Artigos › 25/04/2022

Meu filho come mau, o que eu faço?

Meu filho come mau, o que eu faço?

 

Uma das principais preocupações dos pais é certificar-se de que seu filho está se alimentando bem. Porém, muitas vezes é difícil fazer com que a criança consuma alimentos saudáveis.

 

 

É natural que a criança apresente certa seletividade (resistência ao consumo de alimentos diferentes do seu habitual) e neofobia (medo de experimentar algo novo) em algumas fases do desenvolvimento. Entretanto, estes comportamentos podem ser amenizados com auxílio de alguns fatores extremamente relevantes, como o aleitamento materno, sempre que possível, sendo recomendado de forma exclusiva até aos seis meses de idade e perdurando após a introdução alimentar, até dois anos ou mais.

O leite materno auxilia na formação do paladar, além de conferir inúmeros nutrientes. Outro fator relevante é a oferta de alimentos saudáveis desde o início da introdução alimentar, aos seis meses de idade. É importante que nesta fase a criança seja exposta a todos os grupos alimentares: frutas, vegetais, carboidratos (arroz, massa, batata), leguminosas (feijão, lentilha) e proteínas (carnes e ovos), pois assim evita-se uma maior resistência no consumo destes, como também há uma contribuição para a redução do desenvolvimento de alergias alimentares.

A qualidade da alimentação ofertada é muito importante, pois crianças possuem importantes necessidades nutricionais devido ao crescimento. Por isso, quanto mais natural e caseiro o alimento, melhores nutrientes serão fornecidos.

 

Algumas estratégias para auxilia-lo na alimentação de seu filho

 

  • Seja exemplo para seu filho! Consuma alimentos saudáveis e evite ultraprocessados (alimentos industrializados como lasanhas, salgadinhos, biscoitos). A criança alimenta-se com os alimentos que vê os pais consumindo.
  • Tenha uma rotina alimentar: estipule os horários para as refeições e não oferte alimentos nos intervalos. : Caso seu filho não queira almoçar, não lhe dê um iogurte como possível “troca”. Explique a ele que este é o horário do almoço e que a próxima refeição será o lanche da tarde. A criança precisa entender a rotina.
  • Faça as refeições junto com a criança, na mesa, com tranquilidade e sem telas. A criança precisa estar atenta à refeição, pois desta forma aprenderá a entender seus sinais de saciedade.
  • Não prometa presentes para forçar a criança a comer.
  • Respeite sua saciedade e sirva pequenas quantidades no prato. A criança pode assustar-se com a grande quantidade de alimentos e resistir para comer.
  • Não a force a comer mais ou a experimentar algo que não quer. O ideal é mostrar para ela os alimentos da refeição, colocar um pouco de cada no prato e incentivá-la a experimentar, respeitando, caso ela não queira provar algum. Tente ofertar novamente em outro momento ou em outra forma de preparo.
  • Proporcione uma rotina na qual a criança faça parte de todos os processos da alimentação. Leve a criança às feiras ou supermercado para que conheça a origem dos alimentos e como chegam até a nossa casa. Hortas caseiras também são ótimas opções para esse aprendizado.
  • Inclua a criança no preparo das refeições, pois ficará mais estimulada a experimentá-las. Quanto mais colorido o prato, mais nutrientes nele! Aposte nas decorações e utensílios!

 

O hábito alimentar forma-se na infância e está intimamente ligado aos riscos de desenvolvimento de doenças. Recentes dados do Ministério da Saúde são preocupantes. A pandemia provocou o crescimento da insegurança alimentar na infância, trazendo um aumento na obesidade infantil (3,1 milhões de crianças no Brasil) e um expressivo número de mortes (3.061 mortes segundo dados do DataSUS) devido a desnutrição crônica, muitas vezes relacionada à deficiência de vitaminas por uma alimentação inadequada.

Vamos mudar esses números?! Junto com nossas crianças, façamos escolhas por alimentos saudáveis! Para auxílio, o exemplo de montagem de prato saudável para as refeições principais:

 

  • Preencha metade do prato com vegetais;
  • ¼ com carboidratos (arroz, massa, polenta, batata);
  • 1/8 de proteína vegetal (feijão, lentilha, ervilha);
  • 1/8 de proteína animal (carne, peixe, ovo, frango).

 

Para os lanches, o ideal é que a composição seja feita por 1 fruta + 1 fonte proteica (leite, iogurte, queijo, ovo) + 1 fonte de carboidrato, priorizando os integrais (pão, bolo caseiro, granola…).

 

A autora, Clarissa de Oliveira Agostini, é colaboradora desta revista e nutricionista CRN-RS 14067. Especialista em Nutrição em Cardiologia – ICFUC-RS. Mestre em Alimentação, Nutrição e Saúde – UFRGS. Nutricionista clínica do Hospital Divina Providência -HDP

 

Texto publicado na edição de abril de 2022

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