A esperança não pode morrer
Após um longo tempo de angústias e expectativas, aos poucos, desponta um sinal de esperança no horizonte da sociedade, com o desenvolvimento e aplicação de vacinas, fazendo assim frente aos desafios que a pandemia do novo coronavírus impôs à humanidade.
Certamente o número de vacinados no Brasil é ainda muito pequeno. Houve vacilo nos encaminhamentos para aquisição, no tempo propício, de um número satisfatório de vacinas. Tal situação está contribuindo para que sofrimento, dor e morte se façam sentir por toda parte com maior intensidade.
Vacinas eficazes estão surgindo. Elas são “luzes” e promovem a esperança! Elas não podem ser destinadas somente para alguns, mas devem estar, o mais rápido possível, à disposição de todos.
Não é o momento para promover “achismos”, fake news, sectarismos, nacionalismos ou prósperos negócios a partir desta crise sanitária que está produzindo uma tragédia humana. Também não é ocasião para buscar vantagens político-partidárias. É, sim, oportunidade para, em renunciando a interesses particulares e possíveis vantagens econômicas, promover um grande mutirão marcado pela solidariedade humana e cristã para defender e promover a vida.
É um dever ético de cada cidadão participar da campanha de vacinação e observar as orientações das autoridades sanitárias. Assim estaremos protegendo-nos não somente a nós próprios, mas cooperando para também proteger os demais cidadãos.
As vacinas que estão sendo disponibilizadas se mostraram extremamente seguras nos testes de laboratório e por isso receberam aprovação das autoridades competentes. Onde se alcançou um satisfatório índice de pessoas vacinadas e houve rigor na aplicação e observância das normas sanitárias constatou-se um significativo decréscimo no número de infectados, doentes e mortos. Por isso, é possível dizer que vacinar-se não é um risco. Não se vacinar é que é um risco! Ou, “a moralidade da vacinação depende não só do dever de tutela da própria saúde, mas também do dever da busca do bem comum” (Congregação para a Doutrina da Fé, 21.12.2020)
A pandemia está exigindo de todos uma visão diferente do futuro e um retorno à crença em si mesmos e nos outros.
Ciência e fé não são antagônicas. Elas são como duas asas que permitem ascender ao céu do mistério.
A comunidade de fé está sendo provocada a promover solidariedade, oração e conforto em meio a uma demanda enorme por orientação segura e esperança.
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).