Um novo Pentecostes

Um novo Pentecostes

Pentecostes lembra o dia em que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos, Maria e outras mulheres, reunidos na mesma sala onde Jesus instituiu a Eucaristia. Não obstante, a Festa de Pentecostes tem sua origem no Antigo Testamento.

A Festa que chamamos de “Pentecostes” (quinquagésimo dia, em grego) teve início quando o povo de Israel estava prestes a sair do Egito. Na noite de sua partida, Deus orientou que celebrassem a “Pessach” – Páscoa (passagem em hebraico), marcando suas portas com o sangue do cordeiro. Assim o anjo “passaria” e pouparia os filhos primogênitos dos hebreus. Essa foi a primeira Páscoa dos filhos de Israel. Deus ordenou que essa festa se repetisse anualmente relembrando a saída e libertação de Israel da escravidão no Egito. Cinquenta dias depois do êxodo, os israelitas chegaram ao monte Sinai. Ali, Deus lhes deu a Lei por intermédio de Moisés e ordenou que observassem os seus mandamentos e comemorassem aquele dia também anualmente. Esse foi o primeiro Pentecostes e deveria ser lembrado como o dia da promulgação da Lei de Deus.

Uma nova lei

A Páscoa cristã nasceu com a ressurreição de Cristo, que nos liberta da escravidão do pecado. Cinquenta dias depois, aconteceu o dia de Pentecostes – o Espírito Santo veio, e deu-nos uma nova lei, não mais escrita em tábuas de pedras, mas, em corações humanos. Essa é a comemoração do dia de Pentecostes para os cristãos hoje.

A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes confirmou a realidade da presença, poder e comunhão de Deus com o seu povo. Cristo prometeu estar junto daqueles que creem e isso acontece através da Pessoa do Espírito Santo. Cinquenta dias depois da ressurreição, o Espírito de Deus veio habitar em nós (Jo 14,16-17).

No Pentecostes houve o cumprimento da promessa de Jesus, que não deixaria seus seguidores sozinhos (Jo 15,26). Além dessa, outras profecias do Antigo Testamento foram cumpridas com a vinda do Espírito Santo

(Jl 2,28-29), (Is 44,3), (Ez 39,29). Através desse maravilhoso cumprimento, o dia de Pentecostes deu prova inquestionável:

• Da verdade das promessas de Deus, o cumprimento das profecias do Antigo e Novo Testamentos.
• Da realidade do Evangelho e da missão de Cristo, o Espírito Santo é quem os faria lembrar das palavras de Cristo e revelaria o significado da Sua mensagem (Jo 14,26) e convencer aos pecadores do pecado, do juízo e da justiça de Deus (Jo 16,8).
• Da verdade de Cristo aos corações dos salvos, o Espírito testifica ao nosso coração hoje que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que somos filhos de Deus (Rm 8,16).

Um novo Pentecostes

O dia de Pentecostes após a ressurreição de Cristo marca o início da Festa da Colheita, simbolizando a inauguração das muitas colheitas que viriam por meio da Palavra da fé e ação do Espírito de Deus. Cristo semeou sua vida na Páscoa e agora a colheita dos frutos viria através do Seu Santo Espírito (At 2).

Estavam todos reunidos num só lugar. Apesar das diferenças, os crentes podem estar de acordo no que é essencial, vivendo o amor fraternal. Os cristãos hoje não podem estar todos juntos num só lugar, mas podem ter o mesmo Espírito, a mesma fé, o mesmo amor (Ef 4,5), sem preconceitos, partidarismo e divisões.

Deus está trabalhando nos corações e agindo a todo tempo, apesar de não parecer para os espectadores que seja assim. O Espírito de Deus está atuando vivamente através da Palavra de Cristo, repentinamente, coisas maravilhosas e surpreendentes acontecem.

A semelhança do som com o vento é muito sugestiva nesta ocasião. Provavelmente os discípulos devem ter se lembrado de quando Jesus lhes disse “o vento sopra onde quer” (Jo 3,8). Os que são nascidos de Deus precisam nascer da água (batismo) e do Espírito (Jo 3,5). Outras ocorrências do vento que vivifica com o espírito aparecem em Gênesis e Ezequiel. Deus soprou e o homem tornou-se alma vivente em Gênesis 2,7. E, na visão do vale de ossos secos, vemos outra associação do vento com o Espírito vivificante em Ezequiel 37,9-10.

Desde o evento de Pentecostes, Deus dá vida à sua Igreja por meio do Espírito Santo enviando discípulos-missionários para a missão.

Deus continua derramando seu Espírito Santo e essa graça transformadora e inspiradora é para todos. Deseje e abra o seu coração para o tempo do Espírito Santo de Deus!

O autor, Anderson Zuconelli, é colaborador desta revista, coordenador diocesano da RCC da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão e estudante do Curso de Teologia da Fapas/Unilasalle Polo Coronel Vivida (PR)

Texto publicado na edção de junho de 2022