Artigos › 19/08/2022

Empatia como estratégia para viver como Cristo ensina

Empatia como estratégia para viver como Cristo ensina

 

 

 

Assim como Jesus, somos capazes de nos colocar no lugar do outro e praticar a caridade, um agente pacificador do mundo.

 

Acredito que esta palavra “empatia” já esteve mais em uso e na cabeça das pessoas. Na teoria, empatia significa a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação. É o movimento de buscar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar o que o outro indivíduo sente. Ela leva as pessoas a cooperarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo, amor e interesse pelo próximo, e a capacidade de ajudar.

Vou puxar a reflexão para este contexto, afinal, o que é empatia? Muito mais que um sentimento abstrato, ela é um posicionamento em relação aos demais e seu desenvolvimento varia de pessoa para pessoa. Às vezes somos empáticos com algumas situações, mas em outras nem tanto. Em resumo, poderíamos dizer que ter empatia é se colocar no lugar do outro. No entanto, ser empático requer habilidades pessoais diversas e mais profundas. É ter a capacidade de sentir a sensação de ser aquela pessoa e, desta forma, compreender alegrias, medos, preferências, o que dá raiva, o que provoca compaixão, o que há de bom e de ruim em alguém. E a partir daí, contribuir para sanar alguma necessidade ou vontade alheia.

 

Essência cristã

Entretanto, esse movimento nem sempre é simples. Como abandonar as próprias emoções, crenças ou expectativas para viver a empatia em sua plenitude? Para realizar esta jornada é necessário entender que ninguém é perfeito. E porque necessitamos desenvolver esta habilidade? Essa resposta vai muito além do aspecto teológico se considerarmos a essência do Cristianismo. Ela vem do princípio existencial da humanidade. Necessitamos uns dos outros, não só de ajuda física e material, mas principalmente afetiva. Assim como damos apoio, precisamos de apoio também. Como seres humanos podemos e devemos formar uma rede de solidariedade, o que nos ajuda a compreender ainda mais o que disse Jesus: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei! (Jo 13,34-35). E daí chego numa reflexão maior, empatia é prova de amor, seja ele qual for.

Não é possível amar sem empatia e por isso, essa é uma capacidade tão importante. É indispensável se abrir, renunciar, olhar para outro ponto de vista, analisar outros modos de pensar. E então nos damos conta que é resultado de um ato de amor. Logo, depreendemos que a empatia é uma competência que só se desenvolve na prática. Não adianta só ler a respeito, conversar e refletir sobre a vida e as dificuldades do outro. Não há melhor maneira de ser uma pessoa empática sem exercê-la. É um fenômeno muito comum, é que, enquanto se tenta ter empatia com alguém, essa mesma pessoa pode estar neste processo com você, o que facilita o alcance de um objetivo mútuo. Quando nos deixamos inspirar pelo amor, tudo flui melhor e a nossa vida fica mais rica, mais motivante e alegre.

Para isso acontecer, algumas ações são fundamentais, resolvi listar algumas para não ficarmos só no campo das abstrações. Confira a seguir o passo-a-passo do processo da empatia.

 

  • Pare de julgar: se há um primeiro mandamento nesta área, este com certeza cumpre bem o papel. Baixar a guarda, e evitar pré-avaliações permite a experiência de conhecer um outro lado do interlocutor, provavelmente desconhecido.
  • Saiba ouvir e acolher: Abra-se para as histórias, preste atenção nos detalhes, descubra a lógica do raciocínio. Analise como a pessoa se sentiu ao fazer uma determinada escolha. E isso não quer dizer concordar com tudo e sim compreender outro ponto de vista.
  • Reconheça as diferenças: somos iguais em nossa humanidade e, ao mesmo tempo, completamente diferentes uns dos outros. Esse reconhecimento nos permite ampliar a solidariedade e identificar afinidades que num primeiro momento não estão à vista.
  • Seja educado e cordial: Mesmo em se tratando de um assunto polêmico e controverso, conserve o bom trato. Vigie sua postura nos momentos de estresse e, durante os conflitos, seja gentil. Tenha em mente de que o momento passa, mas a lembrança de como você se portou não. O mundo dá voltas e você pode precisar da empatia da pessoa que um dia precisou da sua.
  • Meça suas palavras: fofocas, críticas e exposição desnecessária estão no lado oposto da empatia. Isso afasta as pessoas, provoca insegurança e ansiedade, por isso, mostrar-se
  • alguém impulsivo prejudica as relações humanas. Preste atenção no tom de voz e na linguagem corporal.
  • Saiba se doar: aqui a empatia acontece. Após o momento de escuta atenta é hora de colocar a mão na massa. Entenda como você pode ajudar e procure experimentar situações desconhecidas para entender o que as pessoas que estão inseridas naquele contexto enfrentam. Contribua consciente da sua capacidade.

 

O autor, Henrique Alonso, é colaborador desta revista, fotógrafo, relações-públicas e atua com comunicação organizacional

Texto publicado na edição de agosto de 2022

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