Artigos › 02/12/2021

PALLOTTI, PRECURSOR DA SINODALIDADE

PALLOTTI, PRECURSOR DA SINODALIDADE

O Papa Francisco fez a todos os católicos um chamado para colaborarem na construção de uma Igreja Sinodal. Mas, o que Pallotti tem a ver com a sinodalidade? Não é um exagero atribuir a Pallotti tamanha responsabilidade, a de ser um precursor de tal missão?

 

É de se notar que o modo de ser Igreja ao longo destes anos vem se modificando, ou melhor, se clareando. Desde 2020, nossas vidas não são as mesmas. A pandemia está nos dando um novo paradigma para repensarmos nosso papel na sociedade e, principalmente, na Igreja. Com sua proposta, o Papa Francisco nos faz pensar na importância da sinodalidade, realidade muito antiga, mas um tanto esquecida ultimamente. Lembra o Vaticano que uma Igreja Sinodal “exige que todo o Povo de Deus esteja num caminho em conjunto, com cada membro a desempenhar o seu papel crucial, unidos uns aos outros. Caminha-se em comunhão para prosseguir uma missão comum através da participação de cada um dos seus membros”.

 

Participação da UAC

Como a União do Apostolado Católico (UAC) se vê diante desta realidade sinodal? A UAC continuará sendo a mesma diante de tal proposta? Como repensar nossas práticas e nossa história partindo desse Novo/Antigo paradigma?

Diante destas e outras questões, nós, membros da UAC e participantes do carisma palotino, podemos assumir pessoalmente a pergunta lançada no Documento Preparatório (DP) para o Sínodo do Bispos de 2023: “Como este ‘caminhar juntos’ tem lugar, hoje, em diferentes níveis (desde o local ao universal), permitindo que a Igreja anuncie o Evangelho? E quais os passos que o Espírito nos convida a dar para crescermos como Igreja sinodal?” (DP 2).

Esta pergunta não merece uma resposta impulsiva sem, ao menos, um processo de meditação e autoavaliação. Para isso, o Documento Preparatório (DP, n. 2) nos dá oito pontos fundamentais para construirmos, em comunidade, uma robusta resposta.

 

Pontos fundamentais

  1. Fazer memória do modo como o Espírito orientou o caminho da Igreja ao longo da história e como hoje nos chama a ser, juntos, testemunhas do amor de Deus;
  2. Viver um processo eclesial participativo e inclusivo, que ofereça a cada um – de maneira particular àqueles que, por vários motivos, se encontram à margem – a oportunidade de se expressar e de ser ouvido, a fim de contribuir para a construção do Povo de Deus;
  3. Reconhecer e apreciar a riqueza e a variedade dos dons e dos carismas que o Espírito concede em liberdade, para o bem da comunidade e em benefício de toda a família humana;
  4. Experimentar formas participativas de exercer a responsabilidade no anúncio do Evangelho e no compromisso para construir um mundo mais belo e mais habitável;
  5. Examinar como são vividos na Igreja a responsabilidade e o poder, e as estruturas mediante as quais são geridos, destacando e procurando converter preconceitos e práticas distorcidas que não estão enraizadas no Evangelho;
  6. Credenciar a comunidade cristã como sujeito credível e parceiro fiável em percursos de diálogo social, cura, reconciliação, inclusão e participação, reconstrução da democracia, promoção da fraternidade e da amizade social;
  7. Regenerar as relações entre os membros das comunidades cristãs, assim como entre as comunidades e os demais grupos sociais, por exemplo, comunidades de crentes de outras confissões e religiões, organizações da sociedade civil, movimentos populares etc.;
  8. Favorecer a valorização e a apropriação dos frutos das recentes experiências sinodais nos planos universal, regional, nacional e local.

 

Nestes pontos apresentados pelo documento é possível perceber a proposta do carisma palotino? Cada carisma da Igreja é convidado a ler os sinais dos tempos com os óculos de seu fundador. Pallotti, portanto, não lançou a proposta de um sínodo, nem mesmo sobre a sinodalidade, mas nos legou o princípio da união (caminhar juntos) como fundamento da nossa espiritualidade, do nosso carisma, e ainda mais, da nossa missão.

 

Uma igreja sinodal

Uma Igreja Sinodal acontece quando todos, grandes e pequenos, formados, estudantes, operários, ricos e pobres, padres leigos, religiosos e seculares, comerciantes e empresários, funcionários, artistas e artesãos, comunidades e indivíduos assumem seu lugar na missão eclesial. Cada qual no seu próprio estado, na própria condição, de acordo com os próprios dons, podem dedicar-se às obras do Apostolado Católico para reavivar a fé e reacender a caridade e propagá-las em todo mundo.

Por fim, reitera o Vaticano: “À medida que a Igreja embarca neste caminho sinodal, devemos esforçar-nos por nos basearmos em experiências de escuta e discernimento autênticos no caminho de nos tornarmos a Igreja que Deus nos chama a ser”.

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