A SUA ESCOLA LHE IMPULSIONA?
A aprendizagem é um instrumento fundamental de autonomia
Ser um professor me permite o exercício da reflexão frequente a respeito da minha própria função dentro de um processo de aprendizagem.
Não posso me contentar em ser apenas um transmissor de conteúdos. Eu preciso entender a importância do que está sendo trabalhado e, principalmente, a consequência prática do que está sendo trabalhado. O que quero dizer é mais simples na teoria e é mais difícil na prática: a minha função é fornecer as ferramentas necessárias para que o aluno se sinta capaz de desenvolver os seus próprios interesses. Vamos entender isso melhor.
Sou um grande defensor da valorização do período escolar. Claro, não há nada de estranho nisso, visto que sou professor. A questão é como nós enquanto sociedade enxergamos o processo que envolve a escola. Muitas vezes, não passa de um depósito de crianças e de adolescentes. Um mero lugar em que os pais podem deixar seus filhos sob supervisão de adultos para poderem seguir suas vidas. Poxa vida, que concepção lamentável! A escola é o principal ambiente de socialização do jovem! A escola é o principal fornecedor de ferramentas para que o jovem possa se desenvolver! E é assim que ela deve ser vista. Isso significa dizer que é na escola que começamos a compreender que ferramentas estão nas nossas mãos e quando devemos utilizá-las. Da minha parte, ensino gramática com muito orgulho. Mas é necessário utilizar o que a gramática normativa diz o tempo todo? Não! Essa decisão é minha enquanto comunicador. Se estou me manifestando em uma roda de amigos, é ideal que a minha comunicação seja descontraída, mesmo que às vezes eu não conjugue corretamente um verbo ou outro. Se estou produzindo uma redação de vestibular, é ideal que eu siga mais à risca o que me foi ensinado quanto às estruturas sintáticas. E cada ambiente pede uma versão minha que eu só posso oferecer se eu souber com o que estou lidando. Então isso significa dizer que a escolha é minha. Somente minha. Mas só posso ter o poder da escolha se eu tiver consciência sobre o funcionamento das ferramentas comunicativas. Se eu não tiver essa consciência, eu não tenho escolha.
Sempre acho importante refletir sobre isso, em especial na disciplina que me convém, porque quando sabemos lidar com a função da escola, nos interessamos mais pelo processo. E nos desenvolvemos melhor! A escola me apresenta recursos. O que eu farei com o que me foi apresentado é, literalmente, opção minha e isso envolve o direcionamento para o restante da minha formação enquanto cidadão. Cabe aqui um esclarecimento: esse texto é feito para você que está na escola, mas é feito, também, para você que é familiar de alguém em período escolar.
Você, aluno, precisa entender que a escola está aí para lhe impulsionar! Qual é o seu sonho? O que você deve fazer para conquistá-lo? A instrução básica nos fornece autonomia para construir o futuro. Se eu quero ser um jornalista, as aulas de português me ajudam a ser um comunicador melhor, entendendo que ali não há uma simples “decoreba” de regras, mas sim um conjunto de recursos que eu escolherei quando usar para atingir da melhor forma o meu público. Se eu quero ser um engenheiro, as aulas de matemática me ajudam a entender logicamente como funcionam os cálculos que tanto terei que fazer para garantir a segurança das construções. E por aí vai…
Você, familiar, precisa entender que a escola é mais do que um lugar onde o jovem vai para ser supervisionado por outro adulto. E entender isso inclusive lhe incentiva a participar mais ativamente desse processo. Você se interessa pelo que o aluno está vivendo? Pelo que ele está aprendendo? Incentiva dentro de casa que o processo de aprendizagem seja contínuo e que o auxilie a realizar seus sonhos?
Esquecemos de viver esse processo! Vale a pena sonhar, mas vale a pena viver a aprendizagem. Todos os dias estamos sendo preparados para o nosso futuro, mas nem sempre sabemos enxergar isso. O professor não é apenas um transmissor de conteúdos. A escola está aqui para lhe impulsionar. A escolha sobre o futuro é sua!
Luiz Filipe Oliveira de Macedo
O autor, colaborador desta Revista, é Graduado em Letras
e mestrando em Gramática e Significação pela UFRGS
@lzfmacedo | lzfmacedo@gmail..com