O que você quer ser quando crescer?
O que você quer ser quando crescer?
Dificilmente encontramos um sujeito que nunca tenha sido confrontado com a questão: “O que você quer ser quando crescer?”; e, se questionar: Quem sou? Quem serei? Que profissão vou ter? Qual o meu projeto de vida?
Essas questões podem estar presentes no decorrer da vida, no entanto, a adolescência é a fase do desenvolvimento humano que a decisão sobre a escolha profissional assume importância primordial.
Na adolescência, o indivíduo passa por diversas mudanças e transições. É a fase da vida em que ocorre a consolidação da identidade e diversas escolhas estão presentes, entre elas, a escolha profissional. A escolha da carreira profissional é uma etapa tão significativa do desenvolvimento humano quanto à passagem da infância ao mundo adulto e está associada à mudança de papel social, pois trata-se de um ato de autonomia em relação à dependência dos pais.
A decisão na escolha profissional constitui um período de conflitos internos em qualquer época da vida, pois trata-se de não apenas executar novas tarefas, mas sim de apropriar-se de uma identidade profissional. Nesse sentido, a decisão de exercer uma profissão pode resultar em ansiedade, incerteza e medo, em especial de não fazer a escolha “correta”. Escolher é também um momento de renúncia, elaboração de lutos, tolerância de frustrações e resoluções de conflitos.
ESCOLHA PROFISSIONAL
Decidir a ocupação profissional está relacionado à construção de uma identidade profissional que envolve a história de cada sujeito, suas vivências familiares, escolares e sociais, suas identificações (pais, professores, ídolos, entre outros), seus aprendizados. A escolha envolve conhecer seus interesses, suas habilidades, suas dificuldades, seus desejos, bem como a forma de ver o mundo e a si próprio. Também estão implicadas nesta escolha as informações que têm acerca das profissões, como: mercado de trabalho, instituições e ensino que oferta o curso, média salarial, atividades que poderiam realizar, entre outras.
A escolha da profissão precisa ser elaborada, desenvolvida e construída de forma gradativa e com muito envolvimento, trabalho, desafios e superações. Aspectos relacionados aos investimentos financeiros, de energia e de tempo são fatores que influenciam fortemente nessa escolha. Os jovens estão sendo desafiados cada vez mais cedo a escolherem o seu caminho profissional e esses aspectos precisam ser retomados e reavaliados em diferentes momentos da trajetória estudantil, a fim que se construam decisões sólidas e coerentes com as vontades ou necessidades de cada sujeito.
Dessa forma, faz-se necessário a oferta de espaços que possibilitem tanto o autoconhecimento quanto a promoção de informações a respeito das diferentes carreiras profissionais, para que os jovens encontrem respostas neste momento de decisão/escolha do caminho a seguir. Nesse contexto, a Escola assume um papel importante uma vez que pode ser promotora desses espaços, buscando dentro e fora das Instituições parcerias que consigam orientar os jovens nesse sentido.
Nessa perspectiva, os documentos oficiais que norteiam os currículos das Instituições de Ensino sinalizam para a incorporação de componentes curriculares que proporcionam o refletir sobre a caminhada, projetando o futuro e os objetivos a serem alcançados. O componente denominado Projeto de Vida sugerido para orientar o Novo Ensino Médio é um exemplo disso. Nele é possível desafiar os jovens a projetar o seu futuro, pensar possibilidades, compartilhar angústias e trocar conhecimentos e informações. O propósito é contribuir para formar.
A disciplina tem como propósito formar cidadãos protagonistas. O projeto de vida abrange as dimensões profissionais, sociais e pessoais do estudante. Outra possibilidade seria a promoção de eventos como feiras e workshops a fim de possibilitar o conhecimento, discussão e reflexão a respeito das diferentes profissões.
A escolha deve ser individual e pertencer à história vivenciada por cada sujeito, pois Conhecer é um processo e a base para a construção de um projeto de vida. Entretanto, o ambiente de ensino pode contribuir na promoção de espaços para a avaliação constante dos aspectos envolvidos em uma boa escolha profissional.
A autora, Suane Pastoriza Faraj, é colaboradoradora desta revista, psicóloga, doutora em psicologia pela UFSM, docente e, atualmente, é psicóloga na Entidade Palotina de Educação e Cultura, em Santa Maria (RS)
A autora, Graziele Baldoni da Silva, é colaboradora desta revista, Orientadora Educacional e Professora de Escola Básica em Santa Maria (RS). Licenciada em Ciências Biológicas, Mestre em Educação e Bacharel em Farmácia. Especialista em Gestão, Supervisão e Orientação Escolar.
Texto publicado na edição de julho de 2022