Artigos › 31/05/2022

Solidariedade, um dom divino do ser humano

Solidariedade, um dom divino do ser humano

 

Ser solidário é uma oportunidade de entender a construção do reino de Deus na Terra

 

O ser humano é dotado de uma infinidade de sentimentos, dentre os mais nobres identificamos o da solidariedade. Ela se traduz na motivação de ajudarmos uns aos outros quando se percebe que o próximo, às vezes nem tão próximo assim, se encontra em momentos difíceis. Quem nunca tomou conhecimento de histórias admiráveis de indivíduos que se desdobraram para salvar vidas, na maioria das vezes de pessoas que nunca viu?

Em casos extremos a solidariedade se traduz num fenômeno coletivo de preservação da espécie e canaliza nosso afeto às pessoas. A esse fato pode-se denominar de empatia, de caridade ou amor ao próximo. Em suma, quem pratica a solidariedade experimenta a sensação indescritível de bem-estar e plenitude que só o dedicar de um tempo em benefício do outro proporciona. Quem recebe um ato solidário conquista benefícios, obviamente. Mas quem se dispõem a ofertar momentos de afago, carinho, matar a fome, tratar a saúde ou amenizar o frio dos outros ganha ainda mais. Pesquisas revelam que trabalhos voluntários altruístas estimulam a alegria, aliviam as tristezas e aumentam a imunidade do corpo às doenças. A solidariedade beneficia ambos os lados.

 

Individualismo versus solidariedade

 

Infelizmente vivemos tempos em que somos estimulados ao individualismo, o culto do eu impera cada vez mais em que muitas vezes não percebemos o nosso entorno e direcionamos os nossos esforços somente para as nossas conquistas pessoais. Somado a essa questão, as diferenças sociais, de renda, de acesso à informação acirram a divisão humana: aqueles que vivem na extrema pobreza e aqueles que têm muito mais do que precisam. Acabamos por não nos dar conta que graças às ações e projetos de solidariedade, seja de instituições do terceiro setor, seja de pessoas físicas, os efeitos das desigualdades sociais são minimizados. Ora, se uma parcela expressiva da população começar a enfrentar a fome de forma acirrada, esta vai desesperadamente se mobilizar para conseguir alimento, o que poderá causar o caos na sociedade quando ela se dirigir a parte que tem acesso. A solidariedade é muito mais do que a capacidade de ajudar o outro, ela é um agente de pacificação e restauração da esperança no ser humano.

Ela pode se manifestar de várias formas. Seja motivada por uma tragédia, seja em forma de trabalho voluntário ou até mesmo no dia a dia no trato com as pessoas. E esta prática cria uma corrente, pois quem vê uma atitude deste tipo pode vir a se motivar a fazer parecido, contribuindo para construção de um mundo menos agressivo e desigual e principalmente mais justo e igualitário entre os povos. E quem se sente mais solidário acaba por expressar mais satisfação pela vida e desenvolve maior capacidade em lidar com as dificuldades do dia a dia. Em geral essas pessoas se tornam mais felizes e encontram sentido na sua existência.

A nossa sociedade evoluiu a ponto de entender e conceber uma solidariedade e/ou caridade libertadora que vai além de contemplar as necessidades pontuais. Tanto que muitas entidades sociais, entenderam que além de atender uma necessidade de um grupo menos favorecido, é possível prepará-los e empoderá-los para serem autônomos e garantirem o próprio sustento. Tudo isso para que eles não dependam unicamente do estado e daqueles que estão dispostos a ajudar.

A exemplo estão os grupos de economia popular solidária, que agregam quem não tem trabalho para se capacitar para gerir um negócio, desde o fornecimento de um produto ou serviço até a dividir os lucros para que todos ganhem e possam se manter.

Do ponto de vista espiritual e religioso, acredita-se que a prática do amor ao próximo salva a alma. Mas muito além disso, a ajuda desinteressada também reflete na identidade pessoal e social. Não só aumenta a autoestima e nos recompensa com o prazer de contribuir para a felicidade de nossos semelhantes, como nos dá o prazer de contribuir com a melhoria da sociedade. Enfim, percebemos que somos um conjunto de seres pequenos unidos em prol de algo maior e que a solidariedade nos transcende como protagonistas na evolução social de um mundo que pode ser cruel, mas que se empregarmos um pouco de energia seremos capazes de melhorá-lo melhorando-nos a nós mesmos.

 

 

”A caridade é o distintivo do cristão. É a síntese de toda a sua vida: do que acredita e do que faz”. Foi o que disse o Papa Bento XVI no Angelus no dia 31 de janeiro de 2010, ao recordar que “o caminho da perfeição não consiste em possuir qualidades excepcionais: falar línguas novas, conhecer todos os mistérios, ter uma fé prodigiosa ou realizar gestos heróicos. (…) Consiste ao invés na caridade – ágape – isto é no amor autêntico, que Deus nos revelou em Jesus Cristo”.

 

 

 

O autor, Henrique Alonso, é colaborador desta revista, fotógrafo, relações-públicas e atua com comunicação organizacional

Texto publicado na edição de maio de 2022

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