Notícias › 12/10/2019

Dia das Crianças

Mostrar ou não desenho no celular, deixar comer doce ou restringir a dieta, liberar a agenda profissional ou pisar no acelerador para avançar na carreira, seguir relacionamentos opressores ou permitir-se rever escolhas… afinal, o que é certo em um mundo de tantos questionamentos? Optei pela trilha do coração. O autoconhecimento se torna um caminho obrigatório quando a gente tem um compromisso tão transformador como gerar uma nova vida. Na busca por entender o melhor jeito de encarar essa missão, resolvi perguntar ao universo, e deixei a natureza responder.

No endereço dos meus afetos habitam iniciativas que pretendem a evolução, visam a diminuição das desigualdades, apostam na preservação do meio ambiente. A educação e regras que tento transmitir orbitam na esfera desses bons exemplos – ainda que às vezes a regra seja subverter a regra.

É por isso que eu vivo a produzir experiências, memórias e vivências sensoriais para a minha filha, na ideia de que nossos momentos compartilhados tragam pistas para ela sobre o legado que gostaria de deixar. Vai e faz, vive, questiona, ajuda, cria, encoraja, recicla, testa, erra, conserta, suja, limpa, planta, rega, espera, colhe. Se a vida não vem com manual de instruções, é preciso construí-los. Aplicar conhecimentos de empreendedorismo sustentável desde a primeira infância é minha definição preferida sobre o que é ser mãe.

Da era digital, me valho do amplo acesso à informação para tirar dúvidas, pegar ideias, compartilhar momentos, além da disponibilidade de entretenimento a qualquer momento. Somo a isso uma visão ana(eco)lógica recheada de momentos de pintura, idas a parque, pés na grama, mãos na massa e na terra, banhos de sol, criatividade solta, fuzarca e conexão com as pessoas. Para mim, ser ecológico em um ecossistema urbano é buscar equilíbrio com o meio, consigo e com a natureza – driblando as controvérsias e sem neuras. Antes de tudo, penso que a principal natureza a ser respeitada é a do próprio indivíduo, com suas singularidades.

Uso minha criatividade para encontrar formas diferentes de ensinar as mesmas coisas: paz, amor, respeito, integridade, saúde, cordialidade, inclusão, verdade, coragem, empoderamento. Em qualquer ambiente, basta ajustar a lente e podemos treinar percepções sobre ecologia – não precisa ser no mato. Mas confesso que prefiro ambientes naturais, brinquedos não estruturados, roupas sem marcas, destinos desconhecidos, pessoas reais. O mundo novo a ser explorado se torna muito mais atrativo quando nós duas o mapeamos, percorremos e descobrimos juntas, longe dos super-heróis da Disney. Apesar dos percalços e tombos, essas são algumas das memórias que ficarão da nossa primeira infância e primeira maternidade natural.

Reciclar o lixo, fazer adubo com o composto orgânico, regar plantinhas, cuidar dos animais, tornam-se ações automáticas quando o recado for entendido, dentro das possibilidades. Mais que isso, quero que ela treine seu senso crítico, curiosidade, “desconfiômetro” e capacidade de empreender ante situações complexas. Mas como ela só tem três anos, é preciso que, brincando, aprenda que a natureza é perfeita e nos dá tudo o que precisamos para crescer e nos desenvolver. Só precisamos aprender a enxergar, valorizar e cuidar. Enquanto isso, vamos reciclando pessoas, compondo brincadeiras malucas e regando nossa cumplicidade sustentável.

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