Pedro e Paulo – Libertos pelo amor
Pedro e Paulo – Libertos pelo amor
Na sua homilia, na Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, de 2021, o Papa Francisco convidou a observar de perto Pedro e Paulo, duas testemunhas da fé, pois “no centro da sua história não está a própria destreza, mas o encontro com Cristo que lhes mudou a vida”. “Pedro e Paulo – continuou – são livres unicamente porque foram libertados. Detenhamo-nos neste ponto central”.
Pedro
Do que os Apóstolos foram libertados, iniciou o Pontífice: “Pedro, o pescador da Galileia, foi libertado em primeiro lugar da sensação de ser inadequado e da amargura de ter falido, e isso verificou-se graças ao amor incondicional de Jesus”. Embora fosse hábil pescador sentia tentação de desânimo, fosse forte era tomado pelo medo, fosse apaixonado do Senhor, continuava a pensar à maneira do mundo. “Mas Jesus amou-o desinteressadamente e apostou nele”. Jesus encorajou-o disse o Papa, “a não desistir, a lançar novamente as redes ao mar, a caminhar sobre as águas, a olhar com coragem para a sua própria fraqueza, a segui-Lo pelo caminho da Cruz, a dar a vida pelos irmãos, a apascentar as suas ovelhas”. Por fim Jesus confiou-lhe “as chaves para abrir as portas que levam a encontrar o Senhor e o poder de ligar e desatar: ligar os irmãos a Cristo e desatar os nós e as correntes das suas vidas”.
“A libertação de Pedro é uma nova história de abertura, de libertação, de correntes quebradas, de saída do cárcere que o prende. Pedro faz a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o”
Paulo
Em seguida o Papa descreve a libertação de Paulo: “Também o apóstolo Paulo experimentou a libertação por obra de Cristo. Foi libertado da escravidão mais opressiva, a de si mesmo, e de Saulo, tornou-se Paulo, que significa ‘pequeno’. Foi libertado também daquele zelo religioso que o tornara fanático na defesa das tradições recebidas e era violento ao perseguir os cristãos: foi libertado“.
Porém, pondera Francisco: Deus “não o poupou das tantas fraquezas e dificuldades que tornaram mais fecunda a sua missão evangelizadora: as canseiras do apostolado, a enfermidade física, as violências e perseguições, os naufrágios, a fome e sede”. “Paulo compreendeu assim que ‘o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte’, que tudo podemos n’Ele que nos dá força, que nada poderá jamais separar-nos do seu amor’”.
“Por isso, no final da sua vida, Paulo pode dizer: ‘o Senhor esteve comigo’ e ‘me livrará de todo o mal’. Paulo fez a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o”.
Pedro e Paulo
O Papa recorda que “a Igreja olha para estes dois gigantes da fé e vê dois Apóstolos que libertaram a força do Evangelho no mundo, só porque antes foram libertados pelo encontro com Cristo. Ele não os julgou, nem humilhou, mas partilhou de perto e afetuosamente a sua vida”.
E nos conforta afirmando:
“De igual modo procede Jesus também conosco: assegura-nos a sua proximidade, rezando por nós e intercedendo junto do Pai; e repreende-nos com doçura quando erramos, para podermos encontrar a força de nos levantar novamente e retomar o caminho”.
“Tocados pelo Senhor, também nós somos libertados. E sempre temos necessidade de ser libertados, porque só uma Igreja liberta é uma Igreja credível”
O que significa sermos libertos?
Papa Francisco esclarece o que significa sermos libertos como os Santos Apóstolos: “Como Pedro, somos chamados a ser libertos da sensação da derrota face à nossa pesca por vezes malsucedida; a ser libertos do medo que nos paralisa e nos torna medrosos, fechando-nos nas nossas seguranças e tirando-nos a coragem da profecia”.
“Como Paulo, somos chamados a ser libertos das hipocrisias da exterioridade; libertos da tentação de nos impormos com a força do mundo, e não com a debilidade que deixa espaço a Deus; libertos duma observância religiosa que nos torna rígidos e inflexíveis; libertos de vínculos ambíguos com o poder e do medo de sermos incompreendidos e atacados”.
Por fim o Papa nos descreve: “Pedro e Paulo oferecem-nos a imagem duma Igreja confiada às nossas mãos, mas conduzida pelo Senhor com fidelidade e ternura; de uma Igreja débil, mas forte com a presença de Deus; de uma Igreja libertada que pode oferecer ao mundo aquela libertação que ele, sozinho, não se pode dar a si mesmo”.
Francisco conclui: “Este sinal de unidade com Pedro recorda a missão do pastor que dá a vida pelo rebanho.
É dando a vida que o Pastor, liberto de si mesmo, se torna instrumento de libertação para os irmãos”..
Texto publicado na edição de julho de 2022