Artigos › 08/06/2023

A Eucaristia não é simples lembrança é um fato: é a Páscoa do Senhor, que ressuscita para nós

Na Missa de Corpus Christi, solenidade que celebra o mistério da Eucaristia – o Sacramento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, no ano de 2020, o Papa falou da importância de não se esquecer de Deus e apontou ainda como recordá-lo bem, de forma a viver uma vida melhor e curar as feridas que nos afligem.

Francisco afirmou que Deus sabe como é difícil transmitir a fé de geração em geração, por isso, Deus não nos deixou só a Escritura, porque é fácil esquecer o que se lê. Não nos deixou apenas sinais, porque se pode esquecer também o que se vê. Deu-nos um Alimento, e é difícil esquecer um sabor. Deixou-nos um Pão em que está Ele, vivo e verdadeiro, com todo o sabor do seu amor. Ao recebê-Lo, podemos dizer: “É o Senhor! Ele lembra-Se de mim”. Foi por isso que Jesus nos pediu: “Fazei isto em memória de Mim” (1Cor 11,24). Fazei.

A Eucaristia não é simples lembrança; é um fato: é a Páscoa do Senhor, que ressuscita para nós. Também afirma que, na Missa, temos diante de nós a morte e a ressurreição de Jesus. Não podemos ficar sem a Eucaristia, pois ela é “o memorial de Deus” e “cura a nossa memória ferida”.

 

Eucaristia cura, antes de tudo, a nossa “memória órfã”

Vivemos numa época de tanta orfandade. Muitos têm a memória lesada por faltas de afeto e dolorosas decepções. Gostaríamos de voltar atrás e mudar o passado, mas não se pode. Deus, porém, pode curar estas feridas, introduzindo na nossa memória um amor maior: o d’Ele. A Eucaristia traz-nos o amor fiel do Pai, que cura a nossa orfandade. Dá-nos o amor de Jesus, que transformou um sepulcro, de ponto de chegada, em ponto de partida e da mesma maneira pode inverter as nossas vidas. Infunde-nos o amor do Espírito Santo, que consola, porque nunca nos deixa sozinhos e cura as feridas.

 

Com a Eucaristia, o Senhor “cura também a nossa memória negativa, aquele negativismo que frequentemente se apodera do nosso coração”

O Senhor cura esta memória negativa, que deixa-nos na cabeça a triste ideia de que não servimos para nada, que só cometemos erros. Jesus vem dizer-nos que não é assim. Ele é feliz quando está na nossa intimidade e, sempre que O recebemos, lembra-nos que somos preciosos: somos os convidados esperados para o seu banquete. O Senhor cura não só porque é generoso, mas porque Se enamorou verdadeiramente de nós: vê e ama a beleza e o bem que somos. O Senhor sabe que o mal e os pecados não são a nossa identidade; são doenças, infeções. E Ele vem curá-las com a Eucaristia, que contém os anticorpos para a nossa memória doente de negativismo. Com Jesus, podemos imunizar-nos contra a tristeza. Continuaremos a ter diante dos olhos as nossas quedas, as canseiras, os problemas de casa e do trabalho, os sonhos não realizados; mas o seu peso deixará de nos esmagar, porque, na profundidade de nós mesmos, temos Jesus que nos encoraja com o seu amor.

 

O Papa explicou ainda que a Eucaristia  cura a nossa memória fechada

As feridas, que conservamos dentro, não criam problemas só a nós, mas também aos outros. Tornam-nos medrosos e desconfiados: ao princípio, fechados; com o passar do tempo, cínicos e indiferentes. Só o amor cura o medo pela raiz, e liberta dos fechamentos que aprisionam. Através da Eucaristia, o Senhor nos convida ainda a “não desperdiçar a vida correndo atrás de mil coisas inúteis que criam dependências e deixam o vazio dentro”. A Eucaristia apaga em nós a fome de coisas e acende o desejo de servir. Levanta-nos do nosso estilo cômodo e sedentário de vida, lembra-nos que não somos apenas boca a saciar, mas também as mãos d’Ele para saciar o próximo. E fazê-lo de modo concreto, como concreto, é o Pão que Jesus nos dá. É preciso uma proximidade real; são necessárias verdadeiras correntes de solidariedade. Na Eucaristia, Jesus aproxima-Se de nós: não deixemos sozinho, quem vive ao pé de nós!

 

O Papa fez ao final um apelo:

Queridos irmãos e irmãs, continuemos a celebrar o Memorial que cura a nossa memória (ao dizer aqui que cura a memória, recordemo-nos que é a memória do coração), este memorial é a Missa. É o tesouro que deve ocupar o primeiro lugar na Igreja e na vida.

E, ao mesmo tempo, redescubramos a adoração, que continua em nós a ação da Missa. Faz-nos bem, cura-nos por dentro.

Fonte: pt.aleteia.org

 

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