Que saudade de um retiro
Os momentos mais felizes são aqueles em que estamos desligados do mundo e ligados com Ele! Ainda mais se estivermos entre amigos…
Embora a vida em comunidade seja mais do que necessária para a nossa própria sobrevivência (literal e mental), frequentemente resistimos aos chamados para a participação em retiros de grupos e de movimentos das nossas paróquias.
Minha história também teve muita resistência. Desde a catequese da primeira eucaristia recebia convites para o retiro do ONDA (Objetivo Novo do Apostolado). Convites repetidos. Insistentes. E eu fugia de todos eles. Por anos.
Lembro-me bem de quando eu tinha 15 anos, meus pais participavam ativamente de jantares, reuniões e quaisquer eventos que aconteciam na Paróquia Nossa Senhora de Fátima em Porto Alegre (RS). Mesmo que eles me convidassem, constantemente preferia não participar por me sentir deslocado. Entendia que ali era o espaço deles. E, tudo bem, não vou mentir, meus interesses na época resumiam-se a jogar futebol e tocar violão. A Igreja não fazia parte destes interesses. Entretanto, a vivência em grupo era tamanha que, vez ou outra, acontecia alguma confraternização entre as famílias e era inevitável que eu estivesse presente nestas ocasiões.
› Não tinha mais desculpas
Depois de anos e anos de fuga, não tive mais como me esconder. Ao não encontrar mais desculpa razoável para declinar de mais um convite para o retiro do grupo de jovens, em 2008 aceitei participar do ROTA (Revelação Objetiva do Trabalho Apostólico) na mesma paróquia em que meus pais contribuíram. E foi minha melhor decisão. Mesmo contrariado, vivi um fim de semana mágico. Minha vida mudou.
O relato inicial tem um objetivo: identificação. Tenho certeza de que você faz parte desta história. Ou você já resistiu a um convite, ou você viu seus convidados resistirem. É assim mesmo! O que não dá para negar é que um retiro é capaz de mudar vidas. E são tantas oportunidades pelo Brasil… Há o CLJ (Curso de Liderança Juvenil) para os mais novos, o Emaús para os mais velhos, Movimento de Casais Jovens para os casados… E podemos listar siglas e movimentos até perdermos de vista! Alguns grupos são mais famosos, outros são menos, mas cada um tem a sua devida importância na missão de mudar vidas.
› Possibilita reencontro
Mudar vidas não se trata apenas de apresentar Jesus e a fé católica a alguém. Não me entenda mal, isso não é pouco. Mas mudar vidas significa oportunizar o reencontro. Com Deus, Jesus, com Maria, conosco. Precisamos constantemente nos reconectarmos. É uma questão de sobrevivência. Não são poucas as vezes em que nos perdemos em nós mesmos. Rotinas estressantes, prazos a cumprir, preocupações com as contas. Onde colocamos Deus? É necessário reconectar.
Nada melhor para se reconectar com a própria fé do que vivê-la em grupo. Quando fiz o meu retiro lá na adolescência, encontrei amigos que até hoje são suporte para esta vivência. E a cada retiro que fizemos juntos, deixamos os problemas para trás para voltar os nossos olhos ao que realmente importa. Mais do que isso: nos recarregamos para justamente podermos enfrentar os desafios proporcionados pela vida real. Eles, os desafios, nunca vão deixar de aparecer… mas como ficam mais fáceis quando desligamos tudo para tentar ouvir o que Ele tem a nos dizer!
Por isso, repito! Esta reconexão é questão de sobrevivência. Que saudade de um retiro! Que saudade de desligar os celulares para um fim de semana de acolhimento, diversão, música, reflexão, carinho e de fé! E esta saudade que sinto – e que provavelmente você sente também – não pode permanecer apenas na nossa mente, no espaço destinado à nostalgia! É hora de agir. É hora de viver. É hora de participar!
› E você?
Você já participou de algum retiro da sua paróquia? Então você sabe do que estou falando! E se você ainda não participou, entenda que o convite que ressoa vem d’Ele. É hora de aceitar! A Igreja precisa de você, mas posso afirmar que você precisa, mais ainda, dela. E adoraria falar mais sobre as vivências em retiro, mas preciso me segurar para não estragar as surpresas… afinal, tudo está previsto e nada será mudado!
Luiz Filipe Oliveira de Macedo
O autor, colaborador desta Revista, é Graduado em Letras e Mestre em Estudos da Linguagem pela UFRGS
lzfmacedo | lzfmacedo@gmail..com