OS PAIS SANTOS DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS
Recentemente, no início do mês de agosto, o mundo católico voltou sua atenção para Lisboa, onde ocorreu a 37ª Jornada Mundial da Juventude, que reuniu centenas de milhares de jovens em torno do Papa Francisco.
A Jornada Mundial da Juventude foi criada em Roma, no início da década de 1980, pelo Papa São João Paulo II. De lá para cá os encontros vêm acontecendo em várias partes do mundo, inclusive uma das jornadas foi no Brasil, em 2013, sendo esta a primeira presidida pelo atual Papa.
Nesta introdução quero destacar uma frase dita por João Paulo II por ocasião da 15ª JMJ, ocorrida na Itália. Ele clamou em voz alta: “Jovens de todos os continentes, não tenhais medo de ser os santos do novo milênio”!
Quando se fala em santos, parece que vêm à mente de muitos uma imagem distante e quase impossível de ser atingida. Você já se deu conta que todos nós somos chamados à santidade?
Várias passagens bíblicas repetem o convite à santidade. Vou citar apenas duas: “Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor” (Hb 12,14). Outra passagem: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3).
Aliás, sobre esse tema eu escrevi um artigo nesta revista em agosto de 2010, cujo título era: “Eu ainda quero ser santo”, ou seja, ser santo não é uma pretensão e sim uma digna vocação de todo cristão.
Mas de onde vêm os santos? Será que eles caem prontos do céu? Claro que não! São pessoas humanas, como todos nós, que optaram por priorizar a vontade de Deus em suas vidas.
No ano passado, a revista apresentou uma bela matéria sobre Santa Teresinha. Neste ano vamos abordar a santidade dos pais de Santa Teresinha. Você me acompanha? Então, vamos!
A ORIGEM DE TUDO
Luis Martin, o pai de Santa Teresinha, nasceu em 22 de agosto de 1823 na cidade de Bordeaux, na França. Já Zélia Guérin, a mãe de Santa Teresinha, nasceu em 23 de dezembro de 1831, em Saint-Denis-sur-Sarthon, também na França. Ambas as famílias eram muito católicas e de pais militares.
Outra coincidência é que ambos queriam dedicar a vida a serviço de Deus e da Igreja. Luis, aos 22 anos, tentou ingressar no mosteiro da Grande São Bernardo, mas como não sabia latim, não foi aceito.
Zélia queria entrar na Ordem das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, mas a madre superiora a convenceu de desistir da vida religiosa. No meu entender, nesses dois casos está bem clara a ação da Providência Divina, que tinha outros planos para eles.
Luis se tornou relojoeiro e Zélia rendeira. Outra coincidência é que as famílias dos dois se mudaram para a cidade de Alençon, onde os jovens se conheceram.
CASAMENTO
Luis e Zélia se conheceram em abril de 1858 na ponte São Leonardo. Embora o casamento não estivesse anteriormente nos planos dos dois, eles se apaixonaram e se casaram em julho daquele mesmo ano.
O curioso é que o casamento foi à meia-noite, entre os dias 12 e 13, na Basílica de Notre Dame de Alençon. Era costume na época casar naquele horário.
O chamado à santidade era evidente no casal. Eles iam à missa diariamente, tinham muita oração pessoal e comunitária, se confessavam com frequência e participavam da vida na paróquia.
Dessa união nasceram nove filhos, sendo que quatro morreram prematuramente. Sobreviveram cinco filhas, entre as quais está a querida Santa Teresinha. As cinco irmãs se chamavam Marie, Pauline, Léonie, Céline e Teresa. Todas se tornaram freiras, sendo Teresa a caçula.
Zélia faleceu com apenas 45 anos, devido a um tumor no seio. Teresinha tinha apenas quatro anos e sentiu muito a perda da mãe. O pai, então, decidiu mudar-se com toda a família para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia. Foi a tia Celina quem ajudou a cuidar e a criar as filhas de Zélia e Luis, que veio a falecer aos 71 anos.
Teresinha foi proclamada santa em 17 de maio de 1925. Além disso, ela é considerada a padroeira das Missões e doutora da Igreja.
Luis e Zélia foram canonizados em 18 de outubro de 2015. Foi a primeira vez que um casal é canonizado ao mesmo tempo na história da Igreja. A memória litúrgica de ambos é celebrada dia 12 de julho.
A lembrança desse casal também é útil para refletir que o casamento pode ser uma fonte de santidade. Não importa para qual vocação você é chamado, desde que faça o melhor possível para que ela lhe aproxime, sempre mais, do Senhor.
Carlos Alberto Veit
O autor, colaborador desta Revista, é professor,
jornalista e psicólogo clínico em Porto Alegre (RS)
E-mail: oficialcarlosveit@gmail.com