Artigos › 28/03/2022

Quem mexeu no meu dinheiro? A inflação

Quem mexeu no meu dinheiro? A inflação

 

Cada vez que vamos às compras, verificamos que os preços estão aumentando. Constatamos, diariamente, estes reajustes e tememos esta situação, pois a economia brasileira já apresentou níveis, extremamente, elevados de inflação no passado. Quem nasceu antes de 1980 ainda guarda este fato na memória.

 

Mas, afinal, por que isto está ocorrendo? Será que vamos, novamente, ingressar em outro período de altos níveis inflacionários a exemplo do que ocorreu anteriormente? Analisando os fatos passados, ouso projetar um cenário futuro mais favorável.

 

Brasil dos anos 80 e hoje

O que tivemos no Brasil dos anos 80 foi uma inflação causada por excesso de demanda. Em função disso, o Governo aumentou juros, congelou preços, o que servia para desestimular o consumo e, com isso, pressionar a redução dos mesmos. Diferentemente, o que se observa hoje é uma inflação de custos, devido ao aumento no custo de produção de alguns dos principais insumos. Pense no quanto os combustíveis e a energia elétrica aumentaram nos últimos meses e você entenderá o que é, de fato, a inflação de custos. Afinal, energia e combustível são insumos para quase a totalidade dos produtos, não é mesmo?

Afora isto, inúmeras empresas reduziram seus níveis de produção desde o início da pandemia. Algumas fábricas fecharam, outras trabalhavam com equipe reduzida de funcionários, outras, ainda, recebiam uma quantidade menor de matéria prima e, por consequência, reduziram seus níveis de produção. Enfim, observou-se uma queda na oferta de produtos que servem de insumos para produzir vários outros. Com isso, tendo menor disponibilidade de obter matéria prima, os itens ficam mais escassos e o preço aumenta.

Diante destas circunstâncias, depreende-se que o aumento dos preços que se tem hoje é de natureza diversa daquele que houve no passado, o que pode servir para nos deixar menos preocupados, pois, sendo de custos a inflação pode não ser tão temida e difícil de ser contida, como aquela inflação de demanda que tanto nos perturbou e desestabilizou a economia brasileira ao longo dos anos 1980 e parte dos 90.

 

Desafio para a Economia

A inflação é considerada um dos principais problemas em qualquer economia, pois corrói o poder de compra das pessoas e intensifica a desigualdade social, uma vez que penaliza, mais intensamente, as pessoas de baixa renda. Percebemos que nosso dinheiro está se desvalorizando e que, a cada dia, conseguimos comprar menos com a mesma quantia monetária.

É possível que o próximo ano seja de recuo nos níveis de preços, se contarmos com uma boa safra agrícola (à medida que aumenta a oferta, os preços dos alimentos irão diminuir) e com o aumento nos níveis de águas nas hidrelétricas, para que possamos produzir energia com menor custo em relação a que está sendo gerada agora.

Todos desejamos ampliar nosso bem-estar e qualidade de vida e, para tanto, trabalhamos e nos esforçamos. Conseguiremos, muito mais facilmente, atingir estes objetivos se vivermos dentro de uma economia com bom nível de estabilização, com boas oportunidades de trabalho e geração de renda. Então, façamos nossa parte neste processo.

 

Fica a dica

Procure, na medida do possível, seguir algumas dicas que irão fazer de você um(a) consumidor(a) mais racional e que podem contribuir para a redução gradativa dos preços dos produtos:

 

  1. Pesquise antes de realizar uma compra. Você pode acessar o site das lojas e procurar produtos pelo menor preço;
  2. Consuma o que realmente você precisa ou o que lhe faz bem. Evite compras desnecessárias;
  3. Não desperdice água. Afinal, ela é um dos elementos mais sagrados para garantir a nossa sobrevivência;
  4. Esteja sempre atento aos juros, pois, em época de inflação ascendente, os mesmos costumam aumentar bastante. Então, evite compras parceladas;
  5. Procure gastar menos e poupar mais. É o que você poupa e depois investe que lhe faz bem sucedido e não o que você gasta.

 

Todos nós fomos abalados pela pandemia, pois esta mudou o cenário das nossas vidas. O mesmo aconteceu à economia que, de forma análoga a nós, foi fortemente afetada e vai precisar de algum tempo para que possa se reequilibrar e voltar ao seu estado anterior. Sozinhos não temos forças para derrubar a inflação, mas podemos contribuir neste processo. Então, façamos nossa parte para que o tempo futuro retorne à situação passada, garantindo maior estabilização para nosso dinheiro e equilíbrio para a vida.

 

 

A autora, Giovana Souza Freitas, é colaboradora desta revista, professora universitária e Doutora em Economia

Texto publicado na edição de março de 2022

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