Que comece a revolução em qualquer idade
Que comece a revolução em qualquer idade
No início de cada ano, as pessoas normalmente realizam reflexões sobre o que foi vivido e planejam para os dias vindouros quais horizontes devem visualizar em busca de prazer e realizações.
Entretanto, para o ano de 2022, as previsões indicam que não será seguida a mesma lógica, uma vez que por conta da pandemia e outros acontecimentos grandes alterações já estão ocorrendo na vida de milhões de indivíduos em todo o mundo, com reflexos futuros.
O que está por vir será muito mais imprevisível do que o esperado. Pode-se pensar mais em uma revolução do que a continuidade, principalmente pelas mudanças internas nas pessoas e externas que ocorreram e continuam acontecendo, cujas repercussões psicológicas e materiais já se fazem sentir no modo de viver, nos hábitos e costumes.
Internamente, para muitos, esse momento é de desafio e superação, principalmente devido à percepção emocional de que a existência humana está mais vulnerável e imprevisível do que se supunha.
Reerguer-se das experiências de sofrimentos e perdas, buscar outros caminhos com a convicção de que é possível encontrar novo equilíbrio, mesmo diante das incertezas futuras, tem envolvido o coração e a mente das pessoas na busca de resultados mais otimistas.
O crescimento emocional e a maturidade é que possibilitarão um novo jeito de levar a vida, com a consciência de que o viver é apenas uma grande aventura, que terá um final, em algum tempo, para todos. Por isso, explorar o que tem de positivo em cada experiência é revolucionar a lógica até então existente e acreditar que se pode encontrar a felicidade sempre.
Poder decifrar que emoções foram envolvidas nesse tempo de ameaças, saber escutar com mais empatia, abrir-se para novas curiosidades, identificar quais ensinamentos foram obtidos, são formas de revolucionar o mundo interno, cujos reflexos chegarão ao mundo externo.
Na realidade externa, as mudanças que estão surgindo, gradativamente, resultam de aprendizagens nas formas de amar, de interagir com a família, de se relacionar e executar o trabalho, na sociedade e em muitos outros envolvimentos.
E isso vem exigindo a reconstrução do mundo das pessoas, em qualquer idade, das crianças aos idosos. Para todos foram exigidas grandes adequações e adaptações, com muitas perdas, mas também ganhos significativos.
Os Adulto Maduros, por exemplo, por serem pessoas com muitos anos vividos, que já acompanharam muitas crises mundiais, sociais e pessoais sabem que, para uma estrada existir alguém começou a transitar, seguido por outros, até formar um caminho. Por analogia, compreendem que as atitudes inovadoras, que abrem novos horizontes, devem ser iniciadas por aqueles que tem experiências de outros acontecimentos e que podem ajudar outros a pensarem o diferente.
O papel dos adultos maduros tem sido importante porque, ao acreditarem com fé e esperança que novos tempos surgirão, auxiliam os jovens nesse difícil
momento contemporâneo.
Muitos, ao buscarem nossos serviços psicológicos, falam de como se deram conta da importância de melhorar a comunicação com a família e amigos, sobre o sentido da liberdade para fazerem o que desejam e das experiências acumuladas como um grande patrimônio a ser usado em situações como essas.
Outros buscaram se aprimorar nas modernidades para se comunicarem, como as plataformas digitais, aplicativos e outros recursos eletrônicos e virtuais. Isso foi se transformando num grande ganho, porque em outros momentos não teriam parado para aprender. Essa revolução possibilitou saírem da zona de conforto, de certezas e dependência dos filhos, para ingressarem numa outra época, com exigências renovadas e outras modalidades que facilitam o viver.
Todas as revoluções começam a partir de uma nova visão sobre o que é possível. No entanto, essa transformação foi profunda ao se ter que repensar o cotidiano, as emoções e o que viveu. Muitas vezes, não se parou para refletir, apenas repetiu sem pensar. Perguntar-se que história criou e está criando e se deverá seguir ou mudar o rumo pode significar um encontro consigo e com a felicidade e, consequentemente, com a saúde física, psicológica e social.
Como disse um pensador, somos os autores de nossas vidas. Escrevemos nossos próprios finais ousados, quando houver respeito a nós mesmos, aos outros e às histórias vividas; quando refletimos sobre estratégias, decisões, quedas e mal-entendidos; quando reunimos esforços para assumir nossas decisões, sucessos e ensinamentos; quando alimentamos nossas energias e amor; e quando sabemos recorrer com empatia, compaixão e respeito àqueles de quem necessitamos e merecem nossa consideração.
A autora, Helena Finimundi Balbinotti, é colaboradora desta revista, psicóloga clínica e psicogerontóloga em Porto Alegre (RS)
Texto publicado na edição de janeiro/fevereiro de 2022