Artigos › 04/05/2024

A França e o aborto

Não pode haver um ”direito” capaz de suprimir uma vida humana

 

Aprovada na tarde do dia 04 de março, por ampla maioria pelo Congresso reunido em Versalhes, por 780 votos, a inclusão na Constituição francesa da garantia do direito ao aborto. Uma declaração da Pontifícia Academia para a Vida reiterou o apoio à posição da Conferência Episcopal Francesa: “precisamente na era dos direitos humanos universais, não pode haver um ‘direito’ de suprimir uma vida humana”. Apenas 72 deputados votaram contra.

Paglia: todos juntos devemos proteger cada vida

Entrevistado pela mídia do Vaticano, o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Vincenzo Paglia, reitera sua proximidade “aos bispos franceses que declaram sua tristeza”. “Eu”, afirma, “acredito que este não é o método ou estas não são as palavras com as quais podemos proteger e defender as mulheres e seus filhos. Diante de vidas marcadas pela dor e pelas dificuldades, devemos todos trabalhar juntos para que a vida seja sempre salvaguardada e preservada, a vida de todos, particularmente a dos mais fracos”. “É nesse sentido”, acrescenta o arcebispo, “que a Pontifícia Academia para a Vida continua a apoiar o compromisso de todos para que ela seja protegida em todo tempo, momento e situação. Nisso, nossa proximidade aos bispos franceses me parece ser um dever”.

Proteção da vida, o primeiro objetivo da humanidade

A Academia para a Vida – organismo encarregado de “estudar, informar e formar sobre os principais problemas da biomedicina e do direito, relacionados à promoção e defesa da vida” – disse que estava próxima aos bispos que, em um comunicado emitido há alguns dias, reiteraram que “o aborto, que continua sendo um ataque à vida desde o início, não pode ser visto exclusivamente da perspectiva dos direitos das mulheres”, lamentando o fato de que “o debate lançado não mencionou medidas de apoio para aquelas que gostariam de manter seu filho”.

A Pontifícia Academia guiada por Dom Vincenzo Paglia – cuja tarefa é “estudar, informar e formar sobre os principais problemas da biomedicina e do direito, relativos à promoção e defesa da vida” – apoia o episcopado da França e com sua declaração “apela a todos os governos e a todas as tradições religiosas” para que façam o melhor possível, “para que, nesta fase da história, a proteção da vida se torne uma prioridade absoluta, com passos concretos em favor da paz e da justiça social, com medidas eficazes para o acesso universal aos recursos, à educação e à saúde”.

“As situações particulares de vida e os contextos difíceis e dramáticos do nosso tempo devem ser enfrentados com as ferramentas de uma civilização jurídica que se preocupa, em primeiro lugar, com a proteção dos mais fracos e vulneráveis”, e que “a proteção da vida humana é o primeiro objetivo da humanidade e só pode se desenvolver em um mundo livre de conflitos e lacerações, com a ciência, a tecnologia e a indústria a serviço da pessoa humana e da fraternidade”.

Não ideologia, mas realidade que envolve todos

Na nota, a Pontifícia Academia para a Vida ressalta que, para a Igreja Católica, “a defesa da vida não é uma ideologia”, como enfatizou o Papa Francisco na audiência geral de 25 de março de 2020, mas “uma realidade humana que envolve todos os cristãos, precisamente porque são cristãos e porque são humanos” e que “é uma questão de agir em nível cultural e educacional para transmitir às gerações futuras a atitude à solidariedade, ao cuidado, à acolhida”, conscientes “de que a cultura da vida não é patrimônio exclusivo dos cristãos, mas pertence a todos aqueles que, trabalhando para construir relações fraternas, reconhecem o valor de cada pessoa, mesmo quando frágil e sofredora”!

Texto adaptado do site https://www.vaticannews.va/

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