Artigos › 25/12/2024

Eis que vem a Luz das nações (Lc 2,1-20)

Longa viagem, frio, noite estrelada, tudo é mistério. No seio de Maria, o Verbo encarnado, Jesus, o Filho de Deus. São José à frente, silencioso, olha sempre para ver Maria, se está bem. Ainda falta muito para chegar a Belém. Colinas, vales, pedras, vento frio… O céu mais estrelado que já houve na história da humanidade.

 

Chegam a Belém, procuram um lugar e não encontram. Maria cansada, pálida, próxima da hora de dar a luz. Não há revolta, nem questionamentos, são os acontecimentos envoltos em mistério que sempre os acompanharão. José faz da gruta de animais o melhor que pode para o Filho de Davi. Há uma fogueira, palha macia, um lugar seguro, à frente o céu recortado de enormes estrelas e constelações. Os animais se aninham e, por um momento, parece que o tempo espera.

Eis que vem a luz, a Luz das nações. Tudo é luz, a noite é só luz; Maria irradia luz, José é envolto em luz. Ao longe, veem se aproximar tochas de fogo, pequenos animais brancos e silenciosos; homens com cajado; são alguns pastores da região, assustados com uma mensagem ouvida e vista: sem perguntas, sem questionamentos, se prostram diante daquele recém-nascido, tão frágil, tão terno, tão pobre, envolto em faixas, no meio da palha, ao lado de sua tão bela e jovem mãe, envolta em luz. Como todas as mães, Maria olha a criancinha nascida de suas entranhas, a nina com seus braços e fala com ela. Contemplemos como o acaricia, o balança, o acalenta e o amamenta. Também as ovelhas se achegam ao redor do Menino com suas lãs macias e quentes.

Tudo é silêncio, tudo é luz, tudo é mistério. Em uma pobreza extrema sente-se o imenso amor de Deus. Todos, neste momento, se tornam ricos no amor do Pai. Eu também estou ali; prostro-me ante o mistério insondável. Olho o Menino, calmo, sereno, tranquilo. Vejo Maria e José, cheios de luz. Os pastores, os animais, quanta paz! Os anjos cantam e louvam a Deus. Reconheço o quanto Deus nos ama. Sua divindade desceu até nós para nos elevar até Ele.

O dia amanhece. O Sol nascente veio visitar. Os pastores ofereceram a lã de suas ovelhas, o leite e o mel que traziam; seus mantos surrados, mas quentes. A felicidade dos pastores não lhes cabe nos corações ao ver o Salvador, nascido em um lugar pobre como os lugares em que eles trabalham. Louvo a Deus por tudo o que vejo e sinto ao contemplar o nascimento de Jesus. O Menino deitado na manjedoura nos revela que não estamos sós, nos revela que “Deus está conosco”.

E eu que posso oferecer a Ti, Senhor? Ofereço-Te o meu amor, o meu desejo de Te seguir aonde quer que ande; as minhas fragilidades, a minha vida e tudo mais que me pedires. Quero continuar o meu caminho como os pastores, sem nada, sem morada certa, sem alimento na hora; tendo as estrelas como teto e sem amarras para poder Te seguir e servir.

 

 

PADRE LINO BAGGIO, SAC

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino em Coronel Vivida (PR)

lino_baggio@terra.com.br

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