Proteína cultivada começa a ser produzida no Brasil
Unidade da JBS em Florianópolis promete ser o maior centro de biotecnologia dos alimentos do país.
Há mais ou menos uns quatro anos atrás, li um artigo que dizia que em 50 anos, aproximadamente, mais de 80% da carne consumida no mundo teria de ser cultivada em laboratório. Porém, diante do que estamos vendo na natureza e no nosso consumismo desenfreado, realmente tal estimativa estava equivocada e as coisas estão acontecendo muito mais aceleradas.
Para termos uma ideia, as obras do primeiro centro de pesquisa do país destinado à produção de proteína cultivada, também chamada de “carne de laboratório”, tiveram início em janeiro deste ano em Santa Catarina. A unidade ficará no espaço do complexo de inovação Sapiens Parque, no Norte da Ilha, em Florianópolis.
O projeto é liderado pela gigante JBS, maior produtora de carnes do mundo. O centro, batizado de JBS Biotech Innovation Center, promete ser o maior centro de pesquisa de biotecnologia dos alimentos do Brasil. O investimento estimado pela empresa nas primeiras fases do projeto é de 22 milhões de dólares (R$ 110 milhões, na cotação atual), incluindo a obra civil, a compra de equipamentos para a implantação dos laboratórios e da estrutura-piloto de produção. A previsão de inauguração é no segundo semestre de 2024.
O que é a carne de laboratório?
Trata-se de uma forma alternativa de produzir proteína a partir do cultivo de células de animais. A produção da proteína cultivada é feita a partir do isolamento de células de um animal, coletadas de uma amostra do tecido de um boi, por exemplo. As células isoladas são cultivadas pelos cientistas em equipamentos chamados biorreatores, onde sob condições controladas são alimentadas e se multiplicam, formando uma biomassa de proteína.
A inovação é considerada fundamental para garantir a oferta de produção de carnes perante o aumento da população e da demanda por proteína e claro, pelo uso inadequado da natureza, como grandes áreas de pastos e desmatamentos, que com o uso desse tipo de carne, não precisam mais serem produzidas no modelo atual.
Um novo mercado que está surgindo
O presidente do Sapiens Parque, Eduardo Vieira, afirma que o potencial de Florianópolis para inovação e para atrair mão de obra especializada até mesmo de outros países contribuiu para a escolha da cidade para receber o novo centro de pesquisa. Depois do anúncio da JBS, outras startups de proteína cultivada e alimentos à base de plantas também já fizeram contato, interessados em se instalar no Sapiens Parque.
Atualmente já existem diversos tipos de “carnes vegetais” que são vendidas em supermercados pelo Brasil e pelo mundo. Nesse caso, estará apenas sendo feito uma nova versão de fabricação e distribuição da proteína animal, fazendo com que toda a estrutura atual usada no mundo hoje, seja repensada.
Uma questão de saúde?
Agora aquela pergunta básica. A carne de laboratório é mais saudável do que a carne tradicional? Segundo especialistas, sim, com toda certeza. Confira alguns pontos abaixo, citados pelo biólogo Eric Muraille, em artigo publicado no periódico The Conversation,
Se você se preocupa com a contaminação da carne pelas fezes, a carne cultivada pode ser uma boa alternativa, uma vez que os vírus podem ser totalmente eliminados no laboratório e nas instalações de produção.
Outro fator é o uso de antibióticos, um problema grave associado à produção de carne, que igualmente seria eliminado.
Os níveis de gordura e colesterol na carne cultivada também podem ser
controlados
Então, essa não é uma possibilidade e sim um fato, estamos diante de uma grande revolução no sistema de alimentação em nosso planeta e que, com toda certeza, vai ajudar em muito a natureza com um todo.
Juarez Rodolpho dos Santos
O Autor colaborador desta revista é designer gráfico em Imbituba SC