Pedro, O Pescador impulsivo e radical
A festa de São Pedro Apóstolo, no dia 29 de junho, que aqui no Brasil será celebrada no dia 04 de julho, representa uma boa ocasião para revisitar e contemplar essa figura ímpar à qual o Novo Testamento dá lugar de destaque.
Pescador, teve seu nome mudado pelo carpinteiro Galileu, que fazia milagres e seduzia multidões: “Por isso, eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Recebendo um nome e uma missão maiores que ele mesmo, o caminho de Simão, até chegar ali, foi tudo menos tranquilo.
Em um dia azarado de pesca, ele já guardava suas redes, quando Jesus apareceu em sua vida e subiu em seu barco. A abundância da pescaria, que antes se negava a suas mãos experientes e calosas, abriu-lhe os olhos e o espírito, fazendo-o prostrar-se e reconhecer-se indigno daquele sinal. O Galileu, de olhos e palavra irresistíveis, prometera fazê-lo pescador de homens. E Pedro deixou para trás seu meio de vida e sua família para segui-lo em seu caminho errante e perigoso.
Quanto ele amava aquele Mestre desconcertante e sempre imprevisível! Mas, ao mesmo tempo, quanto ele o deixava perplexo e mesmo indignado, às vezes
.
Quando o cerco apertou em torno do Mestre, Simão Pedro fez bravatas, puxou espada, cortou uma orelha de um soldado e teve que ser repreendido por Aquele que, traído, não retribuía violência com violência. Mas, quando o levaram, teve medo, muito medo. E perguntado se o conhecia, negou.
Ele traiu três vezes o Mestre amado para, depois, chorar amargamente de arrependimento. Escondeu-se apavorado quando Jesus morreu crucificado. E só a fala exaltada das mulheres, que afirmavam ter visto Jesus vivo, convenceu-o a sair de casa e conferir o túmulo vazio, recebendo depois a visita do Ressuscitado em pessoa.
De frágil e medroso, Pedro passou a ser o corajoso líder
do grupo sempre mais numeroso de homens e mulheres que espalhavam pelo mundo a Boa Notícia da vitória de Jesus sobre a morte.
Interrogado pelo próprio Ressuscitado sobre seu amor, foi-lhe dada a chance de declarar, por três vezes, seu amor incondicional ao mesmo Jesus que antes, por três vezes, negara. A este homem instável e tão humano Jesus confiou sua Igreja, seu amado rebanho, mandando que dele cuidasse e o apascentasse.
A isso Pedro dedicou o resto de sua vida. O pescador convertido em apóstolo não escapou ao destino de tantos irmãos e irmãs de fé. Morreu crucificado em Roma e, finalmente, entregou sua vida sem retorno.
Hoje, como Pedro, frágeis, nem sempre fiéis, tantas vezes temerosos, os Papas foram e são chamados a assumir a missão que ultrapassa suas forças: estar à frente do rebanho do Senhor e serem sinais visíveis de sua presença em meio ao mundo. A figura do pescador impulsivo e radical os inspira e encoraja. Como ele, confiam na promessa do próprio Senhor de que não deixará as portas do Inferno prevalecerem sobre sua Igreja.
Rezemos para que o Papa Francisco, assim como Pedro, continue mantendo a Igreja no caminho que o Senhor deseja, sem se deixar intimidar pelo pessimismo e as críticas daqueles que não aceitam as mudanças que estão ocorrendo.
O autor, Lino Baggio, é colaborador desta revista e padre palotino em Coronel Vivida (PR)
Texto publicado na edição de junho de 2021