Artigos › 04/05/2021

Philip, o Príncipe da Resiliência

O que podemos aprender com o exemplo de vida do Duque de Edimburgo

 Em abril deste ano, fomos pegos de surpresa com o falecimento do Príncipe Philip Mountbatten, consorte da Rainha Elizabeth do Reino Unido. Aos 99 anos, ele faleceu “pacificamente”, conforme anunciou a conta oficial da Família Real no Instagram. O que talvez o grande público desconheça é que o Duque de Edimburgo teve uma grande importância no reinado de sua esposa, jamais devendo ser considerado coadjuvante da monarca, mas sim um companheiro de monarquia em que muito contribuiu para o desenvolvimento da Commonwealth, a Comunidade Britânica das Nações.

Para entender melhor quem Philip foi, vamos recordar sobre suas origens. Ele nasceu na vila de Mon Repos, na ilha de Corfu, Grécia, no dia 10 de junho de 1921. Ele era o quinto e único filho do príncipe André da Grécia e Dinamarca, filho do rei Jorge I, da Grécia, e da princesa Alice, de Battenberg. Suas quatro irmãs mais velhas eram Margarida, Teodora, Cecília e Sofia. Ele foi batizado na Igreja Ortodoxa Grega. Pelo lado materno, era neto do Príncipe Luís de Battemberg, que foi pai de sua mãe, Alice, bisneta da Rainha Vitória. O que muitas pessoas não percebem é que Philipe e Elizabeth eram primos por vários lados de suas famílias.

Apesar de muitas pessoas o considerarem na juventude um “príncipe de contos de fada”, ele teve um início de vida muito difícil. Com a queda da monarquia grega, sua família foi expulsa e para sair do país tiveram que escondê-lo em uma caixa de laranjas. Quando ele tinha 9 anos, já morando na França, sua mãe foi diagnosticada com esquizofrenia e internada em um sanatório na Suíça. A partir daí ele pouco conviveu com Alice e sua educação ficou a cargo de sua irmã Cecília. Seu pai, praticamente o abandonou, indo morar com uma amante em Monte Carlo. Em 1930 ele foi mandado para uma escola interna em Gordonstoun, uma instituição educacional bastante rigorosa. Neste período foi hostilizado pelos colegas. Neste momento, Philip mostrou grandeza de caráter, pois superou as adversidades e concluiu seus estudos como um bom aluno.

Em 1939, alistou-se na Marinha Real Britânica, se formando no ano seguinte na Real Escola Naval em Dartmouth como o melhor cadete de sua turma. Ele continuou servindo com as forças britânicas durante a Segunda Guerra Mundial enquanto dois de seus cunhados, Bertoldo e o príncipe Cristóvão de Hesse-Cassel, lutaram contra a Inglaterra, no lado alemão. Após vários confrontos navais, ele foi promovido a tenente em 16 de julho de 1942. Em outubro daquele ano, aos 21 anos, ele foi nomeado primeiro tenente, um dos mais jovens marinheiros a alcançar tal posição na história da Marinha Real. Sempre apresentou determinação e disciplina como competências pessoais, destacando-se em tudo que realizava.

O relacionamento com a Princesa Elizabeth

Pelo que se sabe, o casal real se conheceu quando Philip e Lilibeth tinham 18 e 13 anos respectivamente. Segundo o que se sabe, o jovem marinheiro se encantou com a então princesa adolescente, por sua meiguice e discrição, que já naquela época manifestava um semblante enigmático. Já Elizabeth do Reino Unido viu no primo um galã de cinema, gentil e atencioso. Na ocasião, seus pais estavam na Escola Naval e pediram que o príncipe acompanhasse suas duas filhas na visita oficial. A partir daí os dois começaram a se corresponder por cartas com o consentimento do rei. Após a II Guerra, o príncipe pediu a Jorge em 1946 a mão de sua filha em casamento. O rei aceitou o pedido, contanto que qualquer compromisso oficial fosse adiado até o aniversário de 21 anos de Elizabeth.

A Inglaterra vivia um momento de profundo nacionalismo e para que o casamento ocorresse, Philip teve que renunciar seus títulos grego e dinamarquês e adotou o sobrenome Mountbatten de sua família materna, recebendo em troca o título de Duque de Edimburgo. Dessa forma ele casou e teve quatro filhos com Elizabeth que, em razão da questão dinástica, inicialmente não pode dar seu sobrenome a eles. Posteriormente, foi então criado a alcunha Windsor-Mountbatten, que é utilizado pela Princesa Anne e o Príncipe Andrew, filhos do casal.

Quando Elizabeth assumiu como rainha, o consorte foi responsável pela modernização da Coroa Britânica. Dentre as inovações que promoveu está a criação do setor de relações públicas da Realeza. Ele insistiu na produção de um documentário sobre a família real. Na ocasião, o filme foi assistido por 30 milhões de pessoas, em 1969, e continua sendo uma das transmissões de televisão mais vistas do Reino Unido. A BBC estima que mais de 350 milhões assistiram ao filme em todo o mundo. Essa ação contribuiu para que a realeza britânica ficasse ainda mais conhecida como símbolo nacional.

Em resumo, o pai do herdeiro do trono inglês é um exemplo de resiliência e de cumprimento do dever, de vida austera e dedicada à sua esposa e soberana. Vida em que as dificuldades não o impediram de atingir seus objetivos.

 

O autor, Henrique Alonso, é fotógrafo, relações públicas e atua com comunicação organizacional. 

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