Artigos › 03/10/2022

Não nos Iludamos, Deus nos quer Felizes

Não nos Iludamos, Deus nos quer Felizes

 

 

Deus nos reserva muitas graças e nos quer felizes, mas pelo livre arbítrio que nos concedeu, tudo dependerá do nosso esforço pessoal e disciplina. Sempre é possível avançar mais rumo àquilo que Deus pensou para nós e Jesus veio revelar: uma vida plena e abundante.

Mas, então, onde buscar a tal felicidade? Temos sede de felicidade e temos sede de Deus, e o encontro com Deus é a própria felicidade. Longe Dele não se é feliz. Como disse Santo Agostinho, a alegria que vem de Deus é a única felicidade. Aquele que busca a verdadeira alegria busca viver na verdade, pois a felicidade provém da verdade. Encontrar a verdade é encontrar a Deus; pois Ele é a própria verdade.

Deus se encontra no interior de nós mesmos.
O busquemos interiormente, fora de nós encontraremos só vazio e solidão. Santo Agostinho percebeu que somente no interior (alma) encontraria a Deus e que estaria diante Dele. Diz ele: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti”. Contudo essa presença de Deus em nós exige um processo de descoberta, de fazer uma experiência do encontro. Nossa alma deseja a água viva oferecida por Jesus, fonte inesgotável de felicidade.

 

Encontro com a Samaritana

O Evangelho de São João nos traz o exemplo belíssimo deste encontro de felicidade. Trata-se do encontro de Jesus com a Samaritana (cf. Jo 4). O nome da mulher não é citado e sabemos que se não consta o nome é para que nós nos coloquemos no lugar da personagem. A Samaritana era mal-amada! Buscava a felicidade nos relacionamentos. Passou por cinco relacionamentos, teve cinco homens e não tinha ninguém.

Ela foi quatro vezes rejeitada, primeiro por ser mulher, a sociedade judaica não aceitava, era muito machista. Não sei se vocês sabem, mas na sociedade judaica a mulher era condenada à morte por causa do adultério e o homem não. Perante a lei o homem não adulterava. Tanto é verdade que a carta de divórcio de Moisés era somente o homem que dava à mulher em caso de adultério, o contrário não existia.

Voltando para a Samaritana, ela não podia se juntar às outras mulheres, quando ela vai ao meio-dia buscar água, pressupõe que não haja no poço outras mulheres. As pecadoras iam sozinhas, em horário que não havia ninguém. Então, ela foi ao meio-dia, debaixo de sol a pino, no calor de uns 40 graus, porque pela manhã e no final do dia eram as mulheres de “boa índole” que iam juntas, nestes horários. À Samaritana do texto cabe ir sozinha e num horário alternativo.

Terceiro, ela era pobre, porque eram os serviçais que iam buscar água no poço. As senhoras não iam, mandavam suas empregadas, portanto era uma mulher que não tinha chances, quatro vezes rejeitada, quatro vezes mal-amada, quatro vezes amaldiçoada segundo o pensamento dos judeus.

Esse encontro marca a quebra de um círculo vicioso, de inimizade entre judeus e samaritanos. Quando Jesus disse: “Dá-me de beber” (Jo 4,7), a reação da mulher é de surpresa: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” (Jo 4,9). Jesus propõe uma nova água, nova vida, o dom da vida.

A Samaritana começa a alimentar o desejo de uma nova água, de uma fé. Ela começa a perceber que diante dela está a água viva. E ela descobre que precisa sair do seu egocentrismo e encontrar uma nova fonte.

Que possamos também nos encontrar com Jesus e ter uma vida em plenitude!

 

 

 

O autor, Reginaldo Manzotti, é colabrador desta Revista e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR)

Texto publicado na edição de outubro de 2022 

 

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.