Gestos de solidariedade
Valmir Antônio Wischnski, 66 anos, aposentado, reside no bairro Santa Felicidade, em Cascavel (PR). Há dois ele ganhou de presente de um de seus filhos uma garapeira. “Recebo uma aposentadoria minguada e precisava completar minha renda. Na minha idade esse é o único serviço que dá para sobreviver. O meu filho, que mora em Curitiba, me deu essa garapeira. Estava preocupado por não estar mais conseguindo arrumar serviço. Nunca fiquei parado e Deus preparou isso aqui e estou feliz”.
O seu Valmir cultiva a própria lavoura de cana numa faixa de terra que fica debaixo das torres de alta tensão da Companhia Paranaense de Energia, que corta o bairro onde mora. Este espaço ocioso de terra é dividido pela companhia entre os vizinhos de acordo com algumas regras de proteção e segurança.
O nome científico da garapa ou caldo de cana é Saccharum officinarum e vem da família do Poaceae. Sua origem é de Papua Nova Guiné. O caldo de cana é conhecido por fornecer energia para o corpo e dar força para trabalhar. Ele é nutritivo e contém 15% de açúcar natural. Também é rico em sais orgânicos e nutrientes como carboidratos, proteínas e minerais como cálcio, fósforo, ferro, zinco e potássio.
A cana de açúcar é de fácil manuseio e em qualquer lugar é possível cultivar com um custo baixo. Embora seja nativa de Papua Nova Guiné, ela tornou-se parte da produção agrícola de mais da metade do mundo, incluindo a Ásia e a América.
Segundo dados nutricionais, o caldo de cana traz muitos benefícios para a saúde. Diminui as espinhas, dá energia instantânea, previne o câncer, fortalece o sistema imunológico, evita o mau hálito, fortalece as unhas, alivia a febre, protege os rins, trata a constipação e controla o açúcar no sangue.
O seu Valmir, na sua simplicidade, ficou admirado com os benefícios do produto que oferece aos seus clientes. “Não imaginava que estava servindo tantos benefícios para os meus clientes”.
Ao entrevistá-lo observei dois elementos bem interessantes. O primeiro é a proteção divina. “Ao sair de casa todas as manhãs sempre peço a proteção de Deus para me livrar dos maus pensamentos, colocar paz no meu coração, ânimo, coragem e sabedoria para atender bem o próximo”. O segundo elemento é o nobre gesto de solidariedade da empresa de material de construção que fornece gratuitamente a energia elétrica para o seu Valmir. Conversei com o gerente da empresa que me confirmou a gratuidade da energia, bem como a construção da calçada com um espaço especial para estacionar a Kombi. Da parte do seu Valmir, a empresa pede que ele conserve o espaço limpo, pois isso fica bonito e agradável para todos.
Fiquei admirado com o nobre gesto da empresa de material de construção (Construcal) em oferecer tantos benefícios para um idoso. Normalmente, as empresas tendem ao lucro sem levar em consideração o ser humano, sobretudo, os considerados invisíveis da sociedade.
Como seria interessante praticar gestos mais específicos de solidariedade para com o outro, com os vizinhos, colegas de trabalho. Também, por outro lado, definir uma família e acompanhá-la de modo personalizado no intento de criar laços de confiança. Esse acompanhamento personalizado é imprescindível para uma relação mutua de ajuda que, de certa forma, colabora até na autoestima. Quando se criam laços com o outro, acontece uma assistência, uma corrente de solidariedade. A palavra assistência diz respeito ao ato de assistir, de marcar presença, pois a presença também é um gesto de solidariedade.
Neste Natal, faça algo diferente para uma pessoa. Acompanhe sua família não apenas com coisas, mas com afeto ao longo do próximo ano. Incentive aos estudos, cursos profissionalizantes etc. Pois isso sim é gesto concreto de Natal!
Por Judinei Vanzeto – Jornalista