Artigos › 21/11/2017

Qual é o lamento dos finados?

Se a pergunta parece óbvia, e a resposta fácil, pense mais um pouco! Para os cristãos católicos, novembro é o mês da esperança. E onde há esperança não há o que lamentar, só aguardar, agindo em favor do que se espera. Neste caso, é o reencontro feliz com aqueles que já faleceram e estão com Deus!

Por outro lado, muitos são os motivos para lamentar, especialmente quando não existe esperança. Lamentamos por medo de sofrer, lamentamos por estar sofrendo, lamentamos quando não acreditamos ter fim o sofrimento.

Motivos estes que são vencidos pela certeza, na fé, de que a morte não é o fim eterno. É um fim, mas não eterno! Fim para este estado de vida, fim para esta forma de se relacionar. Mas, como ensina Jesus, ao falar da própria morte: “Se o grão de trigo não morrer, ficará só (ficará só porque os outros morrerão; ficará só sendo um grão) mas, se acaso ele morrer, muito fruto há de dar!” (Jo 12,24). Daí vem a expressão “ficar para semente!” A semente só alcança o seu objetivo de existência se for sepultada na terra e se abrir para uma nova vida, produzindo os frutos que dela se espera.

Outro motivo apontado é a saudade. Mas saudade não tem dia para ser sentida. A ausência provoca a saudade a qualquer momento. Então, o lamento no dia de finados também não se explica somente pela saudade.

Se a esperança cristã acompanha os enlutados e conforta, na saudade, aqueles que comungam esta fé, então qual seria o motivo do lamento no dia de finados?

Para algumas pessoas, a ida ao cemitério é adiada, às vezes por um ano ou mais, pois ir a este espaço desperta uma comoção sem que se saiba a sua origem. A razão pode ser porque o ambiente cemiterial demonstra a provisoriedade da vida e a transitoriedade de todas as coisas. Ir ao cemitério é encarar a certeza da própria morte que, há de demorar, mas chegará. E esta certeza é lamentável!

Tudo em nós reclama a vida. Nossos planos; a renovação do tempo e das estações; a resiliência que nos ergue depois dos embates; a superação das doenças que nos capacitam a desenvolver nossos projetos; nossas células que se nutrem e se refazem para o corpo poder se manter. Tudo é vida que quer sobreviver! E o dia de finados, quando não vivido pelo âmbito da fé, parece apresentar a derrota das vidas vencidas pela morte.

Mas, não! A morte foi vencida pelo amor. Amor que, mais que sentimento, é vida encarnada e doada para que todos possam viver, aqui na fé e na eternidade, na visão e na comunhão com todos os que nos precederam e nos esperam na casa do Pai.

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