Artigos › 18/04/2022

A conversão de um jovem que se tornaria o PAPA FRANCISCO

A conversão de um jovem que se tornaria o PAPA FRANCISCO

 

 

Podemos contemplar o jovem Jorge, aos 17 anos, caminhando pelas ruas de Buenos Aires ao encontro de seus amigos para festejar o Dia do Estudante. Era o dia 21 de setembro, festa litúrgica de São Mateus Apóstolo.

 

Ao passar diante de sua comunidade paroquial, a Igreja de San José de Flores, decidiu entrar para fazer uma breve oração. Ao ingressar na Igreja, encontrou um padre que ainda não conhecia e que logo transmitiu-lhe grande confiança e espiritualidade. Imediatamente pediu para receber o sacramento da Reconciliação. Bergoglio recorda detalhes daquele momento. Não foi apenas uma confissão a mais, foi o seu grande encontro pessoal com a Misericórdia e o amor de Deus. Mais tarde, como Cardeal, ao lembrar este fato, ele mesmo revela que naquele momento sentiu que tinha ido ao encontro de Alguém que já o estava esperando. Sentiu que algo estava mudando em sua vida. Assim, desistiu de ir ao encontro de seus amigos para festejar e, ao invés disso, retornou a sua casa e revelou a sua família, ainda que sem saber ao certo o que significava, seu grande desejo: “Quero e tenho que ser padre!”

Ainda que continuasse convicto de sua vocação religiosa, Jorge Bergoglio continuou amadurecendo a ideia de abraçar a vida sacerdotal. Após alguns anos, decidiu entrar no Seminário da Arquidiocese de Buenos Aires, mas logo após, encantou-se pelo modo de ser dos Jesuítas, que, na época, dirigiam o Seminário. Deste modo, pediu para ser admitido ao noviciado da Companhia de Jesus.

 

A “segunda conversão” do Pe. Jorge Bergoglio

Bergoglio foi ordenado padre e pouco tempo depois recebeu a missão de ser mestre de noviços e, com apenas 34 anos, já era provincial dos jesuítas da Argentina. Após ter exercido cargos importantes, o então Pe. Bergoglio recebeu a missão de ser confessor e acompanhante espiritual no mesmo local onde antes tinha estado como noviço. Bergoglio recorda aqueles dias como “tempo de escuridão e de sombras”, mas ao mesmo tempo, Córdoba era a cidade onde encontrou a rota de Deus em sua vida, o caminho para a sua purificação interior. De fato, era a primeira vez, desde que tinha sido ordenado presbítero, que não assumia um cargo de governo. Aquela cidade foi para ele como uma “Nazaré”, mais que um lugar, um tempo oportuno para cuidar-se a crescer quase que no anonimato, no abraço gratuito das fadigas simples do cotidiano.

O Papa Francisco afirma ainda que aquele tempo ofereceu a ele a oportunidade de viver a sua “segunda conversão”. Como confessor, passou a atender pessoas provenientes dos lugarejos vizinhos que vinham à Igreja para receber a consolação do Senhor. Professores e estudantes, ricos e pobres, pessoas com diferentes situações de vida, que confirmavam o coração de Bergoglio no desejo de salvar as almas. Depois de ter ocupado altíssimos cargos entre os jesuítas da Argentina, Jorge tornou-se um simples servidor do Evangelho. E como ele mesmo afirmou: “Córdoba foi um propedêutico da missão que Deus ainda estava por confiar”.

No livro “El jesuíta” o então arcebispo de Buenos Aires revelou com muita sinceridade a sua profunda experiência de encontro com sua própria miséria e a misericórdia de Deus: “A verdade é que sou um pecador a quem a misericórdia de Deus amou de um modo privilegiado. Desde jovem, a vida me colocou em cargos de governo – recém ordenado presbítero fui designado mestre de noviços, e dois anos e meio depois, provincial – e tive que ir aprendendo durante o percurso, a partir dos meus erros, porque isso sim, cometi erros aos montes. Erros e pecados. Seria falso da minha parte dizer que hoje em dia peço perdão pelos pecados e ofensas que poderia ter cometido. Hoje, peço perdão pelos pecados e ofensas que realmente cometi.”

Em 1998, foi nomeado Arcebispo primaz da Argentina e três anos mais tarde se torna Cardeal pelas mãos do então Papa, João Paulo II, participando em 2005 do conclave que elegeu Bento XVI.

Antes de ser nomeado Papa, Bergoglio já era um sacerdote que se destacava no continente americano, muito amado em sua diocese e reconhecido por ser um pastor simples.

O Papa Francisco nos convida, através de sua própria experiência de conversão e do perdão de Deus, a percorrer os sendeiros de sua misericórdia e como ele sempre nos repete: “jamais podemos nos cansar de pedir perdão, porque Deus jamais se cansa de nos acolher e perdoar!”.

 

A autora, Laura Echevenguá Job, é colaboradora desta revista e estudante universitária de enfermagem em Porto Alegre (RS)

Texto publicado na edição de abril de 2022

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