DIES NATALIS – Nascido para o céu
DIES NATALIS – Nascido para o céu
A família Palotina celebra o dia 22 de cada mês como o dia do Fundador. Este hábito tem sua raiz na memória litúrgica de São Vicente Pallotti: 22 de janeiro. Portanto, estamos no mês cujo dia 22 dá sentido à memória devocional mensal dos filhos e devotos de Pallotti.
Na existência humana, convencionamos que o dia de celebrar a vida de alguém é a data de aniversário. Neste dia se faz festa, alegra-se e muitas memórias boas são revisitadas. O aniversário, portanto, é a data de celebração da vida, exatamente porque nela recordamos o dia do nosso nascimento. O título deste texto tem precisamente esta expressão, em língua latina ‘dia do nascimento’. Acontece que 22 de janeiro não é o dia de aniversário natalício de Pallotti, pois o mesmo nasceu a 21 de abril de 1795. O nascimento do qual falamos, este do dia 22 de janeiro, é aquele para o céu.
A Igreja tem como preceito antiquíssimo celebrar a memória dos santos no dia em que eles nascem para o céu. É o dia em que toda fé e esperança se encontram com o puro Amor. É quando toda a caminhada terrena se conclui, e aquelas experiências de outrora finalmente habilitam a pessoa para escolher o Amor. O dia em que Pallotti partiu deste mundo foi muito especial para ele e para toda a sua comunidade. No relato do Padre Todisco, em seu livro São Vicente Pallotti, lemos que, nos dias que antecederam sua morte, Pe. Vicente tinha plena consciência do que iria acontecer com ele, mas isso não o assustava. Em seu último retiro espiritual escreveu um lindo texto no qual bendizia o Senhor por ter-lhe resgatado de toda miséria e iniquidade para fazê-lo filho da luz.
Hora de sua morte
Pallotti faleceu às 22h45min de 22 de janeiro de 1850, uma terça-feira, entre seus colaboradores mais próximos. A própria Beata Elisabeta Sanna (Mamma Sanna) disse ter tido uma visão na hora de sua morte, onde viu Vicente Pallotti,
profundamente iluminado pelas chagas de Jesus, indo ao encontro do Crucificado. Toda Roma chorou a morte do Pe. Vicente, não pela morte em si, mas pela falta que sua presença física causaria. Todos sabiam que ele já contemplava a Deus em sua glória.
Este acontecimento tem muito a nos dizer, a esta sociedade que aos poucos vai saindo deste período difícil de pandemia. No dia 22 não celebramos a morte de nosso Fundador, e sim sua vida. É o dia no qual a Igreja celebra a vitória sobre a morte que este pequeno padre romano alcançou pelos méritos de Cristo. Por isso dizemos que, nós cristãos, sentimos profunda consolação nessas horas difíceis. Nossa morte não é finitude; antes, pelo contrário, é plenitude, é vida nova, eterna, perene.
Quem de nós não perdeu alguém querido nesta pandemia? Todos sentimos e choramos a separação que este acontecimento inevitavelmente gera. No entanto, no terceiro dia, o Senhor Jesus estraçalhou o poder do pecado e da morte, e saiu vencedor! Ele é o vivente! Pallotti venceu porque se uniu à vitória Dele, e por isso dizemos que todas as nossas sextas-feiras da paixão se tornaram domingos da ressurreição. A minha e a sua também!
Voltar ao essencial
Querido leitor, neste mês no qual celebramos o dia do nascimento para o céu de nosso Santo Fundador, também estamos iniciando um novo ano. Nessas ocasiões sempre nos propomos a mil coisas: voltar pra academia, começar a estudar, rezar mais, ler mais, sair mais etc. No entanto, se fizermos o essencial bem feito, teremos muito! Que este 2022 seja o ano de voltarmos para o essencial, para o que preenche nossa vida de sentido: Deus é amor (1 Jo 4,8) e Ele nos fez a Sua imagem e semelhança (Gn 1, 26), portanto, nossa essência também é o amor!
Assim sendo, para celebrarmos dignamente a vida de nosso Fundador, deixemos este Amor que envolveu sua vida, encontrar abrigo em nossos corações. Viver o amor é conhecer a própria essência, é perceber que em mim, em ti e em Pallotti pulsa a mesma força vinda do coração do próprio Deus.
O autor, Matheus Aurélio Bernardi, é colaborador desta revista, consagrado palotino e está no terceiro ano do curso de Teologia na Fapas em Santa Maria (RS)
Texto publicado na edição de janeiro/fevereiro de 2022