Fraternidade e educação
Fraternidade e educação
A CAMPANHA DA FRATERNIDADE (CF) DE 2022 TRAZ COMO TEMA CENTRAL: “FRATERNIDADE E EDUCAÇÃO” E O LEMA: “FALA COM SABEDORIA, ENSINA COM AMOR” (PR 31, 26).
Como bem sabemos, o tempo da Quaresma é o tempo favorável para conversão e mudança em nosso modo de agir. Desse modo, a Igreja do Brasil, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vê a necessidade de voltarmos os olhos e o coração para a temática da educação.
Iluminados pela fé cristã, somos convocados a iniciar um novo caminho com vistas para o horizonte da educação humanizadora e integral. Este processo deve se efetivar a partir de duas perspectivas: vertical, que é a relação do ser humano com Deus e horizontal, que é a relação do ser humano com o ser humano.
SITUAÇÃO EDUCACIONAL DO BRASIL
A situação educacional do nosso país é caótica. Segundo o Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, o Brasil ocupa a 53° posição no ranking dos 65 países avaliados. Não obstante, os incentivos e programas educacionais, que proporcionam a 98% da população com idade entre 6 e 12 anos o acesso à educação básica, ainda hoje cerca de 731 mil crianças estão fora da escola. Consideremos que este número teve, sem dúvidas, um aumento expressivo nos anos de 2020 e 2021, haja vista que a pandemia inviabilizou, por conta da falta de estrutura, o desenvolvimento e o progresso mínimo das condições educacionais. Vale recordar que o acesso à escola não é sinônimo de qualidade na educação.
Num país onde se investiu, nos últimos quatro anos, apenas 4% do PIB (Produto Interno Bruto), pergunto: qual é a possibilidade de haver um progresso real e eficiente na educação? É nesta primeira etapa da instrução escolar que se deve direcionar todo esforço e recursos necessários. É fundamental incentivar e capacitar o corpo funcional das instituições em todos os setores e favorecer um ambiente agradável de estudo, aprendizado e trabalho a todos os que estão na escola.
COOPERAR COM A EDUCAÇÃO
O cuidado e a manutenção da educação não são somente responsabilidade do governo. São Vicente Pallotti nos convoca a cooperar, cada qual na sua condição, para que, também, a educação evolua. A partir do momento que assumirmos o compromisso com a escola do nosso bairro, nos colocarmos à disposição da coordenação para colaborar na formação dos alunos e na organização e manutenção da estrutura escolar, poderemos colher frutos mais saborosos, pois ali está a nossa contribuição. A educação deve ser integradora e compartilhada com a comunidade. Além do mais, a boa educação depende, majoritariamente, da inter-relação entre duas instituições, a saber, família e escola.
Nesta Campanha da Fraternidade, a Igreja convoca-nos para que, seguindo o exemplo de Simão Cirineu, ajudemos, em toda e qualquer circunstância, a todos que carregam a cruz da falta de acesso à educação e o alarmante e nefasto analfabetismo.
EXEMPLO DE EDUCADOR
Devemos sempre recordar que o maior educador é o próprio Jesus Cristo. Ele se põe sempre a nossa disposição a fim de, numa atitude pedagógica de amor, nos ensinar.
É evidente que a educação ajuda a amenizar a pobreza, mas, para além desta consequência, a educação ajuda a humanizar e a prevenir o mal banal que esteve presente nos líderes dos sistemas totalizantes, e hoje infiltra-se, sorrateiramente no sistema educacional. Todos eram bem instruídos e, mesmo assim, cometeram e cometem erros irreparáveis à humanidade.
A boa educação formal promove a autonomia e fornece à pessoa as condições necessárias para que se observe, com atenção, o ambiente em que se está inserido, pense e reflita, com seriedade, os problemas atuais e saiba reconhecer os perigos que a educação apenas por protocolos e sem humanidade são para o mundo.
A Igreja, com esta Campanha da Fraternidade, quer fazer valer o que reza a Constituição Federal, que afirma e “assegura” uma educação universal, gratuita e de boa qualidade.
Humanizar significa despertar em todos o espírito de compaixão e fraternidade.
O autor, Hayan Deonir Flach, é colaborador desta revista e seminarista Palotino em Santa Maria (RS)
Texto publicado na edição de março de 2022