A relação entre Economia e felicidade
Dinheiro e felicidade são temas amplamente debatidos na atualidade e, ao que parece, quem tem dinheiro é feliz, pelo facilitado acesso aos bens materiais, o que é extremamente valorizado pela sociedade contemporânea
Desde a antiguidade, o homem revelou-se como um ser materialista, apegado às coisas que o dinheiro pode comprar e dotado do desejo contínuo de conquistar sempre mais. Os árduos e combatentes processos de colonização dos territórios demonstraram o impetuoso espírito de ganância da humanidade. Evoluímos de uma época em que a sociedade não tinha acesso aos bens de consumo (uma vez que estes não eram ofertados) para o momento pós Revolução Industrial, que ocorreu em diferentes momentos ao longo da História dos países, e garantiu a disponibilidade de produtos às pessoas que, então, passaram a ser chamadas de consumidores dentro das economias que, aos poucos, iam se estruturando.
A economia
A Economia é uma ciência social que analisa o comportamento do mercado, tendo o dinheiro como mola propulsora desta engrenagem. Para garantir que a economia de determinado lugar cresça, é importante que os níveis de consumo e produção sejam altos por lá.
Quanto maior o consumo, maior será a riqueza gerada, dado que todo o consumo de um bem depende da produção daquele mesmo bem. Assim, quanto maior o consumo, maior também a produção de produtos e maior a riqueza gerada; dado que empresas terão de admitir funcionários e os mesmos obter renda em forma de salários, gastando-os no mercado, fazendo a economia crescer.
Sendo assim, mais importante do que o consumo é a produção por parte das empresas, pois estas contratam mão de obra e os trabalhadores gastam seus salários, o que aumenta a renda circulante. Não obstante, a sociedade valoriza mais o consumo do que a produção, propriamente, pois o consumo garante status ao consumidor, o que aumenta o seu nível de satisfação e bem-estar.
A felicidade
O aumento no nível de satisfação é, muitas vezes, confundido com felicidade. Contudo, há uma larga diferença entre esses termos. A conquista de algo muito desejado concede-nos um estado de contentamento, o que é reconhecido por satisfação. Já a felicidade é mais ampla e difícil de conceituar. Cada um dos filósofos clássicos a caracteriza de maneira diversa e nenhum deles relaciona-a diretamente ao dinheiro ou status social.
A felicidade é interna ao indivíduo, enquanto o consumo é externo. O consumo traz prazer imediato e nos proporciona momentos felizes, de grande satisfação, mas à medida que o tempo passa, logo surge a necessidade de consumir outro produto, o que se repete continuamente.
Numa economia plenamente ajustada, há que zelar pelo aumento da produção e procurar garantir o equilíbrio entre quem consome e quem produz. Isso é o que garantirá a felicidade das pessoas que participam dela (enquanto consumidores) e é isso o que inibe o surgimento da inflação.
O dinheiro é um recurso, um meio, pois ele contribui para vivermos bem e nos concede liberdade de escolha para fazermos o que, de fato, nos torna mais felizes. Embora não exista relação direta entre Economia e felicidade, cabe à Economia gerenciar este recurso da forma mais eficiente para aumentar a satisfação e proporcionar momentos mais felizes às pessoas.
Quem vive em lugares onde existe prosperidade econômica e qualidade de vida tende a ser mais feliz, independentemente da quantidade de dinheiro de que dispõe. Nesses lugares, os que menos têm, valem-se dos recursos públicos e dos serviços oferecidos e têm mais oportunidades para obterem renda; enquanto que os que mais têm, terão amplas condições de produzir nestes lugares e gerarem ainda mais renda.
Dinheiro traz felicidade?
O dinheiro oportuniza sensação de bem-estar, qualidade de vida, concedendo-nos oportunidade de crescimento pessoal para que consigamos nos desenvolver enquanto indivíduos, praticar solidariedade e auxiliar aqueles que precisam. É um meio para que consigamos viver momentos felizes, não sendo garantidor da felicidade.
Feliz é aquele que consegue valorizar a vida e as coisas que possui, ao invés de lamentar-se pelas que não possui, na certeza de que o dinheiro não compra felicidade, pois ela está dentro de você. Preze por uma vida econômica mais equilibrada e será mais feliz.
Giovana Souza Freitas
A autora, colaboradora desta Revista, é
professora universitária e Doutora em Economia
giovana.souza@terra.com.br