tratado como um assunto que não pode ser falado, como se fosse um tabu.

Trata-se de um tema muito complexo e difícil de se falar porque mexe com o sofrimento de muitas pessoas: de quem tem ideias suicidas e dos familiares. Tanto o suicídio quanto as tentativas resultam e são sinais de grande sofrimento emocional que impactam as pessoas, os familiares, a comunidade e a sociedade. O tema é muito amplo, mas escrevi sobre alguns aspectos importantes

O que são pensamentos ou sentimentos suicidas?

São pensamentos, fantasias e preocupações com a morte e em como acabar com a própria vida em particular. Poderão variar de pensamentos somente, até montar estratégias para acabar com a própria vida, pensar detalhadamente em métodos suicidas e como concretizá-los. Somente ter pensamentos não significa que irá se concretizar, mas é um fator de risco que é preciso que se fique atento.

Tentativas de suicídio

Corresponde qualquer ação com o propósito, com a intenção implícita de morrer, independentemente do método escolhido para causar a própria morte

Suicídio e os motivos que o conduzem

Quando alguém, intencionalmente, quer acabar com a própria vida e morre como resultado das suas ações nesse sentido. Mas sempre existem motivos que conduzem ao suicídio que afeta todas as idades e classes sociais, independente do estágio da vida ou idade.

No suicídio existe a interação de vários fatores: sociais, psicológicos e culturais os quais poderão explicar comportamentos suicidas. No geral, trata-se de pessoas que sofrem de algum problema psicológico grave. Dessa forma, o suicídio é, também, um problema de saúde mental. Porém, no final, são pessoas que não querem, deliberadamente, morrer; mas, sim, escapar da dor e do sofrimento e, nesta altura, morrer é a única saída.

Fatores de risco e prevenção

O setembro amarelo é o mês para falar e prevenir sobre o suicídio, mas não somente neste período, pois sempre é preciso prevenir. Entender quando alguém está em risco para antever e prevenir que a pessoa dê um fim à própria vida é necessário.

Existem, contudo, alguns fatores imprescindíveis a serem observados, como, por exemplo: se a pessoa fala com muita frequência sobre suicidar-se (mesmo que em tom de brincadeira, é importante observar a frequência); se já houve tentativas anteriores, problemas de saúde mental; se a pessoa tem acesso a meios que poderão facilitar a execução; se existe história de abuso sexual ou físico; histórico familiar; se a pessoa é portadora de alguma doença grave ou dor insuportável ou ainda se há algum acontecimento traumático recente.

Outros fatores de risco poderão estar associados a situações de vulnerabilidade como a pobreza, o desemprego, perdas financeiras, tempos de guerra, desastres naturais, preconceitos ou discriminação, exclusão social, bullying, ciberbullying ou conflitos em torno da identidade sexual. Também poderão estar associados à falta de apoio social em situações difíceis e sentimentos de solidão; acreditando, assim, que o suicídio será uma saída nobre para um dilema pessoal. Por fim, ter acesso a sites na internet que propõem estratégias para concretizar o suicídio e muitas vezes o incentivo de pessoas que também pensam em se suicidar compõem as causas de morte por suicídio.

Fatores de proteção

É preciso desenvolver estratégias de proteção para aqueles que têm ideias suicidas. Criar uma rede de apoio familiar, social e comunitária, bem como buscar ajuda médica e psicoterapia são ações que auxiliam muito. Principalmente, conexões fortes com a família, amigos e comunidade. Ou seja, boas relações poderão ajudar nestes momentos. Buscar ajuda para resolver problemas, conflitos e gestão das dificuldades. O importante é não se sentir sozinho, nem se isolar. Ao perceber que alguém está com ideias suicidas procure ajudar, pois quando alguém fala sobre essa possibilidade, não está blefando.

Padre Sergio Lasta, SAC

O autor, colaborador desta revista, é psicólogo, doutor em Educação e padre palotino em Santa Maria (RS

sergiolasta@gmail.com

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