A devoção ao Sagrado Coração de Jesus em São Vicente Pallotti
O dia da solenidade do Sagrado Coração de Jesus, neste ano em 11 de junho, é uma data móvel que se comemora na segunda sexta-feira após a solenidade do Corpo de Cristo.
A finalidade desta solenidade é recordar que o Verbo Encarnado nos amou com um coração humano durante sua vida, sua agonia e sua paixão (Catecismo da Igreja Católica, n. 478). São Paulo aos Gálatas nos mostra esta oferta do Filho de Deus: “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2, 20).
São Vicente Pallotti aderiu à Pia União do Coração de Maria, que simultaneamente promoveu devoção ao Coração de Jesus, em 22 de junho de 1817, devoção esta que veio através de Santa Margarida Maria Alacoque, a quem ele mencionou duas vezes sem nomeá-la (Cartas, vol. I, 85, 105).
Em Roma havia duas Pias Uniões dedicadas ao Coração de Jesus que se caracterizavam por dois aspectos: o primeiro era buscar em tudo a glória de Jesus Cristo, que morreu por nós na Cruz, e de seu coração ardente, que arde de amor por nós no SS. Sacramento do altar, e o segundo era para reparar as ofensas feitas ao Sagrado Coração no SS. Sacramento.
Padre Francesco Todisco afirma que a aceitação de São Vicente Pallotti da devoção ao Coração de Jesus em uma data tão remota deve ser enfatizada, porque os Jesuítas introduziram a devoção ao Coração de Jesus em sua ordem após 1833 e a Igreja universal celebrou a festa ao Coração de Jesus somente em 1856 (São Vicente Pallotti profeta da espiritualidade de comunhão, p. 155-156).
Outro fato histórico sobre a devoção de São Vicente ao Sagrado Coração de Jesus foi a consagração da segunda Casa de Caridade, inaugurada em 12 de dezembro de 1839 na via Santo Onofrio, no Gianículo, próxima da Igreja São Salvador em Onda. Na sexta-feira, 18 de junho de 1841, São Vicente celebrou a festa do Coração de Jesus com particular solenidade nesta segunda Casa de Caridade, com a presença do Cardeal Vigário de Roma (representante do Papa para a diocese de Roma) e do cardeal Polidori (OCL vol. III, nn. 759, 351-352).
A devoção ao Coração de Jesus funda-se no momento em que “um dos soldados lhe abriu o lado com um golpe de lança. Imediatamente jorrou sangue e água” (Jo 19,34). Sobre esse versículo bíblico, São Vicente escreveu: “aqui espero que Jesus me conduza à morte mística e à perfeição, à destruição do meu coração, e me faça viver com o seu Santíssimo Coração” (OOCC vol. X, p. 779). São Vicente recomendava aos que sofriam que amassem com o amor do Coração de Jesus (OCL vol. I, n. 364).
No final da Ladainha ao Sagrado Coração de Jesus, aprovada pelo Papa Leão XIII em 1899, fazemos a seguinte invocação: “Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”.
O coração de Jesus é considerado o principal sinal do amor infinito com que o Redentor ama sem cessar o Eterno Pai e todos os seres humanos. Essa invocação a Cristo, manso e humilde, é para amarmos a Deus, primeiro mandamento do Decálago, como o próprio Jesus amou o Pai e cada pessoa humana.
A solenidade do Sagrado Coração de Jesus é dedicada à santificação do clero para que os nossos pastores amem como Jesus o povo a eles confiado. Essa é a condição para os projetos pastorais em nossas dioceses, ou seja, sem a caridade de Cristo que nos impele, a Igreja será somente uma organização de assistência ou uma prestadora de serviços.
São Vicente Pallotti trabalhou intensamente pela formação dos presbíteros e foi colocado pelo Papa João XXIII como patrono da União Missionária do Clero. De fato, a solenidade do Sagrado Coração de Jesus é parte integrante do carisma palotino, seja pela remota devoção de São Vicente Pallotti de adoração e de reparação Eucarística, seja pelo incansável apostolado de formação e acompanhamento dos sacerdotes. “Sagrado Coração de Jesus, fazei o nosso coração semelhante ao vosso!”
O autor, Pe. Denilson Geraldo, colaborador desta Revista é padre palotino, membro do Conselho Geral da SAC e Doutor em Direito Canônico.
Texto publicado na edição de junho de 2021.