Artigos › 03/04/2024

Papa Francisco e o autismo

Tornem-se protagonistas da mudança de mentalidade da sociedade!

Federação Italiana de Autismo foi recebida pelo Papa Francisco

Em 2007 a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o 02 de abril como Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Na véspera desse dia, o Pontífice recebeu na sala Clementina, no Vaticano, cerca de 200 membros da Federação Italiana de Autismo.

 

A cultura da inclusão e da pertença

O Papa destacou alguns pontos de reflexão sobre a condição vivida pelos autistas e por todos aqueles que têm alguma deficiência, a começar pela importância de se “construir em conjunto uma sociedade mais inclusiva”, para que familiares, professores e associações “não sejam deixados sozinhos, mas sejam apoiados”:

“É por isso que é necessário continuar a sensibilizar para os vários aspectos da deficiência, quebrando preconceitos e promovendo a cultura da inclusão e da pertença, baseada na dignidade da pessoa. É a dignidade de todos aqueles homens e mulheres mais frágeis e vulneráveis, que são muitas vezes marginalizados por serem rotulados como diferentes ou até inúteis, mas que, na realidade, são uma grande riqueza para a sociedade”.

Em seu discurso, Francisco lembrou do testemunho de vida de Santa Margarida de Città di Castello (1287-1320), da Ordem Terceira de São Domingos, italiana e cega desde o nascimento, que se tornou conhecida pela profunda fé e santidade ao colocar “a sua vida nas mãos do Senhor para se dedicar completamente à oração e ao cuidado dos pobres”. São tantos os casos de pessoas com deficiência que oferecem testemunhos significativos, seja na vocação ou na própria experiência de trabalho, disse o Pontífice.

 

A participação ativa

Ao refletir sobre a cultura da inclusão, o Papa mencionou sobre a possibilidade das  pessoas com o transtorno do espectro autista “participarem ativamente”, enfrentando barreiras físicas e não se fechando, mas “participando”. Para isso, porém, o Pontífice recordou da necessidade de apoiar esse contexto por meio do acesso à educação, ao emprego e às áreas de lazer:

“Isso requer uma mudança de mentalidade. Foram dados grandes passos nessa direção, mas o preconceito, a desigualdade e também a discriminação continuam existindo. Espero que as próprias pessoas com deficiência se tornem cada vez mais protagonistas desta mudança, como vocês testemunharam hoje, colaborando em conjunto, instituições civis e eclesiásticas”.

 

O trabalho em conjunto

Francisco reforçou a importância de se trabalhar em conjunto, de “fazer rede”, sobretudo diante de tantos desafios impostos atualmente que acabam impactando gravemente os mais frágeis, como as pessoas com deficiência e os familiares destas.

A resposta, que também deve vir das comunidades eclesiais e civis, é uma só:

“Solidariedade na oração e solidariedade na caridade que se torna partilha concreta. Diante a tantas feridas, especialmente as dos mais vulneráveis, não desperdicemos a oportunidade de nos apoiarmos uns aos outros (cf. Evangelii gaudium). Assumamos a responsabilidade pelo sofrimento humano com projetos e propostas que coloquem os mais pequenos no centro (cf. Mt 25,40)”.

 

Por uma economia de solidariedade

O Papa concluiu recordando que, assim “como existe uma cultura do descarte e outra da inclusão, também existe uma economia que descarta e uma economia que inclui” e, aqui, o agradecimento de Francisco aos benfeitores que destinam recursos em favor do próximo: “são construtores de uma sociedade mais solidária, inclusiva e fraterna”. O próprio texto bíblico inspira “a colocar a fraternidade no centro da economia para que os pobres, os marginalizados e as pessoas com deficiência não sejam excluídos”. E Francisco finalizou:

“Encorajo vocês a continuarem o seu trabalho caminhando junto às pessoas com autismo: não só para elas, mas antes de mais nada com elas. Vocês sabem bem disso, e também hoje o quiseram dizer com um gesto: em breve, na Praça São Pedro, algumas pessoas com autismo vão cozinhar e oferecer o almoço aos irmãos pobres. Isso é lindo! Uma iniciativa que testemunha o estilo do Bom Samaritano, o estilo de Deus. Como é o estilo de Deus? Proximidade, compaixão, ternura. Com essas três características vemos o rosto de Deus, o coração de Deus, o estilo de Deus”.

Texto adaptado retirado do site https://www.vaticannews.va/pt.html

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.