Artigos › 30/10/2023

E se você tivesse o poder de transformar tudo em ouro

Trazer para contemporaneidade os mitos que existiram na Antiguidade, interpretando-os e adaptando-os aos novos tempos nos permite ousar na capacidade de reflexão e analisar as situações sobre outro prisma.

 

Logo, isso possibilita adquirir uma nova consciência sobre o passado e aprender ao conseguir enxergar a situação no presente; reinterpretando-a, para que seja gerada uma nova versão, apta a ser utilizada nos dias atuais.

Você com certeza já ouviu falar em Midas. Lembra daquele rei da mitologia grega que conseguiu adquirir poderes para transformar tudo o que tocava em ouro? Sim, esta antiga história do Rei Midas consegue nos ensinar muito sobre comportamento, economia e cultura e é propícia de ser reinterpretada para que consigamos identificar os “Midas do mundo contemporâneo”.

❄ Quem foi o Rei Midas da Antiguidade?

Um personagem da mitologia grega pediu que um milagre ocorresse em sua vida: o de tocar objetos e poder transformá-los em ouro. Inicialmente, o rei ficou muito feliz ao conseguir ter o seu desejo realizado, pois o que almejava era construir uma grande riqueza. No entanto, com o passar dos dias, percebeu que tinha sido concedido a ele um poder amaldiçoado, pois não conseguia nem mesmo se alimentar, já que tudo virava ouro e, desta forma, ele poderia até morrer de fome, já que os alimentos virariam ouro.

Foi aí que Midas percebeu que precisava reverter este poder. Após banhar-se em um rio, viu-se livre da maldição e, então, passou a desprezar a riqueza, mudou-se para o campo e optou por ter uma vida mais modesta.

 

❄ Quem são os Midas contemporâneos?

Existem pessoas que racionalizam tanto a vida a ponto de priorizarem somente o trabalho, numa busca desenfreada por dinheiro e status social. Com isso, colocam a família, os amigos, a espiritualidade e o lazer em um segundo plano. Vivem submersos na ideia de que não podem perder tempo para que possam cumprir seus objetivos financeiros. De fato, o trabalho é de suma importância e, quando bem sucedido, gera muita satisfação. Contudo, ele não é o garantidor da felicidade do indivíduo.

Os Midas contemporâneos são fortes candidatos à depressão e à angústia quando, mais tarde, percebem que trabalharam tanto; enquanto jovens, que não tiveram tempo de ser felizes. Afinal, temos oportunidade de recuperar quase tudo o que perdemos na vida, o que não ocorre com o tempo. A sociedade de consumo e os apelos midiáticos favorecem o aparecimento dos Midas sem que, muitas vezes, as pessoas nem percebam o quanto estão envoltas neste contexto de busca desenfreada pela riqueza.

 

❄ Há como livrar-se da maldição de Midas?

Ao se render aos apelos da sociedade em relação ao padrão de consumo, a tendência é que se viva pelo trabalho, numa corrida incessante pelo dinheiro, já que à medida que algo é adquirido, outro bem logo passará a ser desejado.

O trabalho não precisa ser superestimado em detrimento das demais áreas que compõem nossa vida. Sendo assim, apostar no equilíbrio pode ser a alternativa mais sensata e, com isso, há de se mudar a forma como se vê o dinheiro na vida da gente. Afinal, mais importante do que trabalhar pelo dinheiro, é buscar inteligência financeira para fazer com que o dinheiro trabalhe para você.

 

❄ E se você tivesse este poder…

Através do mito de Midas, verifica-se que transformar tudo em ouro não é uma boa alternativa para a vida da gente. Contrariamente, a busca desenfreada pela riqueza pode trazer sérios problemas. Não esqueçamos que a felicidade não reside no poder de transformar tudo em ouro e ser rico, o que pode trazer satisfação, mas é diferente de felicidade.

Felicidade é certificar-se que, além de dinheiro, você conquistou uma família estruturada, um lugar aprazível e prazeroso para trabalhar, uma boa e saudável rede de relacionamentos, paz de espírito e fé ao acreditar que é filho de Deus e que está sob sua proteção. Todos esses aspectos são formas de riqueza que você pode buscar para a sua vida e é a conquista destes objetivos que lhe farão uma pessoa realizada.

Quiçá Midas seja mais feliz tendo uma vida com menos luxo, mas sentindo-se um ser humano mais completo por ter conquistado; além do dinheiro, outras formas de riqueza que transcendem ao material.

 

Giovana Souza Freitas

A autora, colaboradora desta Revista, é
professora universitária e Doutora em Economia
giovana.souza@terra.com.br

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