Quero conhecer Jesus Cristo

Luciane Prado Possebon, casada, analista de expansão e relacionamento, mora em Canoas (RS). Seus pais tiveram dois filhos e sempre foram pessoas honestas e trabalhadoras. Mas, conta ela que a fé nunca foi alimentada em sua casa.

A mãe, uma mulher humilde e de muita garra. O pai sempre foi uma pessoa difícil de lidar, bravo, ditador, ignorante, mas que trabalhou muito para dar o sustento necessário para a família. “Nossa relação era difícil, nos humilhava muito, em especial a mim”.

Luciane teve uma juventude sem sair de casa. O pai não permitia que saísse para festas, eventos, aniversário de amigos; somente autorizava ir na casa de uma amiga. “Me sentia sufocada e sem amor por parte dele, parecia me odiar. Com onze anos quebrou meu nariz, porque eu tinha passado o batom rosa da mãe”.

Certa vez, eu pedi para ir à missa com uma amiga; ele deixou. Mas “quando voltávamos, veio junto um menino, e quando menos esperava, meu pai veio ao meu encontro de carro e mandou eu entrar. Fui até em casa escutando que nunca mais poderia ir à missa, pois tinha voltado junto com um menino e poderia me tornar uma mulher ‘da vida’”.

DESPERTAR DA FÉ

Luciane sentiu o primeiro chamado de Cristo quando tinha oito anos. Uma colega da escola comentou que iria à catequese e ela perguntou o que era a catequese. Ela disse que era para conhecer a Jesus Cristo. “Cheguei em casa e passei semanas incomodando minha mãe para que autorizasse minha participação, eu consegui”.

Nesta época, a família morava no bairro Guajuviras, em Canoas (RS), e Luciane começou a frequentar a catequese na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, com a catequista Maria Cristina. “Uma pessoa cheia de amor de Cristo, quando cantava aquelas palavras entravam profundamente no meu coração. Olhava para ela e pensava, um dia quero ser catequista, e hoje sou”.

Quando Luciane comungou na Primeira Comunhão foi como tocar o céu. “Ninguém entendia, mas eu sabia que de alguma forma sentia algo diferente de todos naquele dia”.

Depois de muitos anos, casada e com dois filhos, mudaram para a casa própria, que fica a meia quadra da igreja. Foi quando começou a aprofundar a experiência com Cristo. Com o casamento, filhos pequenos, imaturidade na fé, problemas financeiros e outros mais, começaram as tribulações na sua vida.

PERDÃO LIBERTADOR

Em cada missa, o evangelho e a homilia falavam exatamente do problema que estava passando. “Pensei, mas não contei a ninguém, não é possível. Aquelas palavras do PAI iam me alimentando, ensinando e modificando meu ser. Cada domingo o Senhor me curava mais”. Foi em uma confissão que ela conseguiu perdoar seu pai; isso há uns 10 anos atrás. “Um marco na minha vida, tirei algumas toneladas de rancor do meu coração”.

Conta Luciane que há 7 anos, através da intercessão de Maria, obteve uma graça tida como impossível. “Ela falou no meu coração e ouviu minhas preces. Naquele domingo, comunguei, e ao me ajoelhar falei para Cristo: ‘Senhor faz de mim tua serva’. Em todos os outros domingos, me entregava mais ao Senhor”.

Em 2018, a maior de todas a tribulações aconteceu. Luciane e o esposo haviam planejado engravidar. Uma felicidade sem fim tomou conta do casal. No quarto mês de gestação, ao fazer exame para escutar o coração, eis que não batia mais. O desespero, a tristeza, a dor tomou conta dos corações. Mesmo assim falou para Jesus: “Eu aceito, Senhor, só não me deixa sofrer”. No quinto dia do acontecido, Jesus falou no seu coração para ir até a igreja, mesmo sem poder fazer esforço.

Luciane sentou diante do altar e ali chorou por duas horas. Gritou, sofreu e se jogou aos pés do Senhor. Desse dia em diante Jesus encheu seu coração de confiança e fé. A vida deixou de ser um fardo. “Queria que todos sentissem como Deus é bom e fiel. Desde o dia que me tornei serva, o Senhor tem feito maravilhas em mim, mesmo sendo pecadora e pequena. Para mim Cristo é uma Pessoa. Falo com Ele todo dia e fala comigo também. Tenho vivido a melhor vida que um ser humano pode viver. É uma bênção rezar o terço todos os dias”.

UMA MISSÃO

Hoje Luciane vive uma bonita intimidade com Cristo. “Ele me espera todos os dias para uma conversa, um momento a sós. Mesmo que Ele já saiba de tudo, faz questão de escutar, saber das dificuldades, das coisas mais bobas que aconteceram no dia. Fala ao coração, mas para isso preciso silenciar, ser pequena para Ele ser grande em mim”.

Seu projeto de vida é levar a muitas pessoas, através das redes sociais, Cristo e o terço mariano. Escutar as pessoas, levar a Palavra de Deus e viver uma fé viva. “Precisamos evangelizar na linguagem em que o mundo entenda. Com testemunhos de pessoas como eu, que trabalha, gosta de se cuidar, sair com os amigos, de viajar, mas que, acima de tudo isso, coloca em primeiro lugar: Jesus Cristo”, testemunhou.

O autor, Judinei José Vanzeto, é colaborador desta revista, jornalista e padre palotino em Coronel Vivida (PR).

Texto publicado na edição de junho de 2021