EM PAZ COM A VIDA
Quem já não ouviu dizer que determinada pessoa não teve paz nos seus últimos dias de vida até ver, conversar ou enviar uma mensagem para alguém cuja relação era problemática? A maioria conhece casos assim!
A verdade é que as histórias e os relacionamentos acompanham a vida de cada pessoa, mesmo que esta deixe em aberto situações difíceis e, que sendo assim, estarão presentes na terminalidade.
Na buck list (lista de desejos) de muitas pessoas está presente o desejo de um abraço, de uma palavra ou de um gesto de perdão. Nem todos conseguem alcançar sucesso na realização desse desejo, por muitas variáveis; daí a importância de não esperar pelo fim dos dias, mas, ao contrário, ao longo da vida ter postura conciliatória.
Há quem não queira, nem aceite a superação das rupturas, é verdade. Mas, a grandeza do perdão está, entre outras coisas, no fato de que ele pode ser de uma das partes, mesmo que o outro não tenha a mesma disposição. Perdoar é decisão, mais que ato pontual. É possível perdoar sem voltar a se encontrar, seja por indisposição, seja por morte de uma das partes. Perdoar é oferecer amor, na esperança que o outro acolha, mas independente disso, o amor ofertado é sempre bem-sucedido e, se não for aceito, acompanhará ambos como um abraço de paz.
De posse da consciência de que na vida acontecem desencontros é abençoado todo o esforço para criar pontes de amor onde os muros romperam a possibilidade de encontro. Pelo seu bem, pela sua paz, emane amor. Que nas suas orações as pessoas que se perderam da sua história ao longo do caminho estejam presentes. Vibre na sintonia de Jesus que perdoa, intercede e envia compaixão a seus inimigos e àqueles que lhe feriam e o matavam. E, assim, a paz estará com você não só no fim, mas ao longo da estrada da sua vida.
Coloque na sua buck list e viva seguindo o conselho bíblico: “Procurem estar em paz com todos” (Hb 12,14).
Sonia Sirtoli Färber
A autora, colaboradora desta Revista,
é Tanatóloga e doutora em Teologia
clafarber@uol.com.br