Artigos › 25/05/2021

Conscientização do Autismo

Significado dos símbolos do autismo - Dicionário de SímbolosEm 2007, a ONU declarou a data de 02 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O símbolo do autismo é o quebra-cabeça, que denota sua diversidade e complexidade.

Ser autista é possuir uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social e comportamento. Não há só um, mas muitos subtipos do transtorno, atualmente escalonados em níveis do mais leve (nível 1) ao mais severo (nível 3).

A diversidade de níveis de comprometimento e comorbidades é tão abrangente que se usa o termo “espectro”.

O nível 1 necessita apoio. Na ausência de apoio, déficits na comunicação social podem causar prejuízos. A criança tem dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros. Pode aparentar pouco interesse por interações sociais. Resistência em trocar de atividade e problemas para organização e planejamento são obstáculos à independência.

No nível 2 o apoio também é importante.

A criança tem déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal, prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio, limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem dos outros. Dificuldade de lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos aparecem com frequência e muita dificuldade para mudar o foco ou as ações.

O nível 3 exige um apoio muito substancial. O autista tem déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal, limitação em iniciar interações sociais e resposta mínima a aberturas sociais que partem de outros. Tem extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restrito-repetitivos.

Apenas três destes sinais presentes em qualquer nível numa criança de um ano e meio já justificam uma suspeita para se consultar um médico neuropediatra ou um psiquiatra da infância e da juventude. Muitos diagnósticos são feitos tardiamente, até por resistência dos pais em aceitar o problema.

É importante lembrar que, embora existam as manifestações mais comuns, elas não são condições determinantes para diagnosticar um autista. É necessário um acompanhamento profissional minucioso e processual para se diagnosticar com precisão.

O ideal é que esse diagnóstico seja feito de forma coletiva, com a participação de diferentes profissionais, tais como pediatras, psiquiatras, clínicos gerais, psicólogos educacionais e fonoaudiólogos, além de utilizar também relatos da família, professores e de pessoas próximas.

Relato de um caso real

Atuei como professora de Educação Infantil por sete anos, com alunos na faixa etária de 2 a 3 anos, e tive a alegria de ter um aluno autista, uma criança incrível, amorosa e inteligentíssima. Mesmo com suas limitações, ele acompanhava as atividades, interagia a seu modo e em momentos de crise sempre buscava apoio em seu ponto de referência na escola; comigo era bastante afetuoso.

Durante o período de adaptação foi importantíssimo o apoio familiar e pedagógico da escola. Naquele momento ainda não tínhamos um laudo médico, mas eu como profissional da educação já percebia as manifestações do espectro autista. Ele tinha dificuldades em participar de jogos e brincadeiras com muito contato com os colegas, se auto agredia e ficava nervoso.

Com muito carinho e dedicação, estabeleci um laço de confiança com o aluno e sua família. Em sua primeira avaliação incentivei que os pais procurassem um psicólogo, pois algumas atitudes marcantes do espectro eram bem visíveis.  Ele necessitava de uma rotina organizada e bem estruturada. Quando algo fugia da sua rotina cotidiana ficava agitado e bastante nervoso, por isso era importante que sempre antecipasse para ele as situações e atividades que ocorreriam.

No começo a aceitação foi bem difícil, mas com muitos diálogos e demonstrações de evoluções nas interações sociais, a família foi apoiando o trabalho. E de uma forma apaixonante pude ver meu aluno iniciando contato com colegas e vivendo em coletivo, e como foram importantes o envolvimento e a aceitação da família.

Ao identificar um caso em sua família ou com amigos, apoie e incentive a busca por ajuda profissional. É importante diagnosticar para que o autista tenha as melhores possibilidades e oportunidades de vivenciar o coletivo.

A autora, Jéssica Brolo dos Reis, colaboradora desta Revista, é Professora de Educação Infantil e bacharel em Administração. 

Texto publicado na edição de abril/2021. 

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.