Artigos › 24/06/2023

FESTA JUNINA NO BRASIL: Origem, características e curiosidades na festividade que reúne fé, cultura, gastronomia e muito mais!

Uma das lembranças mais antigas que tenho da época de colégio são no mês de junho. Lembro que ano após ano era sempre um evento pelas escolas que estudei. A tradicional Festa Junina é uma instituição em nosso país. Vai de norte a sul, em cada região se adapta as referências culturais locais com diversos formatos. Mas ela não surgiu no Brasil, foi trazida pelos imigrantes europeus que colonizaram nossa nação. A festa junina, uma das maiores tradições brasileiras, surgiu no período pré-gregoriano na Europa, como uma festa pagã que comemorava a fertilidade da terra e as boas colheitas, uma origem similar ao do Carnaval. E estava vinculada ao solstício de verão, que acontece no dia 24 de junho no hemisfério norte. O solstício de verão ocorre quando o Sol assume sua máxima declinação relativa ao Planeta Terra e incide perpendicularmente sobre o Trópico de Capricórnio (hemisfério sul) ou o Trópico de Câncer (hemisfério norte).

A medida que o Cristianismo se consolidou pelos séculos, as comemorações passaram a ser conhecidas como Joaninas, em homenagem a João Batista, descrito na Bíblia como aquele que batizava as pessoas para a vinda de Jesus. Em sua evolução, virou uma festa da Igreja Católica, que começou a prestar homenagem a três santos: no dia 13, Santo Antônio, no dia 24, São João, e no dia 29, São Pedro e São Paulo.

O modelo mais próximo das festas juninas no Brasil, com o formato que temos na maior parte dos lugares, é o português. Em Portugal, as festas ocorrem quando o verão chega (lá por ser o hemisfério norte, as estações são invertidas) formando uma grande tradição em diversos lugares. Da mesma forma que ocorre no Brasil com o Carnaval, há disputas entre as cidades para eleger as melhores apresentações de danças. Até mesmo na Capital Lisboa, a maior cidade do país, a tradição é forte e amplamente esperada todo ano.

A medida que foram introduzidas no Brasil pelos colonizadores, essas festividades foram muito bem assimiladas pelos negros e índios que aqui viviam, por se assemelharem com as de suas culturas. O tempo foi passando e essa festa se espalhou pelo Brasil, e foi no Nordeste que ela ganhou força na nossa cultura. Lá os festejos duram o mês todo, e são realizados vários concursos de grupos que dançam a quadrilha, tanto nos grandes centros urbanos, quanto nas cidadezinhas do interior, atraindo turistas de todo país e até do estrangeiro.

Já nas regiões do sudeste e sul do Brasil, o mês junho é o auge do inverno, as fogueiras são acesas para que as pessoas se esquentassem e pudessem ficar ao relento a partir do início da noite, além do fascínio natural que o fogo gera no ser humano. Também foram introduzidas várias brincadeiras como o pau de sebo, o correio elegante, os fogos de artifício, o casamento na roça, e muitos outros.

E também, não podemos deixar de mencionar, a parte gastronômica, que envolve as comidas típicas. Toda Festa Junina que se preze não pode deixar faltar pipoca, bolo de milho, pamonha, o milho-verde cozido, o quentão, paçoca, pé de moleque, maça do amor, dentre as mais comuns. Em São Paulo encontramos a influência italiana na cultura da festa junina, ainda tem a famosa fogazza, que não pode faltar nos arraiais paulistas. Já na Região Norte, tem caruru, cuscuz, maniçoba, tacacá com tucupi, além do vatapá. No Centro-Oeste, tem muito do que tem no resto do Brasil e tem também um bolo de milho salgado, chamado sopa paraguaia. Isso sem se esquecer da Região Sul, mais especificamente no Rio Grande do Sul, principalmente no interior e fronteira-oeste a carne assada em fogo de chão, aproveitando que fazem fogueira também faz parte da tradição. Eu que nasci e fui criado em Santana do Livramento participei de muitos churrascos juninos, aonde comemos tiras de carne, sem muita cerimônia, ou até em espetinhos. Tudo muito prático que permite comer e seguir dançando e festejando.

Se engana quem pensa que a Festa Junina é uma festa de origem meramente popular. Quando analisamos a quadrilha, é possível notar que alguns dos nomes dos passos possuem origem francesa, como “anarriê”, “ampassâ” e “tour”. E voltando as vestimentas, percebemos que a tradição dos vestidos rodados e volumosos são referências das festas de cortes, acabaram sendo confeccionados com tecidos mais coloridos e chamativos. Em contraponto com a simplicidade dos mais humildes, vemos vestes muitas vezes remendadas ou simplesmente adornadas com retalhos em formato quadriculado de outros tecidos. Independente da classe social, alegria e diversão nunca faltaram. E por fim, não podemos esquecer que no meio de tudo isso se faz necessário renovar a fé e espiritualidade e não ser apenas um evento social.

 

Henrique Alonso

O autor, colaborador desta Revista, é fotógrafo, relações-públicas
e atua com comunicação organizacional
jh.alonso@hotmail.com

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