A economia das plantas e flores de Pareci Novo
A economia das plantas e flores de Pareci Novo
Há cidades que se destacam pela produção de calçados, outras pela produção de tabaco e outras, ainda, pela produção de soja.
O mais importante é encontrar uma vocação e/ou aptidão que possa resultar no desenvolvimento de produtos que contribuirão para incrementar a economia daquele local. É a dedicação à criação de um produto que estabelecerá a identidade daquele município onde é desenvolvido.
Alguns lugares aproveitam os traços culturais do seu povo, outros têm características próprias que são consideradas vantagens naturais e propiciam o desenvolvimento de algumas atividades.
Em outros casos, as atividades surgem a partir da vinda de uma empresa que se instala no local e atrai outras que desenvolvem matérias primas para aquela e, com o passar do tempo, toda uma cadeia produtiva é ativada em torno de determinado produto ou serviço que torna-se marcante para aquele lugar. Desta forma, as atividades vão se estruturando e as economias se formando. Independentemente do que venha a ser produzido ou cultivado, o mais importante é que consiga contribuir para o desenvolvimento daquele município, gerando renda e riqueza à população.
Vocação do Vale do Caí
Valendo-se da vocação do Vale do Caí, Pareci Novo (RS) seguiu a produção de citrus e especializou-se na venda de mudas e plantas ornamentais. O município gaúcho possui cerca de quatro mil habitantes e encontra-se 63 km distante de Porto Alegre. A maioria da população possui ascendência germânica, com valores voltados para o progresso a partir do trabalho, com ênfase na organização interna e do espaço em que vivem.
A conciliação entre vocação de um local com o desenvolvimento de algo belo e prazeroso é o que justifica o bom nível de bem-estar e qualidade de vida da população que trabalha diretamente nos viveiros e floriculturas espalhados pela cidade. Afinal, o trabalho é algo enobrecedor e fonte de satisfação quando conseguimos nos inspirar na execução daquele ofício.
Segundo dados do IBGE, 3,7% do território do município está dedicado ao cultivo de flores (cerca de 3.211 hectares), divididos em mais de cem estabelecimentos agropecuários voltados exclusivamente a esta atividade.
Ao entrar em Pareci Novo, tem-se a sensação de que não existe fronteira entre o rural e o urbano, uma vez que grande parte dos viveiros e plantações de mudas estão dentro da cidade. Poucas residências possuem grades ou muros, o que transmite uma sensação de segurança tão inédita nos dias de hoje e, logo em seguida, os viveiros vão aparecendo e encantando os olhos mesmo daqueles que não são exímios observadores.
Alguns mais voltados às mudas frutíferas, outros às plantas ornamentais. Alguns concentram-se no abastecimento de floriculturas, enquanto outros vendem para atacadistas em vários lugares do Brasil. Assim vai acontecendo a atividade econômica de Pareci Novo.
E a mesma mostra-se crescente, principalmente dado o aumento no número de estabelecimentos voltados à fruticultura e floricultura nos últimos anos.
Na primavera que ora se aproxima, vale um passeio ao município para se encantar com tantas cores, tantos aromas, tanta diversidade de plantas. Vale também para entender como se estabelece a cadeia produtiva das flores e o modo de vida de um povo que dedicou-se a uma atividade tão encantadora, saudável e inspiradora.
Pareci Novo – trinta anos
Neste ano, Pareci completou 30 anos de emancipação política, ou seja, é um município ainda novo e que já estabeleceu seu núcleo de desenvolvimento.
Se a atividade permanecer em ascendência como outrora, em breve o Rio Grande do Sul poderá ter o que já existe em São Paulo, na cidade de Holambra, ou seja, um município consagrado pela produção, beneficiamento e comercialização de flores que atrai milhares de turistas e representantes ligados à essa importante cadeia produtiva.
Precisamos do belo para tornar nossa vida mais interessante, nossos dias mais encantadores e, neste sentido, vale muito conhecer Pareci Novo. A estação das flores está chegando. Permita-se encantar com as pequenas obras de Deus e valorizar o trabalho dos homens para que elas apareçam, encantem nossos olhos e tragam o colorido para nossos dias.
A autora, Giovana Souza Freitas, é colaboradora desta Revista, professora universitária e Doutora em Economia.
Texto publicado na edção de setembro de 2022